AUGUST PART 3

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KILLIAN

— Você foi um babaca. — Milah disse logo depois de me deixar entrar em seu apartamento e pedir uma explicação do porquê de eu estar lá.

— Você queria que eu ficasse e assistisse?

— Você sabe que não estou reclamando de você não ter ficado. Estou falando das babaquices que você disse a ela. — Revirei os olhos. — Você pode amá-la, mas não pode mandar nela.

— Eu não estava mandando nela.

— "Não faça isso." — Milah repetiu minhas palavras com uma voz estranha. — Isso é mandar nela.

— Ela vai fazer merda.

— Só porquê ela pode transar com ele? Me poupe Killian!

— Como você não acha isso errado? Deveria ser cogitado como traição, a gente está quase voltando. — A morena respirou fundo e fechou os olhos.

— Uma vez você me disse que tinha ouvido Emma falar a maior merda que você já tinha ouvido, agora eu estou passando pelo mesmo. Vocês não tem nada para isso ser traição, e se tivessem o traidor seria você.

— Agora a culpa é minha? É ela quem está com outro, cozinhando e bebendo como se fossem namorados de anos.

— Foi você quem arranjou alguém primeiro!

— Mas a gente não conta. — Me joguei no sofá.

— Para ela conta, você sabe disso. — Milah se sentou ao meu lado. — Eu sei que é difícil vê-la com outro, mas você tem que perceber que é o mesmo que ela sente. Não importa se é um namoro falso, a dor é a mesma.

— Não é um namoro falso..

— Mas também não é de verdade. Somos boas companhias um do outro, porém somos somente isso. — Suspirei.

— Quanto tempo ainda vai demorar? — Apoiei minha cabeça no sofá e encarei o teto.

— Eu não sei, mas talvez hoje ela perceba que não é ele. Ela só precisa ser verdadeira consigo mesma. — Milah se sentou ao meu lado. — Enquanto isso, você deveria trabalhar esse seu ciúmes, já estou cansada de te falar o quanto é perigoso.

— Não consigo evitar. Queria trancá-la no quarto e dizer para Graham que ela morreu para ele.

— Mas, o quê? — Merda. Eu sou um babaca. Esse era o tipo de coisa que o ex-marido de Milah fazia com ela. — O que vai ser depois? Vai amarrá-la ao pé da cama e obrigá-la a ser sua? — Ela se levantou.

— Me desculpa, eu n-

— Pedir desculpas não vai adiantar se você fizer! Para o seu bem e para o dela acho melhor você parar com essa possessividade. Vocês se gostam e vão voltar, ponto final. Acredite em vocês!

— Foi um pensamento impulsivo, jamais faria isso. Você sabe que eu não sou assim.. Agora é você quem está projetando..

— Você tem razão, eu projetei, me desculpe. Mas, eu prometi nunca mais ser uma vítima e ajudar todas a pessoas a não serem vítimas também. — Ela se sentou novamente e respirou fundo. — Juro que se você maltratar Emma alguma vez eu vou atrás de você.

— Jamais farei nada disso com ela, prometo.  — Falei com os dedos cruzados.

— Bom! Já que está aqui, quer jantar? Fiz peixe.

— Aceito. — Cocei a cabeça um pouco constrangido. — Se importa se eu dormir aqui? Não posso voltar para casa.

— Não pode, mas deveria. Tenho receio do que Emma pode fazer.

UNSAID THINGS Where stories live. Discover now