Santidade sacralística.

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A.

Eu não conseguia aquietar os pensamentos e dormir. Jenna e Erica não eram nada do que eu havia imaginado, não que algum dia tivesse imaginado com clareza o que seriam.

Eu só vislumbrava algo mais assustador.

Com isso em mente, eu estava tristemente despreparada para o casal homossexual de aparência comum que me recebeu em sua casa comum.

Erica era alguns anos mais velha do que nós, alta e um pouco robusta, cabelo num tom loiro castanho e olhos misteriosos. Jenna, por outro lado, era morena, com comprimento na altura do ombro e olhos simpáticos, que dançavam quando ela ria.

Fiquei olhando, procurando por alguma coisa em seu comportamento, qualquer pista que traísse a relação das duas. Certamente haveria um toque, um olhar, um gesto e eu pensaria:

Sim, agora eu sei.

Agora é visível.

Só que não houve nada.

Nada além de Jenna implicar com a esposa e olhar feio para ela quando Hahn se referira ao choro do filho como um estímulo ao controle de natalidade.

Nenhum olhar sutil. Nem um toque significativo, mesmo que pequeno. Só um casal comum, como qualquer outro.

Quando Callie e Erica saíram da saleta, Jenna falou comigo de maneira natural, fazendo perguntas sobre como Callie e eu nos conhecemos. Ela sabia do casamento e conversamos, não só de Lexie e Mark, mas também sobre ela e Erica. Não foi de surpreender que nossa conversa por fim se voltasse para Herry e os altos e baixos da maternidade recente.

Nem uma vez falamos sobre...

Bem, sobre aquilo que pensei que íamos conversar.

As duas por fim voltaram à saleta e Callie e eu fomos para o quarto de hóspedes.

Rolei para o lado, com o cuidado de não perturbar Callie. Eu ainda estava surpresa que ela tivesse me convidado para dividir sua cama e me sentia honrada por tal gesto. Eu sabia, com base em nossas conversas anteriores, que quando disse que raras vezes tinha dividido a cama com uma submissa, ela pretendia dizer que foram menos de quatro ocasiões.

Em toda a sua vida.

Não conversamos sobre o dia seguinte. Sobre como seria o dia e o que faríamos. Eu me esforçava incessantemente para pensar em como seria na sala de jogos; acharia estranho ver Erica e Jenna nuas?

O quarto de hóspedes tinha uma cama queen size. Por algum motivo, era estranho. Eu não sabia bem o porquê; eu tinha uma queen size em meu apartamento e, embora dormíssemos juntas com mais frequência na cama king size dela,de vez em quando dividíamos a minha.

Para desviar os pensamentos do dia seguinte, decidi pensar em camas.

Pergunteime por que tinham o tamanho que tinham. De solteiro, queen e king.

Por que não pequena, média e grande?

Trouxe os joelhos ao peito e de repente braços me envolveram.

- Está inquieta esta noite e você não costuma ficar assim - disse Callie, puxandome para perto.

- Desculpe por perturbar seu sono, senhora.

- Quer conversar sobre alguma coisa? - perguntou ela.

- Não, se isso a impedir de dormir.

Ela beijou minha nuca.

- Eu não teria perguntado se estivesse preocupada em perder o sono. Nesse momento, meu foco é você... Ter certeza de que você está à vontade. De que você poderá descansar. Quero você na melhor disposição possível amanhã.

Fifty Shades Of Calzona (Part 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora