Meu segredo

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ho ho ho(mossexuais), feliz véspera de natal!

esse jesus aí ta ficando velho, hein?

bom, divirtam-se, to numa correria do caralho então talvez eu tenha deixado passar algum errinho mas logo logo conserto

☆*:.。. o(≧▽≦)o .。.:*☆

           
Vazio. O vazio pode preencher alguém quando a pessoa não dá espaço para que algo a mais entre. E este era eu antes de Gon. Completamente vazio.

Antes de o conhecer, eu não era o Killua. Não era ninguém. No máximo, um robô, uma máquina de matar. Um zumbi que não sentia nada, não falava, não pensava. Não vivia, apenas sobrevivia. Aos assassinatos, às torturas. A mim mesmo.

Então, o encontrei. Poderia dizer que me transformei, mas eu teria que ser outra coisa antes. Eu me tornei alguém. Me tornei Killua. Me tornei Killu. Eu era a tela em branco, e foi aquele moreno de olhos castanhos e teimosos que fez em mim o desenho mais bonito que alguém já fez.

Na verdade, tudo o que Gon faz parece ser a coisa mais bonita que alguém já fez. Nunca me imaginei pensando sobre como até mesmo respirar pode ser um espetáculo. E sorrir, então. Gosto dos sorrisos de Gon. E gosto do fato de ele ter muitos para oferecer.

Já estou com ele há tanto tempo que parece a minha vida toda. Observo-o tanto que até decorei suas ações. Coçar os olhos quando está com sono. Bater o pé quando está revoltado. E me abraçar. Me abraçar muito. Eu, que antes me incomodava com esse excesso de carinho, agora imploro por ele silenciosamente.

Gon Freecs é a coisa mais preciosa na qual meus olhos já pousaram. O fato de ele me ensinar tudo que eu sei me faz sorrir sozinho quando penso nele. Me faz ficar feliz.

Mas, agora, estou com medo. Medo de perdê-lo. Se isso acontecer, tenho certeza que vou me perder também. Não serei mais Killua, nem Killu, nem ninguém, e nunca conseguirei me tornar alguém novamente. Isso que me deixa tão apreensivo em relação a contar a verdade. Mas sei que não posso ficar adiando isso.

Então, após cinco noites de pura covardia, decido-me por finalmente tomar uma atitude. No meio da madrugada, vou até a cama de Gon e o cutuco. Digo que preciso falar com ele. Ele resmunga que está muito tarde, podemos conversar amanhã. Digo que não, não podemos. Seus olhos se abrem e ele está preocupado. Eu também estou. Meu coração martela no peito, e não é algo bom.

Puxo sua mão para que ele se levante. Sem falar nada, ele me segue, e o guio para fora de casa, onde seu pai pode nos ouvir. O levo para longe, e mais longe, mas só quero trazê-lo para perto de mim e ouvir que vai ficar tudo bem.

Paramos no pé de uma colina. Há árvores em volta de nós. Não sei como começar a falar. Quero lhe dizer que já estou me escondendo há muito tempo, e não estou longe de ser descoberto, mas ao mesmo tempo quero dizer a ele que não se assuste, pois vou lhe proteger. Sempre vou.

Ele já está tenso quando finalmente dou o primeiro suspiro e começo a falar, enquanto olho para o chão:

- Eu... te chamei aqui porque preciso falar com você. Muito.

- O que aconteceu?

- Deveria ter te contado antes.

- Bom, você pode contar agora. – e, apesar de estar apreensivo, ele força um sorriso para me tranquilizar, e a culpa quase me faz desabar.

- É mentira. Era tudo mentira. Me desculpe. Mesmo.

- Killu... explique isso direito, por favor. – ele me implora, quase perdendo a compostura.

Meu primeiro amigo. Minha última vítima.Onde histórias criam vida. Descubra agora