[2] Hapiness means sunny

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13/10/2017 | 07:17 | 27º C

A luz dourada entrou timidamente através da fresta da cortina, escorregando pelo carpete feito mel que escorre pelo prato. Sorrateiro, o feixe tocou os pés da cama bagunçada num amontoado de lençóis, cabos de celular e pernas. O edredom de cor rosa da noite passada continuava jogado no piso, um eterno lembrete do que aconteceu, e o amontoado de livros na escrivaninha fumegou com o contato quente e indesejado sobre si. O cabelo laranja agiu em oposição à cor do lençol e em favor dos tons que sobressaíram no quarto, tingindo tudo de um bege característico das manhãs.

Os cílios de Jimin chacoalham lentamente, piscada atrás de piscada, tentando se adaptar as novas cores, as novas sensações, ao novo clima. Uma brisa leve e gostosa atravessou o vidro grosso e empurrou a porta para trás, invadindo o cômodo com mais sol e o som dos passarinhos lá fora.

As únicas peças de roupa que envolviam o corpo do ruivo estavam coladas em suas curvas, um fio de suor descendo pela espinha.

Argh, Taehyung esqueceu de novo de ligar o ventilador!

Ele tateou a cama em busca do corpo do namorado, querendo se afundar nele e cheirar a curva de seu pescoço, mas tudo que encontrou foi o próprio smartphone vermelho.

Bufou, um tantinho de raiva crescendo no peito, desejando poder admitir a família que sim, namorava Taehyung.

Tão rápido quanto o pensamento cruzou a mente de Jimin, uma nuvem se pôs a frente do sol e o quarto foi tomado pelos tons frios do cinza.

Jimin deu dois passos pra trás mentalmente e tentou pensar nos pontos positivos. Tae tinha sempre que sair cedo porque ainda precisava passar na própria casa, buscar os materiais e ajudar a mãe a dar café da manhã para três pestinhas que eram seus irmãos. Pensar no sorriso quadrado que o moreno esboçava enquanto segurava os bebês no colo e dava papinha na boca foi o suficiente para que o sol reinasse de novo no quarto e Jimin tomasse coragem para levantar.

Não podia mesmo chegar atrasado.

— Por que tem que estar tão quente? — a mãe de Jimin exclamou enquanto ele comia rapidamente os cereais de dentro da tigela de porcelana.

— Eu gosto — o ruivo sorriu, as bochechas inflando, cheias de comida.

— Combina com seu cabelo— a mais velha disse, passando a mão carinhosamente nos fios descoloridos dele— Se apresse, precisamos sair.

O céu parecia ter pintado por algum artista renascentista extremamente meticuloso, as nuvens— quase inexistentes— se assemelhando a bolinhas de algodão de tão fofas. O vento corria livremente, perfeito para um dia na praia onde você nem percebe que precisa passar mais protetor porque está, de fato, se queimando.

you: babe

you: precisa de carona?

tae: não amor ta tranquilo

tae: namjoon vai passar aqui

Jimin se encaminhou para o carro, guardando o celular no bolso e observando a vastidão do azul acima de si, como se houvesse uma piscina imensa envolvendo a cidade feito uma bolha. Fez uma nota mental para não esquecer de encher a garrafinha de aguá antes da aula de educação física e passar no armário de Jungkook para cobrá-lo sobre o trabalho de biologia que precisavam entregar. Sentou no banco do carro se sentindo pronto e feliz para começar um dia produtivo.


Taehyung não se sentia nada animado.

Para começar que sempre odiava ter que se esquivar da mãe de Jimin durante o café da manhã, já que não era nada confortável fingir que eram amigos fraternos. Se limitou a dizer que ficaram acordados até tarde por causa de um seminário estúpido que Jimin precisava de ajuda, roubou uma maça da fruteira e se despediu. Correu para o ponto de ônibus só para ver o veículo partindo sem ele, que o perdeu por exatos cinco segundos. Chegou em casa um pouco atrasado, suando em bicas e xingando mentalmente quem quer que fosse que arquitetava o clima.

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