[6] Sadness means stormy

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14/10/2018 | 04:14 | 21 º C

Jimin acordou num pulo.

Assustado, com a cabeça doendo, tentou se mover mas percebeu o peso de Taehyung em cima de seu tronco. Não queria acordar o namorado, mas o supetão que seu corpo exerceu para frente foi quase involuntário.

Pesadelo.

Taehyung tinha sono pesado, então somente se virou para o outro lado e agarrou o travesseiro contra seu peito, como se estivesse substituindo Jimin no quesito conchinha.

A respiração de Jimin estava descompassada, seus dedos, trêmulos.

Um trovão ressoou do lado de fora da casa, mas o ruivo não tomou susto algum. O clima era quase seu parceiro e, de um jeito estranho, Jimin compreendia como ele funcionava.

Sentado na cama, o baixinho respirou fundo e tentou controlar as batidas agitadas de seu coração. Lembrava do gosto da cerveja, do barulho de motor de carro e dos beijos inesquecíveis de Taehyung.

— Você vai me deixar?

— Claro que não. Nunca faria isso.

Jimin não conseguia distinguir as coisas muito bem no momento. A cabeça doía, o estômago roncava devido à falta de uma refeição apropriada e o peito se encolhia cada vez que um raio cortava o céu. Seus pensamentos eram um novelo de lã completamente embrenhado, sem começo nem fim. Não entendia.

Se Taehyung dizia que não o deixaria, por que tratou ele dessa forma durante os últimos dias?

Jimin esticou as coxas para se desvencilhar dos lençóis e tomou impulso para colocar os pés no chão, o que era sempre uma tarefa difícil para o caso de camas altas demais. Estava com frio, queria desligar o ventilador, mas antes de conseguir cumprir tal ação, tropeçou em um pé dos Vans pretos e surrados de Taehyung.

Talvez, se você não tivesse bebido tanto, não estaria tropeçando pelos cantos, Jimin pensou.

Doze garrafas de cerveja? O máximo dele tinha sido três, na formatura de sua prima, e ele ficou o resto da noite dançando raeggeton com pessoas que ele nem ao menos conhecia.

Chegou no interruptor e desligou o fluxo de ar que ventilava o quarto, se apoiando na parede por um momento para poder recuperar o equilíbrio. Com os pés descalços contra o carpete que cobria o chão, andou na ponta dos pés até o banheiro, se trancando lá dentro segundos depois.

Fez xixi e, depois, sentou-se sobre a tampa fechada da privada. Sua visão ficou turva por conta do esforço, os olhos confusos. Ainda sentia um tantinho do efeito do álcool em suas veias, mas nada entorpecente demais. Levantou e encarou seu próprio reflexo no espelho da pia.

Os cabelos laranjas estavam bagunçados e definitivamente precisavam de um retoque, os lábios rechonchudos estavam rachados, provavelmente porque não bebia água à tempos. Mas, o que mais lhe assustou foi o olhar que recebeu de volta de si mesmo na imagem à sua frente.

As olheiras apenas complementavam o castanho escuro de seus olhos tristes e confusos.

Por um segundo, achou que algo estava errado. Teve aquela sensação estranha de saber que algo em sua feição mudou, mas não exatamente o quê. Piscou de novo, tentando firmar os olhos, e abriu a torneira para jogar uma água no rosto.

Encontrou suas roupas dobradas em cima da cômoda, ao lado da porta do banheiro. Se enfiou dentro delas e calçou os sapatos na velocidade da luz, sem entender de quê exatamente estava correndo.

— Onde você vai? — A voz de Taehyung soou rouca, cortando o silêncio.

Jimin levantou num pulo, observando o vulto de seu namorado envolto em edredons braços, contrastando com sua pele caramelo.

ÉMOTIONSWhere stories live. Discover now