Recorrente a uma paixão

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O jovem Eduardo estava sempre a organizar suas coisas, de maneira que seus brinquedos eram guardados por cores e tipos.

Sua mãe a senhora Rute, achava aquilo em seu filho algo maravilhoso, sempre bem organizado. Ele próprio fazia questão em guardar suas roupas, combinando cada cor com cada estilo. Assim também o fazia com seus sapatos e a coleção de relógios, que seu pai havia deixando quando partiu.

Eduardo nunca perdeu seus costumes em arrumar tudo, na escola estava sempre com sua cadeira extremamente certa e alinhada, algo que seus professores alertaram sua mãe, o jovem poderia estar a devolver TOC (transtorno obsessivo compulsivo).

Mas sua progenitora nem sempre estava preocupada com ele. Ela ganhava a vida lavando e costurando para outras famílias de sua pequena vizinhança.

Uma vez ao ano, bem esporadicamente alguns familiares vinham visitar a família.

Eduardo odiava, seus primos sempre faziam bagunça em seu quarto, ele passava horas a fio a enfileirar as coisas, separar por cores, para que tudo ficasse de seu agrado.

- Nossa como o tempo passa. Parece que foi ontem Edu que te vi correndo de fraudas pelo quintal. Diz o tio Walter a chegar na sala.

O jovem abraça o tio, com frieza. Espreita o resto da família descer do carro. Pensando consigo mesmo.

- Lá vem toda essa gente cafona sem educação, sujar e bagunçar a casa que levo horas para deixar limpa e arrumada.

Seus primos entram como foguetes pela porta, quase arremessando Edu ao chão, com tamanha euforia ao rever a tia, que estava sentada remendando algumas blusas para o seu vizinho.

A tia esnobe de Eduardo entra pela sala, olhando toda a casa de forma como se nunca houvesse ido até lá.

- Vejo que está cada vez mais ordeiro Edu, sei que sua pobre mãe não encontra tempo para deixar a casa assim. Diz Sonia com ar de deboche ao ver Monica sentada costurando.

Seus primos somem em disparada para o andar de cima, em busca dos brinquedos e do quarto sempre tão limpo e arrumado de Edu.

Monica pede para que Edu vá até o quintal e prenda o pequeno porco, que recebeu como pagamento por uma trouxa de roupa mais cedo.

Eduardo prepara o cutelo, laça o porquinho, com um golpe só deixa o animal imóvel ao chão, direto no meio de sua testa. O porco solta um grunhido, estridente de deixar o jovem sem escutar por frações de segundos.

Com uma faca fina e alongada ele abre uma incisão em sua garganta, fazendo o animal verter aquele liquido espeço de cor rubra que exalta sua visão.

Deixando o sangue em uma grande panela, reservada para sua mãe fazer o porco para o almoço em família. Ele limpa o pequeno com muita agilidade, cortes precisos, detalhando cada peça a ser usada.

Coberto de sangue se dirigi para o banheiro fora de sua casa. Lá fica a fitar sua prima, que agora esta a mexer em suas roupas.

*****

Após a morte de sua mãe Eduardo continua a morar na mesma casa, perdido em pensamentos de épocas quando sua mãe ainda estava ali.

Como de costume sua família sempre vinha uma vez por ano, seus primos já eram grandes, mas continuavam com as mesmas manias de desarrumar a casa.

Sua prima havia saído da fazenda onde morava, tinha estudado na cidade, estava pior que sua mãe.

Eduardo foi para o quintal para separar alguns frangos para o almoço, mantando o ritual de sua mãe.

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