OS LÍRIOS E AS PESSOAS

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Foi um ótimo dia lá em Ilhaduta, pude aprender muito sobre as pessoas daquela cidade. Até conheci o sr. 240, que obviamente me concedeu apenas alguns minutos com ele, já que estava sempre ocupado construindo prédios e estudando, e por incrível que pareça, ele gostava muito daquilo. De fato, as pessoas daquela cidade eram um tanto peculiares e tinham muito o que mostrar nas suas estantes.

Na volta para Prieta, lembrei que um golfinho comentou sobre uma ilha, a ilha mais bonita que ele já viu, a Ilha dos Lírios, uma ilha repleta das mais lindas e coloridas flores que a Vontade Maior já pode criar. Esse é um lugar que meus olhos simplesmente estão sedentos de ver, afinal, eu nunca vi um lírio em toda a minha vida. – Claro, esqueci de comentar, talvez aí, de onde você está lendo este livro, disseminaram a cultura de que animais não falam, mas isso é mentira, é que as pessoas nunca pararam para tentar aprender a língua dos animais, geralmente se sentem idiotas por estar imitando um som de golfinho ou um latido de cachorro. Tentem falar "qui qui quiii qui quii quiiii" para o golfinho, isso significa "Olá Golfinho" na língua deles, provavelmente eles te responderão com um único "quiiii", que quer dizer "bem". Golfinhos são um pouco esnobes, por serem seres de um intelecto altamente superior ao nosso.

Havia um certo comércio de flores naquela ilha, tamanha a quantidade de lírios que ela continha. - Eu não sei ao certo quem, em sã consciência, compra flores, não sei mesmo. Pois então, parti eu em direção à ilha com muito anseio de ver aquela obra prima da natureza.

Demorou mais ou menos dois dias para chegar lá, eu estava sem estoque de comida na bagagem, pois não encontrei humanos de quem eu pudesse me alimentar lá em Ilhaduta, não que eu seja canibal, é que as vezes encontramos humanos no planeta terra, eles geralmente vêem a necessidade de compartilhar o que tem com quem precisa. – Humanos são humanos, pessoas são pessoas, lembre-se disso. Destinei minha viagem inteira a conhecer flores, todos os tipos de flores, e entender mais sobre elas.

A entrada da cidade era ainda mais linda do que todas as ilhas pelas quais eu já passei. Era espetacular, simplesmente espetacular o formato de emaranhados dos lírios se esgueirando em uma armadura de ferro escuro, formando claramente a frase "Bem-Vindo". Não era uma ilha grande, era menor que um bairro, mas cada centímetro cúbico dela nos trazia uma visão esplendorosa, ah... e seu cheiro... ah... o cheiro daquela ilha fazia nossos pulmões perderem o ar. Porém, as palavras do golfinho não foram em vão, a ilha era mesmo muito movimentada.

Amarrei Prieta no cais – Muito lindo o cais, por sinal-, e fui direto para o casebre que havia ao leste da cidade, pois eu tinha muito desejo de entender o porquê as pessoas estavam comprando lírios.

- Oi... ei... garoto Asher, cuidado, o caminhão de lírios está prestes a sair!

- Oh, desculpe-me. Vim de muito longe para conhecer a cidade de vocês. Como estás?

- Que bom que veio nos visitar, garoto Asher, ficamos honrados em receber a sua presença. Ah, estou bem, sou responsável pela organização da cidade, é um trabalho muito honroso por aqui. Me chamo Cafett, é uma honra vê-lo por aqui.

Caffet era um senhor de aproximadamente 32 anos, que tinha um rosto bem juvenil, vestia um smoking de seda fina, tingidos por um roxo forte, e uma cartola preta, que combinavam muito bem com o visual descolado dele.

- Sr. Caffet, eu gostaria de entender o porquê vocês vendem flores, não é um serviço um pouco parado? Afinal, quem em sã consciência compra flores? Elas são efêmeras depois de colhidas.

- Ah, garoto Asher, você ainda não viveu o suficiente para saber que as pessoas vivem vidas nem um pouco sãs. Há um motivo bem profundo pelo qual compram flores, ainda que saibam que se secarão no dia seguinte que as comprar. Venha comigo, quero te mostrar nossa casa de vendas.

Um Guia para EstantesWhere stories live. Discover now