Mudança

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Vitor era forte. Sua face era destacada pelo dragão. Ele tinha mais algumas tatuagens nos braços. Seus olhos escuros me hipnotizaram por um momento. Mas eu não podia perder o controle da situação. Permaneci firme.

Acho que era a primeira vez que ele me via sem o uniforme de treinamento, pois pareceu um pouco surpreso. Ele sorria de uma forma quase que perfeita. Bem, eu devia estar era impressionada. Não esperava que alguém tão jovem estivesse me treinando.

- Quantos anos você tem?

Ele riu.

- Boa tarde para você também. E tenho 21.

Fiquei envergonhada.

- Perdão, senhor, eu...

- Senhor? Não estamos mais treinando. Fique tranquila. Temos quase a mesma idade e passaremos ainda mais tempo juntos agora.

Era exatamente o que eu pretendia. Opa! Foco Luana! Foco!

- Você é meu orientador?

- Sim. Vim morar aqui há apenas três anos. Eu tinha sua idade quando entrei para o exército. Eu sabia como era difícil se encaixar logo, e quando li sua ficha... Ofereci-me para ver se você valia a pena.

Senti o sangue subir.

- Valia a pena? Você não faz ideia de como foi difícil chegar até aqui! E ainda diz que precisava ter certeza de que eu valia a pena? Por acaso viu minhas notas?

Ele me encarou por um momento me estudando.

- Qual sua relação com sua mãe?

Franzi a testa.

- A existência dela e tudo o que ela fez vão realmente me afetar toda minha vida?

Ele me observava cauteloso.

- A influência dela sobre você é você quem determina.

Fiquei fitando-o tentando entender o que ele queria dizer com aquilo. Ele vestia calças escuras, uma camisa verde camuflada e tinha o cabelo castanho levemente bagunçado. Seu coturno preto estava impecavelmente limpo. O cabo da espada na bainha presa ao cinto se destacava.

Ele parecia cuidar tanto da aparência quanto de suas habilidades. De todas as vezes que eu lutara com Vitor, de uma coisa eu sabia. Ele nunca havia aliviado para mim. E nem havia usado toda a sua agilidade. Ele era muito mais hábil que eu. Mas agora que eu estaria sobre treinamento mais intenso, ele não facilitaria para mim.

Ele entrou no quarto e puxou a mala.

- Espero que não se incomode se eu levar isto para você.

- Não me incomodo.

- Ótimo! - ele abriu mais um sorriso perfeito enquanto carregava a mala pela alça curta da lateral, exibindo sua força e seus músculos.

Peguei minha caixa de sapato com os cactos e dei uma última conferida no quarto. Eu não o veria nunca mais.

Fechei a porta e caminhei decidida atrás dele pelo corredor. O número de alunos havia diminuído, mas ainda havia alguns por ali. Parei ao seu lado em frente ao elevador. Enquanto esperávamos, ele comentou:

- Acho interessante seu nome.

- Meu o quê?

- Seu nome. Significa raio de sol. Você pretende iluminar o mundo?

- Como?

- Não se preocupe, vai ter tempo para decidir-se sobre isso.

Eu não estava entendendo onde ele queria chegar. Mas entrei na conversa.

A Guerra dos Mundos Where stories live. Discover now