8- Ligações Quebradas

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Acordei com o toque do telefone, que martelava minha cabeça sem dó. A cortina estava aberta, jogando claridade contra meus olhos, que no momento, se encontravam muito sensíveis a luz. Levantei-me ainda tonta, tropeçando nos próprios pés e chinelo. Minhas mãos tatearam toda a escrivaninha procurando por suporte. O telefone continuava a tocar, gritando por atenção. Ramona logo se mostrou acordada, mordendo meu calcanhar assim que sai do quarto. Olhei o relógio velho na parede, tentando enxergar os ponteiros borrados e pequenos. Oito da manhã. É, não estava tão cedo assim. Fui até a cozinha e peguei o telefone. Passei a mão livre pelo rosto e aqueci a garganta.

- Alô?

- Gostaria de falar com a senhorita Wooding. Ela está?

- Sou eu, quem tá falando?

- Aqui é a Clara, da empresa Borges Imports. Queria comunicar que o senhor Borges gostaria que você comparecesse ao escritório as quinze horas em ponto.

- Ah, tudo bem, obrigada. Estarei aí sim.

- Só um detalhe, senhorita Wooding, o senhor Borges odeia atrasos.

Antes que pudesse abrir minha boca para responder, a ligação se encerrou. Encarei Ramona, que igualmente me observava atenta, ponderei sobre colocar um alarme em meu celular, para que em hipótese alguma acabasse atrasando e refleti sobre como tinham pessoas um tanto grossas naquela impresa. Balancei os ombros e fui rumo a cama, implorando por mais algumas horinhas de sono. Me joguei entre os cobertores e fechei os olhos, cansada demais para implicar com Ramona, que não parava de morder meus pés. Estava para entrar no mundo dos sonhos, quando mais uma vez, um toque alto e alarmante me despertou e me obrigou a sair da cama. Peguei minha gata no colo e apanhei meu celular, tentando identificar o número que aparecia no mesmo.

- Alô?

- Alô, oi, é a Megan?

- Sim, quem fala?

- Megan, aqui é o Johnny, da imobiliária que o seu pai trabalhava, tudo bem?

- Ah, oi Johnny, tudo bem. Aconteceu alguma coisa?

- Então Megan, esperei passar um tempinho para pedir pra você vir buscar as coisas do seu pai que ficaram aqui no trabalho.

- Tá, claro, que dia posso ir?

- Ah, você que sabe, pode ser essa semana ainda.

- Então pode ser hoje? Seria mais fácil pra mim.

- Pode sim, só vou pedir pra minha secretária deixar tudo organizado e já vou deixar a sua entrada autorizada. A propósito Megan, meus pêsames.

- Ah... Obrigada. Até.

Desliguei a chamada. Fazia tempo que não falava com o chefe de meu pai, e isso, de certa forma, me causou um sentimento bom, pois parecia que estava voltando no tempo, antes de tudo acontecer. Claro que o motivo da minha visita a imobiliária era insuportável, mas ainda sim, era familiar. Soltei um longo suspiro, voltando a me deitar. Acariciei Ramona e tentei pegar no sono mais uma vez. Fechei os olhos e me soltei por inteiro, permitindo cada músculo vibrar em conforto, mas, o toque estridente do telefone voltou a tocar. Soltei um palavrão e me levantei abruptamente, assustando minha gata. Peguei meu celular e sequer olhei o número que me chamava.

- Alô - Respondi mal-humorada.

- Alô, é a Megan?

- Sim é ela, o você quer?

- Megan, aqui é o Alex. Por um acaso eu tô te atrapalhando? Tá tudo bem?

- Mas quem raios é Alex! - Grito impaciente.

Tocando as notas do crime (Em Correção)Where stories live. Discover now