Acordei com o toque do telefone, que martelava minha cabeça sem dó. A cortina estava aberta, jogando claridade contra meus olhos, que no momento, se encontravam muito sensíveis a luz. Levantei-me ainda tonta, tropeçando nos próprios pés e chinelo. Minhas mãos tatearam toda a escrivaninha procurando por suporte. O telefone continuava a tocar, gritando por atenção. Ramona logo se mostrou acordada, mordendo meu calcanhar assim que sai do quarto. Olhei o relógio velho na parede, tentando enxergar os ponteiros borrados e pequenos. Oito da manhã. É, não estava tão cedo assim. Fui até a cozinha e peguei o telefone. Passei a mão livre pelo rosto e aqueci a garganta.
- Alô?
- Gostaria de falar com a senhorita Wooding. Ela está?
- Sou eu, quem tá falando?
- Aqui é a Clara, da empresa Borges Imports. Queria comunicar que o senhor Borges gostaria que você comparecesse ao escritório as quinze horas em ponto.
- Ah, tudo bem, obrigada. Estarei aí sim.
- Só um detalhe, senhorita Wooding, o senhor Borges odeia atrasos.
Antes que pudesse abrir minha boca para responder, a ligação se encerrou. Encarei Ramona, que igualmente me observava atenta, ponderei sobre colocar um alarme em meu celular, para que em hipótese alguma acabasse atrasando e refleti sobre como tinham pessoas um tanto grossas naquela impresa. Balancei os ombros e fui rumo a cama, implorando por mais algumas horinhas de sono. Me joguei entre os cobertores e fechei os olhos, cansada demais para implicar com Ramona, que não parava de morder meus pés. Estava para entrar no mundo dos sonhos, quando mais uma vez, um toque alto e alarmante me despertou e me obrigou a sair da cama. Peguei minha gata no colo e apanhei meu celular, tentando identificar o número que aparecia no mesmo.
- Alô?
- Alô, oi, é a Megan?
- Sim, quem fala?
- Megan, aqui é o Johnny, da imobiliária que o seu pai trabalhava, tudo bem?
- Ah, oi Johnny, tudo bem. Aconteceu alguma coisa?
- Então Megan, esperei passar um tempinho para pedir pra você vir buscar as coisas do seu pai que ficaram aqui no trabalho.
- Tá, claro, que dia posso ir?
- Ah, você que sabe, pode ser essa semana ainda.
- Então pode ser hoje? Seria mais fácil pra mim.
- Pode sim, só vou pedir pra minha secretária deixar tudo organizado e já vou deixar a sua entrada autorizada. A propósito Megan, meus pêsames.
- Ah... Obrigada. Até.
Desliguei a chamada. Fazia tempo que não falava com o chefe de meu pai, e isso, de certa forma, me causou um sentimento bom, pois parecia que estava voltando no tempo, antes de tudo acontecer. Claro que o motivo da minha visita a imobiliária era insuportável, mas ainda sim, era familiar. Soltei um longo suspiro, voltando a me deitar. Acariciei Ramona e tentei pegar no sono mais uma vez. Fechei os olhos e me soltei por inteiro, permitindo cada músculo vibrar em conforto, mas, o toque estridente do telefone voltou a tocar. Soltei um palavrão e me levantei abruptamente, assustando minha gata. Peguei meu celular e sequer olhei o número que me chamava.
- Alô - Respondi mal-humorada.
- Alô, é a Megan?
- Sim é ela, o você quer?
- Megan, aqui é o Alex. Por um acaso eu tô te atrapalhando? Tá tudo bem?
- Mas quem raios é Alex! - Grito impaciente.
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Tocando as notas do crime (Em Correção)
ActionSó podia escutar os tiros, os gritos e por fim, meu dedo escorregando no gatilho. ××××××××××× Era natal. Tudo estava perfeito. Megan repousava no ombro de Céu. Tudo estava calmo. O chocolate quente aquecia suas gargantas, a p...