Capítulo 7

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Beatrice

   - Você está confundindo as coisas, Ian - por alguma razão, eu não conseguia dizer que estava apaixonada por ele em voz alta, e isso foi como se alguém enfiasse a mão no meu peito e apertado meu coração enquanto dava socos na minha cara.

   - Mas... - seu rosto expressava desapontamento, decepção e confusão - você disse que tinha sentimentos por mim!

   - Sim, eu disse, e tenho mesmo, mas não esse tipo de sentimento. Só fiquei com raiva de você ter dormido com a Serena e mesmo assim me provocar hoje de manhã - olhei no fundo de seus olhos e não pode conter o suspiro que se formou dentro de mim - Desculpe de dei essa impressão a você.

   Ele me soltou de modo quase agressivo.

   - Eu não acredito em você, Beatrice, mas se você quer se enganar, fique à vontade!

   Então ele se virou de costas pra mim e saiu andando.

Ian

   Eu não podia acreditar que ela fez isso, eu sentia algo no meu estômago, como se fosse vomitar, parei de andar depois de dois quarteirões e me sentei em um banco, deixei que tudo que eu estava sentindo viesse a tona.

   Que diabos estava acontecendo comigo? Por mais que eu dormisse com outras garotas, eu ainda me sentia estranho perto dela, sem nunca ter ao menos beijado-a. Eu precisava de bebidas, e mulheres, e apesar de ser meio de semana, era isso que eu teria.

   Passei em casa, tomei banho, me arrumar e quando fui sair, meu pai estava chegando, encontrei com ele no elevador.

   - Onde você pensa que vai? - sua voz era severa, seu olhar cansado e sua expressão intimidava um pouco.

   - Sair. - entrei no elevador e antes que a porta se fechasse, murmurei - mas não auê você se importe...

   Sai do prédio e andei alguns quarteirões até encontrar uma espécie de boate. Entrei. Havia uma quantidade razoável de pessoas, dançavam ao sina das músicas sem letras, avistei o bar, andei em direção a ele, sentei em um dos bancos e chamei a mulher que fazia uma batida.

   - Algo do mais forte, por favor.

Beatrice

   Escutei batidas na porta do meu apartamento e acordei assustada, o relógio marcava duas e dezessete da madrugada, um calafrio percorreu meu corpo e o medo me invadiu. Quem seria?

   Peguei meu abajur e andei rumo a porta, nenhum ladrão ou assassino bateria na porta, né?

   - Beatrice? - era a voz de Ian. Meu coração acelerou mais ainda - Por favor? Me deixe entrar... - sua voz estava um pouco tremula, e antes de eu perceber isso, pensava em ignorar, mas agora...

   Abri a porta em um solavanco.

   Ian estava parado, claramente bêbado, sua camisa estava com os dois últimos botões abertos, permitindo que eu visse uma parte de seu abdômen. Seus olhos estavam um pouco inchados e vermelhos, como se estivesse chorando, e ele cheirava a cerveja e cigarro.

   - Que diabos você está fazendo aqui, Ian? - eu estava assustada com a imagem dele.

   - Beatrice - os ombros dele caíram - Por favor, não me mané embora... - sua voz ficou falha - me deixe ficar, Beatrice, por favor... eu... eu não tenho mais ninguém.

   Ele abaixou a cabeça e começou a chorar. Meu coração apertou, abracei Ian como se minha vida e a dele dependessem disso. Era a primeira vez que eu o abraçava assim, ele demorou alguns segundos lara corresponder, mas indo o fez, seu abraço foi forte e apertado.

   - Não me mande embora - ele sussurrou.

   - Não irei - sussurrei de volta.

   Só quando nos afastamos é que me dei conta que eu estava usando meu pijama do ursinho Pooh, totalmente ridículo, e pelo jeito que Ian me olhou, também achou. Um sorriso brincava em seus lábios e seus olhos ficaram um tom mais escuro de azul.

   - Belo pijama - sua voz agora estava rouca e eu senti um aperto no meu cérebro, me impedindo de ter qualquer pensamento racional.

   - Cala a boca. - me afastei dele e fechei a porta - Você precisa de um banho, consegue tomar um?

   - Não sei... - ele pareceu sincero.

   - Olha, você vai ter que dar conta, está fedendo cigarro - levei-o até o banheiro, ele mal conseguia andar - pode ficar a vontade, e qualquer coisa me chama.

   Ele já estava tentando desabotoar a camisa, sem muito sucesso.

   - Deixe que eu faço isso - me aproximei e afastei a mão dele, depois continuei desabotoando, vários pensamentos nada morais passaram pela minha cabeça.

   Sai e fechei a porta, suspirei, não é possível que ele esteja aqui mesmo, me sentei no sofá e esperei, depois de uns dois minutos, escutei um baque no banheiro, uma pancada e um vidro quebrando. Corri para o banheiro alarmada e bati.

   - Ian? - nenhuma resposta - Ian, você está bem? - ainda nada. Respirei fundo e entrei.

   Ian estava caído no chão, e um pedaço do espelho estava quebrado em cima dele. Peguei a toalha, e o cobri. Ele não estava desmaiado, mas não falava nada, apenas me olhava.

   - Ian? Pelo amor de Deus, fala comig! - comecei a chorar, desesperei.

   - Beatrice... - sua voz quase não saiu, era mais baixa e mais fraca que um sussurro - Eu amo você!

   Merda merda meeeeerda, e agora? Arrepiei toda e meu coração deu um salto. Aí lembrei que ele estava bêbado, e quase inconsciente.

   - Para com isso. Preciso que me fale se você cortou em algum lugar. - minha voz saia tremula.

   - Não, não me cortei. - ele tentou levantar-se e sentar, mas caiu de novo, ajudei ele a ficar sentado.

   Entreguei a roupa íntima dele e depois de alguns minutos ele conseguiu vestir, por mais que tenha tomado banho gelado, ainda estava bêbado.

   - Você quer comer alguma coisa? - perguntei.

   - Se eu comer, vomito. Eu só quero descansar - ele veio pro meu rumo e me abraçou, sentir seu corpo junto ao meu me deixou um pouco tonta. - Eu te amo. - Ele olhou nós meus olhos e deu um beijo em minha testa - Nunca senti nada parecido antes.

   - Vem, Ian, vou te ajudar a se deitar.

   Apoiei seu corpo no meu ombro e fui andando para o meu quarto. minha cama era de solteiro e apertada, mas eu não ia deixá-lo no sofá.

   Deitei ele na cama e me deitei ao seu lado, cobri, porque estava com frio e para me manter longe dele.

   - Beatrice? - fiz um "hmmm" como resposta - se importa se eu cobrir também? É que estou com frio...

   Droga!

   - Não tem problema.

   Senti a cama mexendo e logo depois ele estava debaixo da coberta, com os braços em volta de mim. Observei até que Ian adormecesse pensando no que ele disse. Seria verdade ou não? Só então consegui dormir, mas antes olhei no relógio, quatro horas da manhã. Que ótimo!

Oceano Azul (Ian Somerhalder)Where stories live. Discover now