Amnésia, drogas e efeitos colaterais depois do amor acabado

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Meu único desejo é tomar um remédio pra estimular a amnésia e te apagar de vez. Do bloco de notas, da lista de pesquisa no facebook, do pensamento, das lembranças e do coração.

Talvez depois disso eu ainda te encontre nos meus sonhos, porque em alguns casos, pequenos flashes noturnos de memória são comuns. Ao menos eu não lembraria de tudo, só do que realmente fosse necessário, efeito colateral da droga!

Teus sintomas vêm me torturar na madrugada. Você era a minha dopamina, minha injeção de ânimo pra fazer coisas que sozinha eu não sentia a menor vontade. E com a tua ausência, agora me sinto em abstinência total de tudo aquilo que me fazia tão bem.

Eu jamais alimentaria algo que não fosse recíproco. E eu sei que a gente era. Por isso de tanta fome, devorei nossa história em menos de dois meses.

Você foi aquele capítulo curto que eu tive pressa na hora de virar a página, de tão bom que o roteiro estava. E mesmo sabendo que os desfechos nem sempre são felizes, mesmo sendo fascinada pela empolgação dos começos, com você eu fui adiante, porque a vontade de desvendar o desconhecido, mais me atrai do que repele.

Você foi o bagunçar da minha rotina e o arrumar da minha alma. Você foi, entre um parágrafo e outro, uma transa boa no carro, uma conversa mais demorada antes de dormir, um desejo mais ousado no meio do dia e uma loucura mais desajuizada em plena segunda-feira.

Você foi coisa boa demais em pouco tempo e cabe na bagagem. No passar das horas. No silêncio da minha casa nova. Na minha solidão inventada de todos os domingos. No porta-retrato imaginário do meu quarto. Você cabe na minha saudade, você cabe em várias coisas aqui, só não cabe mais em mim. E por isso me despeço de ti.

Desculpe-me o textão, mas acho digno, justo e necessário. Não gosto das coisas inacabadas, tenho necessidade de fechar ciclos. E o nosso, encerra aqui. Se é que algum dia começou! Desculpe-me ter esperado mais do que eu deveria de você. Desculpe-me te envolver tão depressa no meu mundo. Desculpe-me exigir que você entendesse minhas crises existenciais, quando na verdade mal sabe lidar com as suas.

Desculpe-me ter permanecido mais do que eu realmente deveria. Desculpe-me por ter sido eu. Desculpe-me a bagunça, a playlist incoerente e a voz cansada dizendo que o que eu sentia por você me assustava, era só a intuição acertando em cheio mais uma vez. Mas é como eu sempre te dizia: nada que o tempo não cure.

textos crueis (Leia-me Se For Capaz)Where stories live. Discover now