Abismo

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Eu tinha dito pra mim mesma que não escreveria mais nada esse ano, porque desde 2017 foi difícil e eu não tinha mais nada a dizer sobre sentimentos,
porque superar  foi difícil e eu não tinha mais nada a dizer sobre em 2020.
porque tudo tinha sido tão difícil e eu não tinha mais nada a dizer, eu não tinha.

além daquilo que eu sempre digo, que gosto de você e gosto muito mais de te olhar.
às vezes soa ridículo como eu me sinto bem na sua presença e como fico questionando minha sanidade antes de dormir.

Eu fecho os olhos e penso se você não é minha versão de Donnie Darko que caiu sem razão alguma na minha vida para que eu corrija as coisas, para que a fenda no espaço-tempo seja solucionada e as coisas possam enfim voltar ao normal
mas você sabe qual é o fim de Donnie,
ele está morto.
mas, por vezes, eu também estou.

quando eu falei sobre o voo 685 que atropelou uma borboleta pra uns amigos?
um amigo me disse que eu forçava delicadeza ao concreto e riu.

Riu porque eu não gostava desses caras que tentam poetizar tudo, riu porque sabia que eu gosto de você, do seu senso de humor ácido e do seu sarcasmo.
da nossa falta de equilíbrio e desilusão, da forma que a gente se da paz por aceitar, mesmo nas brigas, respeitando as guerras internas um do outro.

eu quero mostrar que cabe ao ser humano a habilidade de ouvir quando quem fala não sabe dizer!
e você atravessou essa ponte por mim, relevando tantas palavras mal ditas, por que cá entre nós escrever é como me comunico.

era tese e não teoria
eu queria ser mais interessante por você, ali
eu entendi que amor romântico não era tudo.

meu amor, desde 2017 doeu tanto, e todos os anos de lá pra cá.
dentre todas as perdas que tive, ainda restam muitos sentimentos.
você não tem medo?
queria te dizer que tenho medo de qualquer coisa muito boa porque não sei se consigo ser boa de volta, mas te levo nos braços
nos olhos
no peito.

eu salvo seus sons e seus jeitos, seus toques na minha alma porque não concebo a ideia de te esquecer por mais que aceite a não obrigatoriedade de nada em nossas vidas, nem de ninguém. quando libertei da não obrigatoriedade do teu amor e você, fincamos elos.

eu tinha dito que não tinha mais nada a dizer, mas eu sempre tenho.
e minhas palavras são os braços que te abraçam agora, já que eu não posso.

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