Capítulo 2 - Lame

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Caminhei com um pouco de dor nas pernas até Edd e Matt que ainda observavam a rua mesmo depois de Tord ter partido.  

      – O que vamos fazer agora que ele foi embora? – Edd ainda parecia triste, ou melhor, isso estava com toda certeza estampado em seu rosto.

      – Continuar? – Resmungou Matt aparentemente com um pouco de ciúmes enquanto colocava uma de suas mãos no ombro esquerdo de Edd que deu um sorriso meio sem graça.

      – É... Acho que sim. Vamos entrar. Sei lá, assistir ou fazer alguma coisa... – Entramos em casa e o dia seguiu em melancolia.

            Fui para meu quarto, estava cansado, tão cansado que parecia que há anos não dormia o que não fazia sentido nenhum pra mim desde que noite passada havia dormido consideravelmente bem. Não era apenas cansaço psicológico, meu emocional de alguma forma também estava abalado e meu corpo, implorava por um banho quente de tão dolorido que estava.

            Entrei no banheiro e por longos minutos me encarei no espelho a procura de algo, um motivo para todo aquele desgaste, uma razão para a dor no corpo, uma explicação para o aperto no meu peito... Suspirei em desistência, não tinha certeza se queria as respostas. Tirei minhas roupas às joguei no cesto e fui em direção ao chuveiro.

       – AI QUENTE, QUEnte, quente... – Disse alto enquanto ajustava a temperatura do chuveiro já embaixo dele, mas logo as palavras passaram a ser difíceis de serem pronunciadas como se algo na garganta impedisse sua passagem.

            A água quente corria pelo meu corpo que relaxava aos poucos. Levantei o rosto levei uma de minhas mãos até a cabeça e num movimento calmo empurrei o cabelo, antes no meu rosto, para trás. Meus olhos aos poucos se fechavam pelo cansaço e então a imagem de Tord me veio à memória, abri os olhos e fiz questão de terminar o banho o mais rápido possível.

            Desliguei o chuveiro e sequei o corpo me enrolando apenas para sair e procurar o que vestir, mesmo que fosse pegar apenas uma cueca e então me deitar para enfim descansar.

            Joguei-me na cama e novamente a imagem de Tord me veio à cabeça. Conheço aquele maldito Happy Trigger comunista desde muito tempo e não me lembro de ter o visto chorar uma vez sequer, sei que ele não é feito de ferro, mas aquilo me intrigava não pareciam simples lagrimas de tristeza, era mais como se ele tivesse perdido tudo e não tivesse mais forças para se levantar e tentar de novo, como se estivesse se entregando ao carrasco ou coisa parecida... Aquilo por algum motivo me entristecia e isso me irritava.

            Mordi meus lábios, enquanto esfregava os olhos, numa tentativa de sair desse maldito paradoxo que o envolvia, não era da minha conta e ele com certeza sabia o que estava fazendo quando foi embora e me deixou...

       – NOS deixou – Disse provavelmente com uma cara de indignação irritado com meu pensamento anterior. – Tanto faz... –

            Pensar nele só deixava tudo mais exaustivo e irritante. Peguei Tomme (ursinho de pelúcia) e o abracei contra meu peito, julgue quem quiser julgar, mas ele é o que me ajudava a dormir. Em poucos minutos a exaustão me alcançou e meus olhos se fecharam.

            Algumas semanas se passaram até que o ambiente se tornasse menos frívolo sem ninguém acabar chamando Tord por reflexo, fazer comido demais ou gritar por “socorro” por algo idiota que só ele saberia resolver. Mesmo barulhenta a casa se tornou bem mais silenciosa, explosões e principalmente tiros se tornaram quase raros o que pra mim foi estranho. Faltava algo.

            Estávamos na sala assistindo TV, Edd e Matt no maior sofá e eu numa das poltronas de canto da sala. A série policial que passava era cheia de ação e até divertida de se assistir, o comercial começou e eu fui até a cozinha pegar qualquer bebida alcoólica que aparecesse na minha frente.

CommieWhere stories live. Discover now