BAZAAR

12 - Grace

Você já sentiu um pânico tão profundo que teve a sensação que não podia respirar? Eu sim. Não muitas vezes, mas o suficiente para aprender a reprimir a ansiedade com todas as minhas forças. Ainda assim não é suficiente.

- Grace? Está bem? - Ouço Olivia perguntar, o cenho franzido denunciando sua preocupação.

Não! Foi a resposta imediata da minha mente, que logo em seguida começou a gritar por ajuda, como se mãos invisíveis estivessem me arranhando garganta a cima.

- Sim. - Susperei aliviada quando minha voz não mostrou estar nada errado comigo. - Só estou um pouco zonza. Não se preocupe, vai passar.

Olivia, Charlotte e eu estamos no elevador a caminho do apartamento de Olivia e Laurence. Segundo ela, seu marido já estava nos aguardando com Andrew, o namorado de Lottie e atacante do Chicago Bulls.

É claro que estou nervosa. Minhas mãos tremem e minhas pernas estão bambas. Vou conhecer o marido dela. Além de ser um hollywoodiano famoso e indicado diversas vezes ao Golden Globes por suas séries de sucesso, Laurence é marido de Olivia. E eu vou jantar em sua casa. Céus, eu vou dormir em sua casa! Certamente presenciarei alguma intimidade entre os dois. Eles vão se abraçar, vão se tocar, vão se beijar... Ele pode fazer com ela tudo que eu daria o mundo para fazer ao menos por um segundo.

Me lembro de Simone e Tyson. Eles também se tocavam na minha frente. Beijos, abraços, sussurros e as vezes algo mais ousado, como uma mão boba ali e alguns chupões acolá. Mas o que sinto por Simone não é, definitivamente, o mesmo que sinto por Olivia. Sei disso porque quero tocá-la, quero beija-la e fazer tudo o que Tyson faz. Mas só.

Com Olivia é muito diferente. Também quero toca-lá e beija-la, mas quero muito mais que isso. Fisicamente e emocionalmente. Céus, eu quero enfiar a mão dentro daquela calça e fazê-la gemer, quero beija-la até que seus lábios se tornem vermelhos e inchados, quero ver seu corpo perfeito suar e arfar de baixo do meu. Mas eu quero principalmente acordar do seu lado como sei que Laurence faz. Quero ser a primeira a ver seu rosto ainda inchado de sono e quero participar do seu café da manhã, quero ajuda-la a escolher sua roupa do dia e opinar acerca da melhor bolsa. Quero estar no lugar de Laurence. Beijando, tocando e amando essa mulher. 

Bip!

Olivia é a primeira a sair do elevador para o hall, caminhando a nossa frente com seus passos confiantes. Lottie e eu temos um pouco de dificuldade por causa das nossas malas, a sua uma simples bagagem de mão Louis Viutton e a minha uma de rodinhas sem marca que comprei quando me mudei para Paris.

- Bem vinda, Grace. - Olivia diz ao abrir a imensa porta de mogno. Olhou para Lottie e fez um gesto de desdém com as mãos. - Você não precisa.

Entrei no grande espaço iluminado logo atrás da anfitriã. Uau. Sua sala é ampla e linda. O piso escuro transmite uma sensação de frescor relaxante, e as luzes da cidade atravessam as grandes janelas que vão do chão ao teto e fazem o ambiente tranquilo parecer submerso em uma penumbra cinza meio azualada. Um sofá gigante estava no centro do espaço, era branco e algumas almofadas escuras foram jogadas sobre ele. Dois homens estavam sentados lá, conheci-os imediatamente como Laurence, em uma camisa de linho branca arrumada, e Andrew, com os músculos de atleta aparecendo através da camisa polo. Típico Clube do Bolinha da alta sociedade novaiorquina.

- Grace! - Fico paralisada quando o homem de pele negra se levanta e caminha até mim a passos lentos. - Que bom conhecer você! - E me toma nos braços.

Demoro alguns segundos para apresentar alguma reação e finalmente retribuo seu abraço meio desajeitado. Merda. Ele sabe, concluo quando ouço uma risadinha ao pé do meu ouvido. Ele sabe dos olhares intensos que troco com sua mulher.