Aconteceu em Paris

Un

Tô com essa história na cabeça sabe lá Deus tem quanto tempo, e resolvi postar no carnaval metendo o louco mesmo. Essa fanfic vai funcionar assim: a história será narrada em pov, um pov da Addison em um capítulo, depois um pov da Meredith e assim vai. Todo capítulo terá uma música, que eu sugiro que vocês ouçam! A música desse capítulo é So Good At Being in Trouble, da banda Unknow Mortal Orchestra. Sem mais delongas, boa leitura, espero que gostem!

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                                                                  Addison Montgomery

E tudo começava com inúmeras malas, meus olhos reviravam ao ter que retira-las daquela esteira gigantesca do aeroporto. O ar se fazia quente e eu estava suando consideravelmente enquanto meus óculos começavam a dar indícios de que viriam a despencar do conforto do meu rosto. Meus braços doíam, talvez fosse o cansaço extremo pela viagem que havia acabado de fazer mesclado a todo o cenário que deixei para trás em Londres. Minhas malas estão finalmente no carrinho e eu começo a caminhar para saída rezando a alguma força superior para que o uber não se demorasse em sua chegada.

Me chamo Addison Montgomery, tenho trinta e oito anos e me graduei com honras no curso de direito há alguns anos, mas já logo aviso que o diploma fora apenas para satisfazer meus pais. Ainda me lembro bem do dia em que segurei meu diploma em ambas as mãos, suspirei profundamente e me levantei de minha cama, caminhei até a sala de televisão e deixei o diploma sobre a mesa de centro. Era o que eles queriam, não o que eu queria. Nada mais justo que eu lhes entregasse o diploma do curso dos sonhos deles.

Desde tal acontecimento acabei por entrar em uma desastrosa crise existencial. É como uma doença colocada em seu corpo que te faz se sentir um lixo por não saber o que quer fazer da vida aos vinte e cinco anos, como se sua vida fosse terminar ali. Se eu quisesse vestir meus terninhos e pisar os pés em um tribunal eu poderia, teria suporte e apoio de inúmeras pessoas influentes. Não era o que me fazia sorrir. Não era o que me fazia acordar com felicidade estupenda às sete da manhã. Eu queria algo que me desse o orgulho de bater em meu peito e dizer com todas letras: Faço o que eu gosto!

Por anos vaguei em mim mesma, me perguntando o que eu poderia fazer, o que me apetecia e no que de fato eu era boa. Voltei a advogar ou do contrário minhas contas ficariam mais empilhadas do que já estavam. Eu era boa no eu que fazia, o nome do escritório para o qual eu trabalhava continuava com sua fama intacta em ascensão. Longos anos e então eu encontrei a fotografia por acaso. Eu trabalhava no tribunal, começava a acreditar que talvez meus pais estivessem certos em me pressionar para fazer um curso bem visto. Em uma tarde eu vi meu rumo de vida mudar.

E no mínimo clichê dizer essas frases, mas foi o que de fato aconteceu. Londres estava fria como sempre e o céu cinzento me acompanhava em uma corrida na parte da tarde. Naquela época eu ainda possuía horários cravados e necessitava que minha vida se fizesse conforme meu trabalho, o que em nada me apetecia. Eu estava infeliz e começava a sentir o peito doer, foi então que parei em uma loja de antiguidades. Gosto de coisas antigas, sempre gostei e então qualquer pequena oportunidade de me aventurar pelos corredores de uma loja antiga que eu tinha era agarrada com veemência.

Andei pelos quatro corredores e apenas no ultimo eu parei. A câmera analógica marrom bem apessoada estava ali descansando em uma das prateleiras e eu sorri. A comprei sem muito pensar e no mesmo dia me inscrevi em um curso de fotografia. Depois de tal curso eu fiz mais alguns, e por alguns você pode entender muitos cursos. Eu me tornava cada vez melhor e consequente minha paixão crescia cada vez mais. Um homem em especial notara meu trabalho em um curso e me apresentara a um dono de galeria. Eu nem ao menos sabia, mas aquele era o começo da melhor época da minha vida.