Deux

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A música desse capítulo é Gold On The Ceiling, da banda The Black Keys. Boa leitura!

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                                         Meredith Grey

—Eu preciso que você se vista. —Minha voz soa calma, mas não menos inquisidora do que geralmente era. —Eu preciso que se vista e vá embora. —É possível ouvir meus passos contra o piso de madeira brilhoso enquanto atravesso meu quarto até chegar à porta. —Rápido, de preferência! —O par de olhos castanhos me fita e ouço um suspiro demorado e enfadonho.

—Meredith... O que foi? Estávamos nos dando tão bem! —Meus olhos passeiam pelo quarto bem iluminado pela luz do dia, estou à procura da minha calcinha. —Vamos tomar pelos menos um café. —Ele é um daqueles caras insistentes, onde eu estava com a cabeça de trazê-lo para casa comigo?

Maldita Arizona! Se eu não estivesse tão atordoada pela sua falta de decência em pegar o telefone e me ligar ao menos para dizer que nada quer comigo. Esperei e esperei mais um pouco até minha paciência se esgotar e meu sangue francês falar mais alto, me mandando ir para rua procurar alguém para deixar meu corpo ainda mais quente naquela noite. Merda!

—Receio lhe dizer que tenho planos... Planos que envolvem café, mas não com você, nada pessoal... Hm... Estou com problemas para lembrar seu nome. —Sorrio para mim mesma por aquele fatídico momento e o homem que possui um macio cabelo preto arqueia sua sobrancelha, ele parecia não estar acreditando em tudo aquilo, tornando a situação um tanto mais divertida.

—Meredith... Isso é sério? Quer dizer, você está realmente falando sério? —Meu olhar passeava pela pele levemente bronzeada que ele possuía, subia por suas pernas cobertas por meus lençóis brancos até seu abdômen bem definido e desnudo, solto uma risada e ele nega com a cabeça se dando por vencido. —Tudo bem, me dê uns minutos!

—Lhe dou alguns minutos, mas não muitos. —Acabo por desviar meus olhos para o abajur ao lado de minha cama e finalmente encontro minha calcinha. —Ai está você! —Caminho até a mesma e a tiro dali, vestindo como se aquilo não fosse no mínimo curioso.

—Paul... Meu nome é Paul. —O encaro e meu olhar se desvia para o lado, dou de ombros e volto a andar até a porta.

—Tudo bem, Paul... Você sabe onde fica a saída, foi bem legal à noite com você... Tchau Paul! —Sorrio com os lábios colados um ao outro e caminho para fora dali.

Estava calor e ainda sim meu desejo por um café era grandioso. Meu desejo por café era tão grandioso como meu desejo de chamar minha nova vizinha para toma-lo comigo.

Ela me parecia ser uma mulher reservada, seus óculos lhe emprestavam um ar culto que muito me apetecia e porque não chama-la para conversar um tanto? Meu inglês estava enferrujado, mas sei que poderia me virar. Ela se sentia intimidada com o meu francês e eu adorava ver como as pessoas se comportavam enquanto estavam intimidadas. Há um espelho redondo em minha sala de estar no qual me maquio quando estou atrasada. Hoje não estou atrasada, só com preguiça mesmo. Na mesa embaixo dele há alguns acessórios e itens de maquiagem. Meu batom vermelho está ali, ao que eu o passo de leve.

As parisienses levam a sério essa coisa de parecer o mais natural possível, e eu, como uma boa parisiense, seguia isso a risca. O cabelo levemente desarrumado, uma blusa de botões que era o dobro do meu tamanho de cor branca e os lábios avermelhados. Duas mãos de máscara de cílios e eu poderia chama-la para um café em minha casa.

Enquanto cubro meus cílios com o liquido escuro vejo Paul sair de ombros baixos, ele me olha e eu nada mais lhe ofereço além de um sorriso. Homens são necessários, necessário de se conviver ou do contrário as neuras de uma mulher o dia todo podem vir a lhe enlouquecer. São necessários, mas não indispensáveis, entenda bem isso. A conversa com um homem na grande maioria das vezes é superficial, e eu a usava quando não estava com saco para criar longas linhas de pensamento. Longas linhas de pensamento eram reservadas para as mulheres.

Aconteceu em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora