Aconteceu em Paris

Treize

A música de hoje é Wow! That's loud, do Green Day. Boa leitura!

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                                                    Addison Montgomery

Meredith estava tentando me levar a um novo nível de irritação naquela manhã, eu só poderia crer nisso, porque não havia outra coisa para se pensar.

Na sala de Altman, ela e eu discutíamos sobre o novo projeto e em como poderíamos trabalhar juntas para fazer tudo fluir melhor. A sala possuía um amplo vidro em uma das paredes, e dependendo de onde você se sentasse seu olhar recaria ali uma vez por outra, afinal seres humanos tendem a ficar dispersos em algum momento de alguma conversação, ainda que seja sobre trabalho. Me sentei em uma cadeira bastante confortável que me possibilitava deixar meus olhos recaírem sobre o vidro, e por consequência eu via Meredith Grey indo de um lado para o outro o tempo todo.

Seus olhos me fitavam a uma distância considerável e ela começava a andança, de um lado para o outro, indo e voltando por vezes com um sorriso ou uma expressão mais fechada, creio eu que pelo fato de Theodora algumas vezes ter se aproximado um tanto mais de mim. Eu detestava ser observada, ainda mais de longe, isso não me possibilitava brigar com a pessoa ou manda-la parar. Mas vindo de Grey, acredito piamente que nem ao menos se eu estivesse ao lado dela, ameaçando-a com o dedo indicador levantado para que ela parasse de me olhar ela o faria.

Altman havia tomado boa parte da minha manhã, havia tomado também meu horário de almoço e parte da tarde. Seu inglês era engraçado, e por vezes ela acabava enfiando algumas palavras em francês em suas frases, causando em mim súbito desentender. Era quase três da tarde quando em sua sala eu a vi preparar um café bem forte para nós duas, tomamos o liquido enquanto relaxávamos nossa postura e nos olhávamos sem pensar em trabalho.

—Você namora? —Ela perguntara em tom ameno, me fazendo sorrir enquanto repousava a xícara em minha coxa esquerda.

—Não, eu... Eu estou dando um tempo em relacionamento amorosos duradouros, e você? —Vejo Theodora sorrir, seus olhos encontram o chão e ela suspira com pesar, percebo que minha pergunta acabou causando algumas memórias ruins.

—Eu não namoro. —Ela me diz séria a principio, e depois sorri para amenizar o que havia dito, no tom que havia dito.

Concerto meus óculos, ato que se dá apenas por uma mania em meio ao nervosismo. Altman me olha e projeta seu tronco para frente, me fitando com maior intensidade com aquele par de olhos verdes extremamente viciantes.

—O que foi? —Pergunto sem muito pensar e ela enlarguesse seu sorriso.

—Me deixe te levar para jantar... Sem negócios envolvidos. —Sua sobrancelha esquerda se arqueia levemente, ela estava esperando uma resposta que eu não tinha para dar.

—Theodora... Eu...

—Teddy, me chame de Teddy, todo mundo me chama Teddy. —Lhe dou um sorriso nervoso e reteso minhas mãos.

—Eu... Eu não sou todo mundo, Theodora. —De súbito me levanto e Altman passa a me olhar debaixo, tentando entender o que estava acontecendo comigo.

Se eu não entendia o que estava acontecendo com meu próprio corpo, ela também não viria a entender tão cedo.

Suspiro preparando uma resposta, mas antes que as palavras venham a ser proferidas, a porta da sala de Theodora que estava um tanto aberta se abre mais. Ambas olhamos para aquela direção e vemos Meredith parada ali com cara de poucos amigos, ela olha para Altman de cima embaixo e arqueia sua sobrancelha em desdém, fazendo com que eu sorrisse com o rosto abaixado por um momento.