Capítulo 5

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Dois dias haviam se passado desde aquele beijo, aquele maldito beijo que me deixou apaixonada por ele. Justo ele!

Hoje é segunda, normalmente não fico feliz quando esse dia chega. Mas hoje é diferente. Eu vou ver ele. 

Estava chovendo torrencialmente lá fora, por conta disso, somente cerca de oito alunos estavam presentes na sala de aula. 

Era o último período, a turma inteira estava em silêncio devido a grande falta de alunos. A próxima e última aula era dele. Meu coração disparava só de pensar nele. 

Quando o vi entrar, ele olhou para mim de imediato, mas surpreendentemente desviou o olhar, em um tom sério.

Como assim? O mínimo que eu esperava era um meio sorriso ou um olhar gentil.

 Mas é claro que nem isso ele se presta. 

Ridículo. 

De hoje ele não passa, preciso questiona-lo sobre o seu comportamento perante a mim. 

Durante sua aula, pude notar que Henrique nem sequer olhava na minha cara por um mísero segundo. Aquilo já estava me irritando. 

No final da aula, organizei meu material lentamente de propósito. Esperei que todos saíssem da sala para eu iniciar a conversa. Fui até sua direção e o mesmo me olhava com indiferença:

-Qual é o seu problema?-Falo com um tom de voz baixo.

-Como é?-Ele retruca sem entender.

-A dois dias atrás você me beija no seu carro e agora nem olha na minha cara.-Exemplifico.-Qual é o seu problema?

-Não sei se já parou para pensar, mas eu sou o seu professor.-Ele ironiza.-E sobre o beijo, foi um deslize da minha parte que não vai mais acontecer.

-Então porquê me defendeu naquela festa? Porquê atacou o Miguel?-Pergunto já com algumas lágrimas se formando nos meus olhos.

Não, eu não posso chorar.

Quando o mesmo ia responder, o professor de Biologia invade a sala informando que uma reunião dos professores iria dar inicio naquele momento.

-Eu já estava de saída, mesmo.-Falo e saio da sala de aula sem olhar para trás.

Eu realmente não acredito que ele me fez me apaixonar por ele e depois me descarta como se eu fosse um lixo.

Busco Felipe em sua sala me esforçando para não chorar na frente dele. 

Assim que chegamos em casa, subi para meu quarto, tranquei a porta e chorei como se não houvesse amanhã.

Me jogo na cama e abafo meu choro com o travesseiro enterrado no meu rosto. Eu me odeio por ter me apaixonado por ele. 

Henrique

-Henrique, você está me ouvindo?-Exclama o diretor Vargas para mim.

-S-sim, claro.-Digo disfarçando minha falta de atenção.

Fazia um bom tempo que eu e os outros professores estávamos na reunião e e só conseguia focar em uma coisa, ou melhor, em uma pessoa: Carolina.

Ela com certeza deve me odiar agora. Eu sei que mexi com os sentimentos dela e ela mexeu com o meu. Mas não posso me deixar levar novamente, como nos meus últimos relacionamentos. 

Eu preciso dela só para mim? Preciso. Eu preciso do seu beijo? Preciso. Mas eu não posso seguir com isso. Não queria vê-la sofrer. Mas um de nós tinha que sair magoado. 

Quando a reunião acabou, durante todo o meu percurso do trabalho até a minha casa, só ouvia a voz angelical misturada com decepção vindo de Carolina hoje. Confesso que na hora, minha vontade era de agarra-la, beija-la e nunca mais solta-la. Mas isso seria demais. Eu cometi sim, um deslize. E isso nunca mais irá acontecer. 

Preciso focar no meu trabalho, na minha vida familiar. Preciso tira-la dos meus pensamentos. 

Carolina

Acordo com o barulho dos trovões e relâmpagos que invadiram meus ouvidos de uma hora para outra. Já era de noite, e continuava chovendo. Decido por livre e espontânea vontade faltar a aula amanhã, meus pais não precisam saber que não fui á aula. Aliás, Felipe possui esse desejo desde o ano passado e eu nunca incentivei que ele faltasse um dia sequer por motivo inexistente. Mas acontece que eu não estou afim de ver a cara do Henrique amanhã. 

Destranco a porta do meu quarto e desço as escadas á procura de comida. Faço alguns waffles e como no meu quarto mesmo. Era 23h45. Provavelmente meus pais já estavam dormindo e meu irmão também. 

Como minha comida e só consigo pensar nas palavras duras de Henrique para mim. 

" Foi um deslize da minha parte que não vai mais acontecer."

Choro novamente com um arrependimento muito grande por ter deixado me levar pela beleza e pelo beijo daquele idiota.

Henrique

O dia havia amanhecido nublado, sem cor, sem passarinhos cantando, sem uma luz do sol invadindo minha sala. Parecia que o dia estava sem cor. Rapidamente me lembro de Carolina, ela quase chorou ontem, e por minha causa. 

Hoje preparei um teste surpresa para a turma do terceiro ano, quero que eles tenham certeza de que eu que mando naquela sala. 

Quando cheguei á escola, logo dei de cara com Denise e Michele. Nada de Carolina. Mas cadê ela? Faltavam dois minutos para a aula começar. 

Sua ausência durante minha aula me causou um arrependimento enorme. Obvio que, quando chegou em casa, caiu no choro e não quis vir á aula. 

Mando um bilhetinho discreto á Denise, perguntando o porquê Carolina não estava na aula. Ela respondeu que não sabia, e que desde ontem Carolina estava ausente nas redes sociais. 

Olho para a mesa vazia de Carolina e suspiro. O meu dia ficava bem melhor com a sua presença. 

Proibida Para MimOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz