capítulo dois.

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No segundo dia da temporada, especiarias do reino de Nix foram servidas à gigantesca mesa de vidro num dos diversos salões. As cadeiras também eram construídas num material transparente, frio, e aquilo fez o Rei de Ignis hesitar antes de sentar. E era um tanto cômico, o Príncipe pensou, pois no momento em que Edward espiou os cantos, os demais reprimiam certo divertimento.

- Vejo que o bom humor matutino é algo por aqui. - Tomlinson fitou os rostos, agora elegantemente sérios, sentados à mesa. Não havia necessidade em se esforçar para descobrir o motivo de ninguém manifestar tamanho divertimento. Eles temiam o homem, mas ele nem mesmo soava bravo. - Raro.

- Estamos em celebração. - A voz do Rei de Caeli, Aron, quebrou o gelo. Sua voz era profunda, rouca, e ele parecia ser mais velho que o rei gélido. - O baile veio em tempo perfeito de comemorar.

- Comemorar? - William quis saber, entreabrindo os lábios e expondo sua língua num dos cantos. - Estou perdendo algo?

- A breve coroação de Edward. - O outro explicou, rindo forçado e entrecortado. - Quando ele atingir a idade ideal, vai assumir o trono como um verdadeiro líder que é. E isso será logo, por esse motivo as crianças estão contentes. Não é, Harold?

O príncipe sorriu com as palavras do mais velho, tentando identificar qual o sentimento acompanhou a simpatia naquela voz. Era algo entre cobiça e orgulho, que facilmente o incomodaria se não fosse tão comum quando aqueles homens falavam de qualquer coisa. Os olhos esverdeados, entretanto, buscaram a reação de um outro alguém. Não que ele soubesse o motivo, mas o fez. Para a sua surpresa, o líder de Ignis não adotou o desdém como expressão, o fitando com mais curiosidade do que qualquer outra coisa.

E por um segundo, um breve segundo, ele pensou ter conseguido uma reação positiva do Rei do Fogo. Deslembrou do eterno muro que existia entre aqueles dois reinos e do quão falso poderiam ser os sinais de fumaça. Claro, aquilo não durou tanto.

- Ele? - Debochou.

E parecia tão transparente e nítido que se tratava de uma zombaria, mas ele sabia exatamente como fazer soar fluido e genuinamente interessado. Tão naturalmente ácido. Ninguém pareceu dar a mínima importância quando o homem inclinou a cabeça e deu a sua sobrancelha um arquear bem desenhado, enfatizando ainda mais o que já era óbvio.

- Harold, sim. Meu único filho. - Seu pai reafirmou, distante de notar o que acontecia ali.

Talvez fosse apenas a maneira que o de Ignis encontrou para vingar sua irritação, a de quando chegou ao palácio. Curto e meio cruel. O mais inacreditável era que mesmo em seu silêncio, conseguia intimidar boa parte dos herdeiros. Nem precisava se esforçar. Edward, quieto em seu canto, descobriu que não era capaz de engolir situações como aquelas, ainda que fosse muito bom em manter-se intacto.

O homem era melhor.

O tempo do café da manhã se foi e todos, entusiasmados, tinham todo o tempo do mundo. Harry, ao invés de juntar-se aos demais príncipes, optou por subir para os seus aposentos. Ele nunca poderia notar que todo um dia se passou, então se deu conta daquilo apenas quando bateram à porta e avisaram sobre a chegada da segunda noite.

A segunda noite.

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light of mine • mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora