capítulo oito.

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— E nós estamos apenas começando.

Foi o que o Rei chamuscado murmurou, dedilhando os belos traços do rosto frio. Era como traçar seu caminho para o paraíso, estando muito distante de qualquer crença. Harry era abundantemente belo, puro e haviam pancadas de brilho no exorbitante verde que antes costumava ser opaco.

Mas ele não fazia ideia de que o garoto também era luz, que em seu íntimo pensava que nunca atingiria à exaustão de senti-lo, de ter aquelas mãos cálidas mergulhando em sua pele como se moldassem um vaso de argila. Era tão bom. Louis aproximou seus lábios do queixo derretido, seus dentes deslizavam ali e suas mãos despencavam até os botões – que eram inquestionavelmente – irritantes. 

— Rasgue-os. Rasgue-os, eu não me importo. Devo ter uma dezena de peças iguais. — O garoto pediu e fez o que dissera com os botões alheios, sendo o motivo do riso morno e aberto do Rei. Seu estômago subiu, explodiu em algum lugar entre as costelas, e mais uma vez ele derreteu quando os lábios se chocaram e a barba pinicou seu rosto. Não era suave como beijar uma princesa, que tinha gosto artificial e nem fazia cócegas.

Não, era novo e temperado. Esquisito do tipo eu preciso tanto de você e não do tipo ruim, constrangedor. Era quente, ligeiro como um borrão e tão urgente que lhe enviou, espinha abaixo, uma corrente faiscada e intensa. Fôra ainda mais encurralado e pôde ouvir o ranger das portas, do gelo, de seu coração quebrando em centenas de pedacinhos.

— Você é tão doce, floco de neve. Tão doce, sabe disso? Eu menciono sua insolência o tempo inteiro, mas apenas devo ter confundido com a bravura aí dentro. Hoje eu a vejo em você e é por conta dela que tem sua liberdade. Lhe cai muito bem.

— Bem, eu não sei sobre isso. Você acha mesmo?

— Sim, eu sei. — Escorreu as palavras pelos lábios, gracioso e cheio de admiração. — Honestidade é um ato tremendo de bravura, Harry. E você também é tão belo. Eu poderia apenas olhá-lo por horas a fio, meu bem.

O Príncipe de Nix era neve num dia de verão numa das extremidades de Ignis, cada vez mais zonzo em sua não tão utopia e não se preocupando se era despreparado ou não, enfeitiçado pelo perfume forte que o Rei emanava.
O cacheado quase gemeu, seus lábios bem apertados quando os músculos contraíram-se por um par de segundos.

O Rei sorriu largo, nada amargo.

— Huh. — Tentou. — Não tenha dúvidas de que eu faria o mesmo, senhor. Na verdade, eu tenho apenas feito isso, apenas apreciado sua beleza por todo esse tempo. Não pude pensar em outra coisa. Afinal, todos estavam um pouco- Inferno!

— Inferno? — O Rei mergulhou sua língua quente, entupida de luxúria dourada, chupando os lábios frescos de framboesa. O cacheado, por sua vez, estava ciente do sorriso que o outro tinha nos lábios sedutores, ciente de que estava caindo tanto por ele. — O interrompi, desculpe. Diga, Harry.

Ele parou, atordoado. Então assentiu, o rosto enrubescido.

— Eu quis dizer que você arrancou o fascínio de todos no segundo em que pôs os pés aqui, Rei. — Disse trêmulo, seus joelhos fragilizados. Patético e afetado. — E que eu devo ter sido o primeiro, embora estivesse distraído demais por conta daquele seu ataque explosivo.

— Para sua paz interior, eu prometo que não haverá corações carbonizados por aqui. Ou qualquer outra coisa.

Harry não estava certo sobre aquilo, mas era o seu coração que palpitava por mais.

light of mine • mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora