Capítulo - 3

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Talvez nem o reencontre já que o destino sempre faz questão de estragar tudo quando me interesso por alguém. Mas pensando bem em como o conheci e as impressões que tive, acho até bom ele não aparecer. Não dá para negar que boa parte de mim sentiu algo ali, principalmente em sua confiança em me ver novamente.

Estive em tantos relacionamentos, mas faz tempo que não estou em um que até me esqueci de como é química entre duas pessoas e até mesmo como se beija.

Quando estou entrando com a moto na garagem de casa, quase atropelo um pequeno gato. Está quase anoitecendo e com pingos de chuva. Consigo até sentir o cheiro delicioso de terra molhada. Eu amo chuva!

Estaciono a moto e me dirijo à loja. Chamo a oficina de loja, pois mais parece uma do que com uma oficina já que para um lugar que sempre tem carros quebrados, é um espaço muito bem organizado.

Minha casa é ao lado da loja, a porta dos fundos dela vai em direção à garagem e a porta da garagem dá na área de lazer ao lado da cozinha.

Mal me vejo na porta e minha mãe aparece e estende os braços para um abraço. Até estranho seu ato já que nem sempre é muito carinhosa.

— Estava preocupada! — Ela diz enquanto nos abraçamos. Sinto como se meu rosto estivesse todo amassado em seus ombros já que não tive tempo de mexer meus braços.

— Por quê? — Pergunto confusa sem sentir meus braços.

— Não posso mais ser a mãe preocupada com seus filhos? — Ela pergunta sarcástica e se afasta.

Dou uma risada. Todos sabem de onde puxei meu sarcasmo.

Mamãe tem um temperamento muito forte, não se dá muito bem com demonstrações de afeto e é raro vê-la chorar. Está sempre de bom humor e às vezes não tem muita noção do que faz, mas está sempre disposta a ajudar. Porém quando ela diz que está preocupada, pode até parecer algo engraçado, mas ela está.

Fomos para dentro de casa e assim que entramos, ando rapidamente e me sento no sofá, observando mamãe se sentar ao meu lado. Escuto pisadas fortes vindo da escada e já sei que é minha irmã.

— Onde você se enfiou sua louca? O papai vai te matar! — Diz Luce sentando no sofá em frente ao que estou.

— Não fui a lugar nenhum, eu... — Fui interrompida por meu pai saindo da cozinha.

— Eu disse para ir o mais rápido que pudesse — Disse papai iniciando um sermão. — Até sua irmã chegou mais cedo. — Prosseguiu enquanto posicionava as mãos na cintura. — Hoje é o dia em que a oficina tem mais movimento! — Encerrou o sermão fazendo com que eu me afundasse no sofá.

Meu pai é um homem brincalhão, mas muito sério. Brinca com quase tudo e ama demonstrar seus sentimentos. Não consigo contar quantas vezes ele fez surpresas para minha mãe.

— Desculpe pai. Aconteceram algumas coisas no caminho.

Parece um pouco estranho eu ser tão intimidada por meus pais no auge dos meus vinte e seis anos, mas eles são meus pais e não vão deixar de ser. Fora que ainda moro em sua casa e trabalho juntamente com eles e embora eu ame tudo isso, queria ser mais livre.

— O que aconteceu? — Pergunta mamãe me olhando como se eu tivesse roubado algo.

Contei-lhes o que houve, mas não contei detalhadamente. Afinal não é nada importante e provavelmente não verei David novamente, não é mesmo?

Depois do sermão, nós conversamos um pouco e após isso, tomei um banho e fui direto para meu quarto. Deitei-me na cama e abri um livro. Antes mesmo que eu pudesse começar a lê-lo, Luce entrou em meu quarto e sentou-se ao meu lado.

— Tem mais coisas nessa história, não é? — Luce me pergunta olhando fixamente para mim sorridente.

— Lógico, eu estou lendo um livro e tem várias histórias! — Respondo o mais tranquila possível.

Ela me encara com seriedade.

— Você sabe do que estou falando. Você chegou com um sorriso no rosto e bem felizona. Eu te conheço há muito tempo e sei que você está escondendo alguma coisa.

O queeee? — Indago usando meu "O que" único.

— Luna, não me enrola.

Reviro os olhos, fecho o livro e começo a contar detalhe por detalhe do que aconteceu. Contei até a parte que fui embora parecendo coisa de filme e Luce não diz nada, apenas olha para mim e me dá um tapa.

— Ei! Qual é?! — Me sento fazendo expressão de raiva.

— Você deveria ter dito onde mora, alguma coisa parecida, não um "você sabe meu nome".

Reviro os olhos novamente.

Ela pode até estar certa, mas não sei se seria confiável. Pensando bem, mesmo que pareça improvável, talvez eu o reencontre.

Hoje a loja não tem entregas e nem consertos e as únicas tarefas são vender e fazer revisões

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Hoje a loja não tem entregas e nem consertos e as únicas tarefas são vender e fazer revisões. Quando o movimento é fraco assim, meus pais saem e deixam a loja sob meu comando. Tudo bem que tem a Luce, mas ainda assim prefiro dizer que sou eu quem está no comando.

— Irmã vou à cozinha pegar uma banana. Já volto — Avisa Luce.

Luce está fazendo uma dieta para o casamento, pelo menos é o que ela diz. Só sei que quando está comigo, ela se empanturra de batatas fritas e não de bananas.

Mesmo sabendo que desenho mal, sinto vontade de desenhar. Então começo a procurar um bloco de papel do meu pai, mas não o encontro. Deixo a loja sozinha por alguns minutos e corro até a garagem para procurar o bloco. Assim que o encontro volto para a loja.

Antes que eu possa entrar na loja, ouço alguém entrando. A pessoa derruba algo, provavelmente uma ferramenta e começo a caminhar rapidamente. Meu extinto por algum motivo é me esconder no batente da porta e dessa forma consigo observar o rapaz colocar a ferramenta que derrubou em cima do balcão.

Quando reconheço a pessoa que está a poucos metros de mim meu coração começa a palpitar mais rápido. Estou tendo alucinações ou é mesmo o David?

— Bu!— Luce diz atrás de mim e eu dou um pulo devido ao susto.

— Calada! — A repreendo. Pego Luce pelo braço e a puxo para dentro da garagem. — Não fale alto, por favor. — sussurro.

Ta maluca? Para que sussurrar? Temos um cliente e você fica aí brincando de esconde-esconde. — Ela me encara enquanto morde sua banana. — Só se aquele cara for o... — Ela para de falar antes de concluir a frase e começa a apontar para a porta repetidamente.

— David? Ele mesmo! Como ele me encontrou? Será que é um stalker?

— Era para você dizer que não é ele. — Brinca Luce enquanto abafa uma risadinha. — Não vamos nos preocupar, tá? Eu vou e você fica aqui. — Sugere.

— Tá bom, mas, por favor, tente agir normalmente. — Peço quase a implorando. — Me dê sua banana. — Esta aí uma frase que nunca imaginei dizer.

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Como sempre, aqui estamos na segunda hehehehe Espero de coração que estejam gostando! Eu fico tão boba quando tem leitor sksksk uma história pensada por uma garota de dezesseis anos não quer guerra com ninguém KKKK Só faz três anos que comecei esse livro, nossa mãe hashahs
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Ela por TrêsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora