Capítulo 4

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– Abi, quanto tempo você acha que está durando toda essa guerra? – Miguel parou de andar e encarou a amiga.

– Eu suponho que uns 20 ou 30 anos, não? – respondeu Abi parando um pouco para pensar.

– Meu Deus! Isso não tem cabimento, por que Iaci não te contou? – Miguel olhava exasperado para ela.

– Ah, sei lá, isso é tão importante assim agora?

– Agora, realmente não. Mas é bom saber que estamos lutando contra uma criatura antiga, não? – contrapôs o amigo.

– Miguel! – alertou Elisa – Agora não é hora para essa conversa. Anda, vocês dois. Isso aqui não é um passeio – e dirigiu-se rumo às escadas, sendo logo seguida por eles.

– Tudo bem – respondeu o amigo logo atrás.

Abigail ficou curiosa sobre o que deveria ser, porém sabia qual era a prioridade naquele momento. Primeiro teriam de sair vivos daquela empreitada.

Eles começaram a descer os primeiros degraus ainda como camundongos, contudo quando se deram conta do esforço e tempo que estavam gastando, logo transformaram-se em esquilos, que eram um pouco maiores e mais ágeis para aquela tarefa. A descida se tornou mais eficiente, no entanto ficou ainda mais fácil serem descobertos e por causa disso, não poderiam permanecer naquele estado por muito tempo. Precisavam ser rápidos, mas cautelosos e assim que possível, voltar a transformarem-se em camundongos.

Ao chegarem ao final daquela estreita escada circular, se depararam com um outro enorme corredor. Sendo este, muito mais escuro, contendo poucas tochas penduradas nas paredes e oferecendo uma pobre iluminação ao ambiente.

As portas que davam para os aposentos eram feitas de um metal aparentemente bastante resistente, contendo uma pequena abertura retangular no alto, de aproximadamente quinze centímetros de comprimento e seis de altura.

Abigail, Miguel e Elisa se aproximaram da primeira porta, localizada a poucos centímetros à direita deles e procuraram uma abertura para que pudessem passar por debaixo. Porém não havia nenhuma fresta sequer que permitisse qualquer passagem por baixo.

– Resta apenas tentarmos passar por aquele pequeno buraco – cochichou Elisa para os outros, enquanto olhava para o final do corredor e aguçava os ouvidos à procura de qualquer sinal suspeito. Assim que percebeu que a barra estava limpa, transformou-se num pequeno passarinho e alçou voo.

Assim que alcançou a altura da abertura, Lisa se direcionou para a passagem e voou na sua direção. Contudo, antes que conseguisse ultrapassá-la, esbarrou-se em alguma parede invisível e soltou um pequeno piu antes de cair.

Imediatamente, Miguel transformou-se num mico e agarrou a amiga com a sua mãozinha antes que essa se esbarrasse no chão.

– O que foi isso? – perguntou um estranho dentro de outro aposento mais adiante, assustando os garotos. Eles ouviram rapidamente um pequeno ruído de passos e um par de olhos despontou da abertura da segunda porta à esquerda.

Os meninos não pensaram duas vezes e começaram a correr de volta para as escadas, mas antes de alcançarem o primeiro degrau o estranho os avistou.

– Não vão! Por favor, esperem! – suplicou tentando chamar a atenção deles, sem contudo gritar – Eu sou um prisioneiro. Não teria por que chamar os curupiras virem aqui – O estranho custou a acreditar que pudessem ser simples animais que havia fugido dali. Ele sabia muito bem como era grande a fome dos escravos do lado de fora, eles não deixavam passar viva alma para além daquelas paredes. Se existia algum ser vivo andando a espreita naquela fortaleza, uma coisa era certa, não eram fracos para conseguirem ter transpassado todos os obstáculos. Tampouco seriam curupiras, já que não havia motivos para se esconderem.

Abigail e os Aliados Ocultos - Livro 2Место, где живут истории. Откройте их для себя