GERARD

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– Você precisa de algo? – O balconista loiro perguntou pela terceira vez nesta noite, me fazendo suspirar fundo e negar novamente com a cabeça, cansado e desmotivado para mais um copo grande de cerveja.

Já era o quinto cigarro que fumava nessa última uma hora de espera, perdendo total possibilidade de Frank Iero, o cara a qual conheci na internet há sete meses, viesse para esse encontro que marcamos. Ele estava vindo para a cidade esse final de semana, para um ensaio de fotos do trabalho, por isso achei que seria uma grande ideia conhecê-lo pessoalmente, visto que passamos diversos meses longes um do outro, trocando muitas mensagens divertidas, fazendo-me ter mais esperança de o ver, só que isto já estava para acabar com essa demora.

Busquei minha penúltima nicotina do bolso, assim como meu isqueiro, e fiz menção em acender, percebendo de repente que um homem de óculo escuro e boina ao meu lado gargalhara baixinho, como se estivesse zombando de minha espera. Franzi minha testa e voltei meu olhar para o lado, notando que o lábio dele estava torcido em um sorriso alegre.

– Algum problema com você, cara? – Questionei de forma óbvia e em seguida logo me ajustei para, enfim, acender meu cigarro e aguardar mais meia hora o Iero desaparecido. Minhas perspectivas desapareciam lentamente com cada tragada que dava na nicotina, permitindo total passagem para aproveitar aquela noite em uma bebedeira contínua, afinal hoje é sábado e toda essa arrumação e esse perfume do mais caro não é atoa, não quero me desiludir e achar que Frank não veio por conta própria, ou que mentiu para mim em todas as vezes que afirmou desejar me conhecer.

– Na verdade não – O desconhecido confessou ainda divertido, afastando seu óculo e o segurando com a mão direita para que seus olhos fossem distinguidos por mim, e obviamente eu os analisei por segundos assim que recaíra como cristais preciosos, lindos o suficiente a ponto de deixar-me boquiaberto e surpreso.

– F-Frank? – Falhei em meu tom usado, quase deixando que o cigarro caísse de meus dedos pálidos, permitindo que toda a fumaça dentro do pulmão saísse rapidamente por meus lábios enquanto me preparava para um sorriso mais largo, agora animado com a presença do jovem Iero.

Ele estava lá o tempo inteiro?!

– Falei que viria, não falei?! – Ele interrogou de forma retórica, apontando com o indicador esquerdo para si assim que o sorriso estava mais largo, recebendo também um abraço, pois impulsionei meu corpo para o lado, afastei a nicotina acesa e o apertei contra meu corpo com força.

Felicidade define o que senti.

– Você me deixou esperando todo esse tempo, Frank? –

– Eu gosto do seu jeito, foi engraçado vê-lo frustrado e muito puto comigo! – O Iero desfez o abraço suavemente, apertando levemente minha bochecha rosada com sua mão esquerda bem desenhada com tatuagens. Seus olhos brilhantes são penetrantes, me roubando total desconcentração e fazendo com que a vergonha se instalasse sobre meu corpo, pois é estranho o fato de já saber como eu ajo quando estou descontraído, e talvez esse seja o real motivo de toda a demora a se pronunciar... Estudar-me. – E o pior de tudo é que não desconfiou nenhum pouco que estou parado aqui e não pedi nada... Sabe por quê? – Continuou sua frase, aguardando-me acenar positivamente com a cabeça para, por fim, prosseguir e apontar com o indicador direito em direção ao balconista que limpava os pratos – Ele me deu cobertura – Sorriu torto, expondo de maneira larga cada dente bem alinhado e bonito que se escondiam em sua boca fina e avermelhada. – Eu o pedi para ficar de olho em você até eu chegar... Não faz muito tempo, não vê? Eu cheguei tem trinta minutos! – Completou dando de ombros, aproveitando a situação para retirar a boina e colocar o óculo sobre o cabelo emaranhado, escuro e grande.

– Por que ficou o tempo inteiro parado e me deixando sem expectativa de ver você? Isso é errado para meu coração! – Exclamei em meio aos meus sorrisos largos, completamente confortável com a situação, uma vez que já havíamos dividido muitos momentos, afinal nós nos conhecemos quando perdi um amigo meu e ele fora como uma luz na escuridão.

You and I | FRERARDWhere stories live. Discover now