Um romance costariquenho

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O amor não passa de uma asneira

cometida por duas pessoas"

(Napoleão Bonaparte)

Aquele dia começou bem, digo isso comparando ao que aconteceu no final dele. Mas, antes de chegarmos a esse terrível acontecimento, preciso retornar ao inicio do dia, quando fomos em direção ao absurdamente caro e luxuoso, hotel Four Seasons.

Era fato, que eu nunca pagaria milhares de dólares para uma diária em uma casa privativa dentro do resort Four Seasons, como informava um site qualquer na internet. Para mim, era um luxo irracional, desnecessário, quase um abuso. Mas, não tinha sido eu a fazer a reserva, muito menos a decidir o roteiro dessa viagem.

Por esse motivo, desembarcamos naquela manhã de setembro no famoso hotel localizado na Península Papagayo, um exclusivo pedaço do litoral costa-riquenho. Eu não podia negar que era um local majestoso, com sua praia particular, seu imenso campo de golfe, suas piscinas e seu significativo esforço em garantir luxos que você nunca pensou que poderia precisar.

A primeira coisa que fizemos foi ir até a praia, uma faixa de areia sossegada junto à mata nativa. Mesmo com um significativo movimento no hotel, havia pouquíssimas pessoas curtindo a praia. Para Ingrid, a explicação para aquele fenômeno, era que os estadunidenses —maior parte dos hospedes — preferiam o conforto de uma piscina. Se isso é verdade, eu não posso garantir, mas posso afirmar que tive uma singela ilusão de privacidade. O valor, quase, valeu a pena.

Entretanto, era somente uma ilusão. Não fazia nem meia hora desde o instante que coloquei meu pé na areia fofa pela primeira vez, que senti aquela textura curiosa. Não fazia nem cinco minutos desde o momento que Nicholas saíra do mar, com aquela aparência e comportamento que faziam minha mente usá-lo como ilustração para como seria o deus grego Poseidon saindo molhado de um mar paradisíaco – minha mente era sempre minha pior inimiga. Em resumo, fazia pouco tempo, quando notei um brilho de luz vindo do meio da mata no fundo do meu campo de visão. Eu conhecia aquele brilho, havia me cegado com ele durante a visita à capital da Costa Rica, era um flash de câmera. Era um fotógrafo, um preparado para usar qualquer movimentação minha ou de Nicholas para usar contra nós em uma reportagem fofoqueira sobre "O príncipe e a princesa do Reino Escandinavo".

Não esperei pelo momento em que cometêssemos algum erro que daria um bom bônus salarial para aquele jornalista, eu conhecia o poder de manipulação de uma mídia interessada. Por esse motivo, segui meu caminho para a casa de encosta que alugamos por um alto custo, a fim de ser um lugar sem intromissões.

Bem, sem intromissões não era bem a palavra certa. Um mico resolveu me fazer companhia na piscina de borda infinita, onde eu e o primata podíamos aproveitar uma vista daquele belo oceano pacifico. Não era somente companhia que o pequeno animal queria, era, principalmente, comer um pouco das frutas exóticas do país que eu tentava provar. Paguei o seu preço, dividindo minha comida com ele. Era justo para ter uma boa e silenciosa companhia.

Mas, como os deuses distorcem os meus pedidos, me deram outra companhia: Nicholas, que adentrava na casa no exato instante em que eu mergulhava nas águas aquecidas da piscina.

— Vim ver se você estava bem sozinha, mas parece que não está sozinha – Ele disse se aproximando da piscina, enquanto parecia analisar o meu novo amigo selvagem. Não entrou na água, apenas a metade de sua perna o fez. — Por que saiu da praia tão de repente?

— Não foi de repente, tinha um paparazzo escondido, não queria meu nome nas revistas de novo – Eu disse enquanto dava outro pedaço de fruta para o pequeno mico.

— Imaginei que poderia ter. O grande preço para carregar uma coroa – Ele apenas comentou com os seu olhar voltado totalmente para o mar, que tinha a mesma tonalidade de sua íris.

Por trás de uma Rainha |DEGUSTAÇÃO|Onde as histórias ganham vida. Descobre agora