8- Cookies de Chocolate

8 1 1
                                    

Chocolate é a melhor coisa que poderiam ter feito nesse mundo horrível. Ele serve para um dia nublado, chuvoso, nos dias felizes, nos dias tristes, quando o mundo está para desmoronar. Os namorados desesperados concordam comigo, pois não há coisa melhor parar acalmar a criatura estranha que eles chamam de namoradas.

Levanto da escadaria. No fim das contas valeu de algo a gente ter encontrado pessoas tão desagradáveis.

- Que comer os cookies? - indago, simplória, ao meu amigo.

- Não, obrigado. - responde com um fraco sorriso.

- Tem certeza? Passei por maus bocados, por causa desses biscoitos. - tento convencer meu amigo. Ele sabendo que eu iria buscar e devorar de um jeito ou outro, e forçá-lo a comer algo junto, apenas balança a cabeça descrente, com um doce sorriso nos lábios.

- Só vá, meu cisne negro. - diz.

Sigo em direção da cozinha cantarolando Amianto. É maravilhosa essa música, essa melodia, essas vozes. É maravilhosa a mensagem que traz consigo. Supercombo é uma das melhores bandas que eu já ouvi que faz parte do século XXI.

Procuro no armário alvo uma embalagem rubra. Nada. Talvez ele tivesse só esquecido de guardar, já que quando chegamos ficamos distraídos com aquela cena esplêndida dos nossos guardiões cheios de farinha. Só de recordar um meio sorriso brota. Acho que finalmente tia Am encontrou a sua "alma gêmea".

Na bancada de granizo há algumas poucas sacolas recicláveis esverdeadas. Não encontro o biscoito. Onde será que foi parar aquelas gracinhas? Abro a geladeira, nunca se sabe, mas também não está lá. Sigo em direção da piscina, pois perto dela há algumas mesas. Talvez eles tivessem pego e levado. Que não tenham comido, seria injusto.

Desisto.

Vou para a sala. Quem sabe eu encontro-o assistindo uma série. No entanto, está sem ninguém. Aonde eles foram. Não só Dmitri, porém, onde estaria Caroline, Roberto, Patrícia, Denis, Amanda. Parece que está somente eu e Pedro na pequena casa, maior que um chalé.

Quando volto para a escada, achando que ao menos Pedro ainda permaneceria a minha espera, encontro-a vazia.

Um aperto no peito, como se alguém estivesse sufocando-me, agonia-me. A respiração ofega, tornando-se irregular como o batimento do coração. Coração. Ele parece que vai atravessar as costelas frágeis. As minhas pernas sumiram, dando lugar a dois pedaços de gelatina.

A solidão que instalou em meu pobre órgão de bombear é imensurável.

De novo não, por favor.

Volto para a cozinha. Pego um copo de vidro. As mãos tremendo, tão instáveis quanto cada célula do meu ser, quanto a minha mente, quanto o medo de tornar-me a única e algo pior ocorrer. O palpitar frenético é o único som que escuto. O sangue nos ouvidos, tampa-os e um fino silvo torturar-me.

Respire.

Respire.

Inspire.

Expire.

Inspire.

Expire.

Inspire e depois expire.

Expire e inspire. Inspire e expire. Continue respirando. Acalma-se. Isso tudo é da sua cabeça. Não te abandonaram. Não estão zombando-te. Não foram sequestrados e ninguém perseguirá-me. Estou segura, pois não estou em perigo. Estão conversando, batendo um papo agradável com risadas. E se estarem rindo de mim? E se estiverem dizendo como sou uma trouxa, que sou má, que sou insuportável, que me odeiam?

V.A.JAMES Onde histórias criam vida. Descubra agora