Capítulo 48 Exclusivos um do outro

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— Desculpe ter desligado. O Derek já me adiantou a história da questão da sociedade. O que eu queria mesmo saber é sobre esse boato de que ele se aproximou de mim para ferir seu irmão... 

— Sei que no início meu irmão teve certo encantamento por você, mas digo, sem sombra de dúvidas, que você se safou de muitas decepções. Você parece ser uma moça diferente, tão diferente que chamou a atenção do meu amigo Derek, que não é de se apaixonar facilmente. Na verdade, nunca vi ele assim, me forçando a dar explicações por telefone. Quase me bateu quando eu disse que não iria pagar esse mico. 

— Imagino... 

— Enfim, se você tinha dúvidas sobre a sua decisão de ter escolhido Derek ao invés de Ethan, não tenha. Eu amo meu irmão de sangue, mas ele não tem um terço da honra do meu irmão de coração. É isso! Derek nunca se aproximaria de você pra ferrar com Ethan. Esse boato não procede. 

— Ok. Agradeço as informações. Valeu mesmo — disse Lisa, aliviada. 

— Me traz alguns souvenirs da casa da Jane Austen. Pode ser uma caneca, livro não preciso, dizem que ela só escreve coisas românticas demais. Beijo. Manda um abraço pro meu brother. Tchau. 

— Tchau, Liam. Obrigada por tudo — disse ela, encerrando a chamada. 

— Dá pra acreditar que ele teve a ousadia de falar que não quer livro da Jane porque... 

— Você só absorveu essa parte do que ele disse ou prestou atenção no resto? — perguntou Derek, levemente irritado. 

— Lógico que eu entendi tudo. E eu estou chocada! Eu nunca imaginei isso, nem mesmo nos meus momentos mais criativos. Não sabia que o Ethan seria capaz de ser tão egoísta, mas se o próprio irmão dele diz isso... Confesso que errei em acreditar no Ethan, mas ele foi bem convincente. 

— E, pelo jeito, eu não fui! 

— Olha, eu peço desculpas por ter te acusado de ter tentado roubar a sociedade do Ethan. Sinceramente, me perdoe. 

— Não tenho o que perdoar. Você também foi enganada — disse ele, abrandando a voz e levantando a face para fitá-la nos olhos castanhos. Lisa sentiu vontade de se aproximar dele, havia se acostumado com a proximidade de seu corpo, da forma como a beijava, primeiro como se ela fosse uma louça rara prestes a trincar, depois como se fosse feita de aço, capaz de aguentar os seus beijos mais abrasivos. As lembranças causaram nela certa letargia. Decidiu por bem levantar-se e se afastar dele. 

— Ok, Derek. Agradeço a atenção, não precisava vir até a casa de Jane Austen para esclarecer isso. Poderia ter mandado uma mensagem de áudio do Liam. 

— Seria por aquele mesmo aplicativo que você me bloqueou? — disse ele, sarcástico. 

— Poderia ter pedido para o Liam me passar ou mesmo a Carolina. 

— Eu não vim até aqui só para ouvir uma palavra de desculpa. Eu vim até aqui para ficar com você. 

— Sem chances! 

— Mas eu te mostrei que eu não esmurrei o filho da mãe do Ethan por hobby! 

— E eu já te disse que entendi. Agora, se me der licença, vou dar mais uma volta nas redondezas e retornar para Londres — disse ela, levantando-se do banco, pegando sua bolsa e livro e caminhando para a frente do museu. Ele a deixou dar alguns passos, mas logo foi atrás dela, alcançando-a. 

— Onde você está hospedada? — perguntou ele, andando ao seu lado. 

— Não é da sua conta. 

— Não vale de nada eu ter vindo até aqui? Ter te encontrado, ter implorado pro Liam me ajudar? Geralmente, nesses filmes de romance de segunda linha, o casal faz as pazes por muito menos. 

— De segunda linha realmente é a expressão correta para classificar suas ações. 

— O que quer que eu faça? Me ajoelhe? Eu não vou fazer isso! Nem mesmo por você, ainda mais quando está sendo uma megera! 

— Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe. Quando você me deu atenção, passou a ficar do meu lado, mostrou-se até mesmo apaixonado, eu me esqueci um pouco de como era ser a pessoa errada, no lugar errado, onde nada se encaixa, nada faz sentido. 

— Lisa... 

— Me sentia na família errada, no emprego errado, a namorada errada. E vivia para agradar as pessoas ao meu redor, e elas me faziam sentir que eu não era boa o suficiente. 

— Você não é errada pra mim, na verdade é tão certa que me fez vir aqui pra te ter perto de mim — disse ele. 

— A sua atenção, Derek, me fez pensar que essa onda de azar que parecia estar como uma nuvem em cima da minha cabeça tinha se dissipado. E eu me senti pela primeira vez no lugar certo, com a pessoa certa, me senti capaz de fazer tudo o que me propusesse. 

— E você pode! 

— Saber que tudo não passou de uma mentira e que eu caí nela não fez só essa nuvem voltar, fez ela entrar em mim. Quero dizer isso pra você não fazer outras vítimas, pra que não deixe mais marcas amargas. 

— Já expliquei a história do Ethan! 

— Não é sobre a história do Ethan que estou falando, mas a da Carmem. Se quer ela, se gosta dela, assuma-a de uma vez e deixe de magoar pessoas por aí, inclusive ela própria, que fica esperando por você. 

— Pois, se depender de mim, ela vai esperar eternamente, ainda mais se ela realmente armou isso, porque, se as mentiras dela te causaram dor, ela não tem mais espaço na minha vida. Me conte o que aconteceu. O que ela falou? Lisa respirou fundo. Carmem havia dito que se ela contasse sobre a conversa que tiveram, ela negaria e Derek acharia que Lisa estava mentindo. Ela resolveu arriscar. Se Derek não acreditasse nela, o problema seria só dele. 

— Carmem me disse que você é apaixonado por ela. 

— É isso? Você acreditou em uma baboseira dessa? Você é uma das pessoas mais cultas que já conheci, Lisa, e foi acreditar no que ela te falou? Tá claro que ela tentou separar a gente e você deixou! 

— Quer dizer que é mentira? 

— Mas é lógico! Eu não saberia dizer de onde a Carmem tirou essa ideia, ela sempre soube que eu a via como amiga e esse arranjo sempre esteve ótimo pra ela. Você tem que acreditar em mim. Eu realmente não tenho nada com ela. 

— Tô achando que eu deixei minha insegurança tomar as rédeas da situação. Eu meio que surtei, imaginando que você me usou — confessou Lisa. 

— Mas ela chorou e tudo!

— Acho que precisarei me afastar dela. As coisas que ela te falou fez a gente perder um tempo precioso junto. Se ela tá a fim de mim, deveria ter confessado, não armado dessa maneira. — E se ela tivesse confessado? O que você faria? 

— Diria que vejo ela apenas como uma amiga e que estou namorando uma pessoa que, apesar de me colocar em situações desconfortáveis e ferrar com a minha vida, com frequência, me fez descobrir uma versão melhor de mim mesmo. 

— Estamos namorando? É isso? 

— Não gosto de colocar nomes e rótulos nas coisas, mas podemos dizer que estamos juntos e somos exclusivos um do outro. 

— Exclusividade não substitui bem a palavra namoro, mas acho que, pra você, ela é uma novidade. 

— Apesar do julgamento que você faz de mim, essa palavra já fez parte da minha vida. Agora chega a parte que falarei sobre o meu pai. Não quero mais você jogando na minha cara que roubei a namorada dele. Foi o contrário. 

— Como assim, o contrário? 

— O Wallace, meu pai, atualmente está com minha ex-noiva. O nome dela é Anabel.

As casas dos 7 escritores (LIVRO COMPLETO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora