cap.19

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Quando entro no estúdio, encontro Vivian olhando para as peças que montara para o painel de inverno. Não parece tão mais adiantado, desde a ultima vez que vi.
_ Achei que deveria estar pronto na semana que passou.

_ Era meu prazo pessoal. Felizmente ainda tenho mais duas semanas para entregar.

_ Então, já que você esta só olhando, que tal uma parada? Vou fazer a melhor omelete do mundo. Me acompanha?

_ Obrigada, mas não estou com muita fome.

_ Mas também não está trabalhando.
Vou até ela e pego em suas mãos, estão geladas.
_ Vamos, largue isso um pouco.
A levo para a cozinha.
_ Chá? Café? Vinho?

_ Você esta me encorajando a beber estimulantes?

_ Você sabe que isto não é punição. Você não precisa se punir por toda besteira que já comeu. Você só precisa de alguns ajustes, pra melhor aproveitar a vida. Não menos. Você foi de bicicleta para a academia, fez uma gora de exercícios, voltou pedalando, mesmo eu tenso oferecido carona.

_ Fui ao seu escritório afim de aceitar a carona, mas você estava ao telefone. Parecia um magnata fazendo um negócio de um milhão de reais.

_ De muitos milhões.
Brinco com ela.

_ Oh! Perdoe me. Um magnata fazendo um negócio de muitos milhões de reais.

_ Você não acreditaria se eu contasse.

_ Não?

_ Não.
  De a forma inesperada, me ofereceram  uma grande área abandonada num vale, perto da cidade. É um grande risco, mas uma grande oportunidade de transformar uma cidade insignificante num lugar de prestígio. Casas, escritórios, salas de conferência, área de lazer... O desafio que eu precisava para seguir em frente. Apesar de que nada me tira daqui enquanto Vivian precisar de mim.
_ Eu teria feito o negócio esperar se soubesse que estava pronta.

_ Não, tudo bem, o passeio de bicicleta foi bom. Notou que está ficando mais quente?

_ Sim notei. Mas melhore o ânimo, esta bem?

_ Não são os exercícios que estão me deixando desanimada.

_ Vi que chegou uma carta da universidade. Você falou com Alex Borba?

_ Sei que a palestra é boa para minha carreira, mas não quero nada vindo dele.

_ Então diga isto.

_ Mas....

_ Surpreenda.
A abraço, querendo a proteger de tudo. Me controlo, apesar da vontade de ir mais além do abraço.
_ Haverá outras oportunidades. Deixe esta passar.

_ Você acha?

_ Eu sei. Faça isto e Alex saberá que é você quem esta no controle.

_ Sera a primeira vez.

_ Confie em mim. Ligue amanha cedo pra ele, e o convide pra almoçar na academia. Você terá a vantagem de estar num lugar famíliar, onde todos sabem seu nome.

_ Se ele não quiser ir?

_ Não de a chance dele dizer não. Apenas informe onde e quando. Se ele quiser prolongar a conversa, diga que está ocupada e desligue. Você realmente estará. Eu me encarregarei disto.

_ Você vai me fazer estar suada quando ele chegar?

_ Não, prometo. Tenho outros planos pra você.

_ Isto parece sinistro. Tudo bem senhor sabe tudo. Eu o levo pro restaurante e depois?

_ Diga que você adoraria fazer a palestra, mas vai ter que recusar por motivos pessoais. Não precisa dar detalhes, ele entendera.

_ Bem isto é muito...elegante.

_ Você e elegante.

_ Mesmo assim, ele não vai desistir.

_ Você continua repetindo que adoraria mas que tem que recusar...

_ Por causa de razões pessoais.

_ Isso mesmo. Você o escuta, então repete seu ponto de vista até que ele o escute.

_ Parece fácil.

_ Muito fácil.
Concordo com ela. Pego uma garrafa de vinho, duas taças no armário.
_ Venha, acendi a lareira. Vamos beber este vinho no conforto.

_ E a omelete?

_ Pode esperar.
Vou a conduzindo para o sofá. Sirvo a sua taça.
_ Beba isto, vai te dar coragem e aquecer seu coração.

_ Porque você é tao bom pra mim?

_ Porque me dá prazer. Porque te acho especial, por isso.

_ Eu...não sei o que dizer.

_ Não diga nada. Beba seu vinho.
  Posso meu braço pelo seu ombro, e ela encosta sua cabeca em meu tórax como se fosse algo tão natural.

_ Qual era o nome dela?

_ Lisa. Olhos azuis, cabelos cor de mel. Infelizmente tinha um caráter falso. Bem diferente do seu.
   Dou abertura para que ela me faça suas perguntas, e respondo todas.
_ Agora é minha vez. Conte sobre Alex. O que ele fez. Livre se disto, não mantenha esta história trancada envenenando sua alma.

_ Alex tinha viajado com alguns quadros pra vender. Um de seus jovens brilhantes que ele descobriu tinha feito algo inédito. E levou também outros trabalhos pra a galeria olhar. Ele é bom em promover estudantes que ele acha espaciais.

_ Ele compra barato os quadros dos estudantes talentosos, então da uma mãozinha na mídia pra que seu investimento não seja em vão.

_ Óbvio não? Mas eu não percebia. Minha ultima aula tinha foi cancelada, e eu podia ter ficado trabalhando em alguns papéis, mas resolvi ir pra casa, fazer um jantar especial. Não esperava que ele já estivesse lá. E Alex não me viu entrar.

Aconteceu aqui? Na casa dela? Eu não contava com isso.
_ Vivian...

_ Então eu entrei e vi por mim mesma.

_ Sinto muito. Não precisa continuar.

_ Eles não tinham ido longe de mais. Ele estava sentado no sofá, a cabeca recostada, olhos fechados, e uma de suas alunas que tanto o adoram por ajuda las a serem notadas, estava de joelhos o agradecendo.

_ Ele estava com uma aluna?

_ Eu sei, isso podia ser delatado como assédio. Mas a menina implorou pra não contar. Que a culpa foi dela, que ela quero agradecer por ele ter vendido um de seus quadros.

_ Ele estava em posição de confiança, devia ter pensado nisso.

_ Ela não era criança. Tinga vinte um anos. E, francamente, eu não fiquei ansiosa para contar a ninguém o que aconteceu.

_ Então você permaneceu em silêncio e deixou o emprego que adorava?

_ Parece tolice eu sei. Expulsei ele de casa. Esfreguei o chalé do teto ao chão, joguei fora tudo que ele tocou.

_ E estofou o sofá?

_ Oh não, joguei fora.

_ Amanhã ele vai desejar ter tido mais caráter. Agora vamos cozinhar.
Na cozinha, vou pegar os ovos na geladeira e fico curioso.
_ O que ouve com sua foto?

_ Caiu acho. Vou imprimir outra amanhã.

Doce DesejoWhere stories live. Discover now