c a p í t u l o 6🌻

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Ana Clara

Aproximo-me cada vez mais da fazenda, temendo que alguém me veja por aqui. Certa vez, dona Laura ordenou que Mariana, empregada preferida dela, me expulsasse à vassouradas. Confesso que fiquei bem dolorida.

Espio para ver se a cobra da Mariana está por perto e dou mais alguns passos. Quando já estou próxima à escadaria da fazenda, espio dessa vez procurando o príncipe. Tenho quase certeza que ele mora aqui, mas não o vejo em lugar algum.

— Ai! — grito quando uma mão com unhas afiadas aperta meu braço. A pessoa me vira com brutalidade e puxa o meu cabelo.

Sinto minha vista nublada pelas lágrimas enquanto observo Mariana.

Ela me avalia com desprezo, como sempre.

Mariana tem dezenove anos e me odeia. Por isso adora receber ordens da dona Laura para me maltratar.

— O que veio fazer aqui, sua selvagem? — Enfia as unhas mais profundamente em meu braço, sacudindo-me.

— Solte-me, por favor, Mariana. — Choro. — Tá doendo.

Ela me solta com nojo e limpa as mãos no avental.

— Depois preciso desinfetar minhas mãos. Por enquanto só quero deixar um aviso para você. — Me olha de cima a baixo. — Nunca mais se aproxime da fazenda, está me ouvindo? Se eu te pegar aqui de novo, conto pra dona Laura e ela acaba com a tua raça.

— Por favor, não faz isso, Mariana.

— Cala a boca! — Ela me dá um tapa forte. — Some daqui, garota imunda.

Ponho a mão contra o rosto dolorido e corro para longe ainda ouvindo o seu riso de desprezo. Soluço alto, mas levo um susto ao colidir com alguém. Ergo os olhos cheios de lágrimas, com medo de ser alguém da fazendo, e dou de cara com o príncipe.

Meus batimentos cardíacos aceleram.

Ele segura meus braços e me encara com raiva.

— Você de novo? Por que está chorando?

Abaixo a cabeça.

— É melhor eu ir embora, senhor. — Tento me soltar, mas ele me aperta mais.

— Não. Nada disso. — Levanta o meu rosto. — olha para mim.

Eu o encaro, amedrontada. Suspiro, observando o seu rosto lindo.

Ele limpa minhas lágrimas com os dedos.

— O que fizeram com você? — Noto um resquício de raiva na sua voz.

Nesse momento, Mariana se aproxima toda sorridente para o lado dele.

— Boa tarde, senhor Vinícius. — Ela sorri, alisando os cabelos escuros; depois me encara com nojo. — Eu mesma fiz questão de expulsar essa selvagem da fazenda dos seus pais. Ela vive entrando aqui, escondida como um bicho, e dona Laura já proibiu isso.

Então ele é um Velásquez.

— Sei... — diz Vinícius com sarcasmo, e eu sorrio — Agora se manda! Quero falar a sós com ela. E não quero que nada disso pare no ouvido dos meus pais, entendeu? — Mariana resmunga uma resposta e sai pisando duro; mais vermelha que um pimentão.

Bem feito!

— Como se chama, princesa? — ele pergunta, acariciando o meu rosto.

— Ana Clara, senhor, mas pode me chamar de Aninha. — Coro.

— Não precisa me chamar de senhor. — Abre um sorriso lindo. — Nem sou tão velho assim, só tenho 21. Pode me chamar de Vinícius.

— Tudo bem... Vinícius.

Ele me estuda de cima a baixo de forma enigmática. 

— Quantos anos você têm?

— Dezesseis.

— Ah... prefiro mulheres mais velhas, mas isso não é uma barreira. — comenta, e eu o encaro sem entender. — Esquece o que eu disse. Onde você mora?

— Com a minha avó, perto do riacho. Nossa casinha é pequena, mas é bem arrumada.

— Acredito. Deixa eu te levar lá perto. Não é bom uma menina bonita como você ficar andando por aí sozinha.

Coro com o elogio.

— Tudo bem, obrigada. — Ele solta os meus braços e saímos de mãos dadas, seguindo pela trilha de pedras até a porteira cheia de seguranças.

Ninguém questiona Vinícius sobre mim, e o caminho até minha casa é tranquilo e cheio de conversas casuais. Ele fala um pouco sobre sua irmã, Amanda, e sua família.

Durante o caminho, ele me faz parar e fica me encarando de um jeito intrigante.

— Eu quero te dar um presente, Aninha. — Vinícius sorri, aproximando-se.

Eu me arrepio toda. Finalmente noto que ele tem tatuagens; várias pelos braços que eu não consigo entender.

— Você já beijou alguém?

— Hm, na bochecha...

— Não, eu me refiro a outro tipo de beijo.

— Como assim?

— Você já beijou um cara... na boca?

Meu rosto esquenta com a sua pergunta.

— Não. Minha vó disse que isso é errado. Só é certo depois do casamento.

Ele ri um pouco.

— Ela não precisa saber. — acaricia o meu rosto, e sinto um calafrio sem sentido. — Posso te beijar?

— É... — encaro sua boca perfeita e sinto uma coisa inexplicável dentro de mim. — Posso? — repete a pergunta, ansioso.

— Sim. — fecho os olhos e aguardo.

No mesmo instante, sinto sua boca macia se grudar à minha. Eu o abraço pelo pescoço e suspiro. Ele me beija mais forte e empurra a língua entre os meus lábios.

— Relaxa, princesa. — ele pede, tornando a me beijar. Faço o que ele pediu, e Vinícius enfia a língua na minha boca. O beijo ganha intensidade e parece que ele quer me devorar. Sinto um pouco de medo, mas também uma euforia sem limites. Beijar é tão bom...

Quando já estou sem fôlego, eu o empurro, sorrindo. Ele beija a minha bochecha, fazendo borboletas voarem no meu estômago.

— Você é muito linda. — enfia o rosto na curva do meu pescoço, e eu me arrepio toda.

Ele aperta minha cintura e ficamos grudados. Vinícius torna a procurar minha boca e fazemos aqueles movimentos bons com ela.

De repente, alguma coisa começa a vibrar entre nós e uma música estranha começa a tocar. Ele se afasta e pega o celular enorme do bolso da calça.

— E aí, pai... — ele fala com o senhor Velásquez. Segundos depois, desliga o celular, tornando a colocá-lo no bolso. — Preciso ir. Depois a gente se fala. — me dá um selinho.

— Tá bom. — sorrio, disfarçando a decepção. — Tchau.

— Tchau. — ele acena e se vai.

Suspiro, antes de seguir para casa. Sinto a alegria me tomar ao recordar o que acabou de acontecer.

Acho que estou apaixonada.


A Redenção Do Bad BoyWhere stories live. Discover now