Ana Clara
Depois de uma noite razoável de sono, visto uma saia e uma blusa confortável. Calço minhas chinelas e deixo os cabelos soltos.
Minha vó ainda está dormindo e preparo o café, após escovar os dentes. Saio para o quintal e apanho algumas jabuticabas maduras que estão penduradas em um galho baixo. Como-as com prazer e sorrio ao ver minha vó saindo da casa. Ela também escova os dentes e depois entra no banheiro. Acho que não me viu. Após alguns minutos, ela sai enrolada em uma toalha e sorri quando me nota.
— Bom dia — murmuro.
— Bom dia, querida. — ela entra em casa.
Sento-me em um banco de madeira, observando a paisagem campestre e bonita. Minutos depois minha vó aparece e caminha até mim.
— Aninha, você pode fazer um favor pra mim?
— Claro. O que a senhora quer?
— Preciso que vá à mercearia da outra vila e compre dois reais de pão.
— Eu vou lá pra senhora.
Ela me entrega algumas moedas e pego o caminho para a outra vila. Chego lá em poucos minutos.
Aproximo-me da pequena mercearia do seu Cleber e peço os pães após lhe entregar o dinheiro. Ele me entrega uma sacola com o pão recém-saído do forno e agradece pela compra.
Saio dali, seguindo de volta para casa. Estou tão distraída que demoro a perceber que alguém está me chamando.
Curiosa, desvio o olhar. Fico boquiaberta ao reconhecer Victória.
O que ela está fazendo aqui?
Inevitavelmente sinto a raiva corar minhas bochechas e deixo a indignação tomar conta da minha expressão. Não acredito na sua cara de pau!
Ela está usando um vestido curto e decotado.
Seu olhar sobre mim nesse momento é de nojo. E o meu sobre ela é de raiva.
Percebo que a Sol, o Edu e a Amanda estão comprando algo em uma barraca de artesanatos um pouco mais a frente e parecem distraídos.
— Ei, estou falando com você. Está surda? — Victória intercepta meu caminho e acabo ficando sem saída.
— Não ouvi. Pode me deixar passar? — tento não ficar olhando para a sua cara lavada.
— Não! — diz com insolência. — Quero falar com você.
Não consigo parar de me lembrar dessa garota na cama com o Vinícius.
— O que a senhora quer comigo?
Percebo que ela fica com raiva à menção da palavra senhora e sorrio internamente.
— Fique longe do Vinícius, ok? Não quero nem sonhar que está atrás dele. Nem sei como o Vinícius teve coragem de ficar com uma caipira burra e nojenta, como você.
— Pois fique sabendo que você pode ficar com ele a vontade. Vocês dois se merecem! — não sei de onde tirei coragem para falar isso, apenas sei que não pude controlar as palavras diante do descaramento dessa garota. — E outra, sou caipira sim e daí? Você não paga minhas contas nem põe comida na minha mesa!
Ignoro seu rosto vermelho de raiva, sentindo as lágrimas subirem aos meus olhos com a explosão. Nunca fui de brigar, mas cansei de ser tratada como um bicho pelas pessoas. E nem mesmo um bicho merece ser tratado assim.
— Meça a sua língua para falar comigo, sua vagabunda! — dispara, exalando ódio. — Espero que tenha entendido o recado. Fique longe do Vinícius, roceira imunda. Se eu descobrir que você foi atrás dele, te destruo. — sai pisando duro para o local onde estão seus amigos.
YOU ARE READING
A Redenção Do Bad Boy
RomanceAté que ponto o amor pode ser destrutivo? A ingênua Ana Clara de 16 anos não pensou nisso quando se envolveu com Vinícius de Albuquerque Velásquez, um jovem rico da cidade grande. Ela só não esperava que ele se mostrasse tão cruel. Agora grávida, e...