c a p í t u l o 36🌻

13.6K 853 50
                                    

Ana Clara

Depois de uma noite razoável de sono, visto uma saia e uma blusa confortável. Calço minhas chinelas e deixo os cabelos soltos.

Minha vó ainda está dormindo e preparo o café, após escovar os dentes. Saio para o quintal e apanho algumas jabuticabas maduras que estão penduradas em um galho baixo. Como-as com prazer e sorrio ao ver minha vó saindo da casa. Ela também escova os dentes e depois entra no banheiro. Acho que não me viu. Após alguns minutos, ela sai enrolada em uma toalha e sorri quando me nota.

— Bom dia — murmuro.

— Bom dia, querida. — ela entra em casa.

Sento-me em um banco de madeira, observando a paisagem campestre e bonita. Minutos depois minha vó aparece e caminha até mim.

— Aninha, você pode fazer um favor pra mim?

— Claro. O que a senhora quer?

— Preciso que vá à mercearia da outra vila e compre dois reais de pão.

— Eu vou lá pra senhora.

Ela me entrega algumas moedas e pego o caminho para a outra vila. Chego lá em poucos minutos.

Aproximo-me da pequena mercearia do seu Cleber e peço os pães após lhe entregar o dinheiro. Ele me entrega uma sacola com o pão recém-saído do forno e agradece pela compra.

Saio dali, seguindo de volta para casa. Estou tão distraída que demoro a perceber que alguém está me chamando.

Curiosa, desvio o olhar. Fico boquiaberta ao reconhecer Victória.

O que ela está fazendo aqui?

Inevitavelmente sinto a raiva corar minhas bochechas e deixo a indignação tomar conta da minha expressão. Não acredito na sua cara de pau!

Ela está usando um vestido curto e decotado.

Seu olhar sobre mim nesse momento é de nojo. E o meu sobre ela é de raiva.

Percebo que a Sol, o Edu e a Amanda estão comprando algo em uma barraca de artesanatos um pouco mais a frente e parecem distraídos.

— Ei, estou falando com você. Está surda? — Victória intercepta meu caminho e acabo ficando sem saída.

— Não ouvi. Pode me deixar passar? — tento não ficar olhando para a sua cara lavada.

— Não! — diz com insolência. — Quero falar com você.

Não consigo parar de me lembrar dessa garota na cama com o Vinícius.

— O que a senhora quer comigo?

Percebo que ela fica com raiva à menção da palavra senhora e sorrio internamente.

— Fique longe do Vinícius, ok? Não quero nem sonhar que está atrás dele. Nem sei como o Vinícius teve coragem de ficar com uma caipira burra e nojenta, como você.

— Pois fique sabendo que você pode ficar com ele a vontade. Vocês dois se merecem! — não sei de onde tirei coragem para falar isso, apenas sei que não pude controlar as palavras diante do descaramento dessa garota. — E outra, sou caipira sim e daí? Você não paga minhas contas nem põe comida na minha mesa!

Ignoro seu rosto vermelho de raiva, sentindo as lágrimas subirem aos meus olhos com a explosão. Nunca fui de brigar, mas cansei de ser tratada como um bicho pelas pessoas. E nem mesmo um bicho merece ser tratado assim.

— Meça a sua língua para falar comigo, sua vagabunda! — dispara, exalando ódio. — Espero que tenha entendido o recado. Fique longe do Vinícius, roceira imunda. Se eu descobrir que você foi atrás dele, te destruo. — sai pisando duro para o local onde estão seus amigos.

A Redenção Do Bad BoyWhere stories live. Discover now