No final daquele dia, quando eu finalmente estive segura de que queria ir com Íosa, mesmo com medo, ele respirou fundo e me mandou segui-lo quando atravessou a porta.
Assustei-me com a facilidade que ele abriu a porta, segurando minha mão trêmula para levar-me para fora.
Dei uma última olhada em tudo o que estava deixando para trás e vi apenas coisas das quais não queria lembrar, e levei comigo apenas cicatrizes que um dia foram marcas sangrentas, pronta para seguir em frente, apesar da insegurança que me acompanhava.
Não me considerava pronta para sair dali, da minha terrível (e dolorosa) zona de conforto, mas eu tinha norte de que nunca estaria completamente pronta para isso. Seria muito difícil abandonar aquela vida, mesmo que ela nunca tenha me feito bem, mas eu estava disposta a fazê-lo, estava disposta a deixa-lo, porque eu sabia que qualquer outra situação, mesmo que não ideal, era melhor que aquela que ele me pusera.
Respirei fundo quando começamos a andar pelo que parecia um túnel muito escuro, iluminado apenas por lamparinas que nos davam vista para outras portas, inúmeras delas, todas fechadas, o que me deu um frio na espinha.
Estávamos perto do que parecia ser luz no fim daquele túnel escuro, e me assustei quando, atrás de nós, ouvi um barulho de arma sendo carregada. Íosa não se assustou, por outro lado, apenas engoliu em seco.
Sua mão ainda segurava a minha tranquilamente.
"Querendo roubar minha presa?" disse a voz inconfundível dele.
"Ela nunca foi sua, Liuciferis... Você sabe disto" meu irmão retrucou, calmamente.
Ele deu um sorriso amarelo.
"Não é isto que o corpo dela diz" disse, se aproximando de mim e descendo a mão de meu ombro até meu pulso, percorrendo o caminho de cicatrizes.
Seu toque me causava repulsa.
"Deixe-a ir"
"Sabe que as coisas não funcionam assim"
Íosa olhou em direção ao final do túnel e soltou minha mão. Eu franzi o cenho, sem entender seu gesto.
"Vá, Kristen... Siga até o final do túnel. Eu ficarei" sussurrou.
"Não... Não pode fazer isso... Não..."
"Vá, Kristen... Apenas obedeça."
Eu suspirei, sentindo meus olhos marejarem ao obedecê-lo e caminhar na direção em que ele mandou.
"Uma vida por outra... E eu ganho de qualquer forma" ouvi o riso maléfico.
Até que eu ouvi um disparo, e um gemido de dor.
Mesmo assustada, não pensei duas vezes antes de correr até ele de volta.
"Vá! Corra!" ele gemeu, vendo que Liuciferis carregava a arma outra vez para vir em minha direção.
Sem conseguir ver nada, com a visão embaçada, o obedeci e corri até o final do túnel, por vezes tropeçando em pequenas pedras que havia no caminho, até que cheguei ao fim e braços fortes e acolhedores me seguraram.
Vi de relance muitos homens adentrarem no túnel, provavelmente para resgatar Íosa.
Deixei-me ser acolhida pelos braços que sabia serem de meu pai.
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olá, meus queridos leitores!que capítulo foi esse, my friends? XD
o livro tá quase acabando, e eu não tô pronta, minha gente :'')
não esqueçam de deixar suas estrelinhas para mais capítulos ⭐
E... é isto. Vamos fazer o Reino de Deus conhecido!
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Muito além de cicatrizes
SpiritualO que o sequestro de uma garota, filha de um rico empresário, tem em comum com o cristianismo? Num breve conto, descubra uma alegoria moderna do cristianismo que revela um lado espiritual que você nunca antes notou. *ATENÇÃO: o livro contém breves...