[01] cheiro de saudade

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Quando papai entra pelo grande portão da casa, um sentimento de nostalgia me invade assim como as lembranças da última vez que estive ali. Nada havia mudado. A casa ainda era a mesma casa, a vista ainda era a mesma e a varanda que era a minha parte preferida da casa, também ainda era a mesma. Havia passado dois anos longe de Búzios, mas no momento em que desci do carro e senti a brisa do mar bater em meus cabelos, eu soube que Búzios nunca saiu de mim.

A casa não era tão próxima da praia, mas a vista compensava o tanto que eu tinha que andar para sentir meus pés nas águas geladas do mar. Voltei minha atenção para tia Ana que saia animada de dentro de casa e vinha nos cumprimentar.

— Como foi à viagem? – a ouvi falar por cima da música que saia dos meus fones.

Os retiro e sorrio ao ver ela e meus pais conversando, me aproximo deles em tempo de escutar meu pai perguntando como que estava a casa. Ele sempre foi apaixonado por ela.

— Como minha Rafa está linda! – tia Ana comenta ao me ver ao lado de minha mãe. Não fazia muito tempo que eu não a via, mas era tempo o suficiente para sentir saudades dos braços protetores de minha segunda mãe e do cheiro de saudade que ela sempre tinha. A abracei me sentindo em casa novamente. Nada começava naquela casa sem um abraço dela e sempre eram os melhores.

— Sabe o que tem na cozinha? – sussurra em meu ouvido – aquele bolo de coco que você adora.

Meu estomago ronca só de imaginar a bolo e toda a fofura que ele tinha em si. Mamãe sempre tentava fazer o mesmo bolo em datas especiais para mim, mas ela na cozinha era a mesma coisa que eu fazendo contas em química. Péssima.

Me despeço dela e vou direto para a cozinha, dando a volta por fora do quintal e indo pela porta dos fundos. Tiro meus tênis ao entrar e já sinto o cheiro de coco exalando para dentro do meu nariz. Lavo minha mão na pia e tiro a proteção do bolo. Meus olhos se agradam no mesmo instante que vejo o bolo tão branco feito neve, me sento à mesa e me sirvo com um pedaço.

— Eu não consigo acreditar que você ainda prefere coco a chocolate. - o escuto falar atrás de me e me viro em sua direção o encontrando parado na porta de entrada. Ele continua o mesmo, só que agora com mais músculos do que antes. O cabelo loiro está mais claro do que antes e seu rosto mais queimado de sol do que o normal, o que podia ser explicado já que eles já tinham chegado uma semana antes da gente e seu rosto agora tinha uma pequena barba loira que eu nunca tinha visto antes.

Rafael tinha uma toalha em volta de seu pescoço e limpava os pés no tapete de entrada.

— Oi – digo e volto a minha atenção para o bolo que estava em meu prato. Corto um pedaço com um garfo e levo até minha boca a sinto salivar, mas uma mão metida o rouba.

— Ei! Devolve meu bolo

— É só um pedaço! Você tem um bolo inteiro para você – Rafael argumenta me tirando do sério. Era sempre assim. Tudo era bom e maravilhoso antes dele chegar e acabar com minha paz.

— Você nem gosta de coco! – reclamo.

— Mas eu gosto de irritar você – dá de ombros e tenho vontade de jogar o garfo em sua garganta, mas sou impedida por meu pai entrando na cozinha.

— Pelo visto já se encontraram.

— Tio Ricardo! – Rafael cumprimenta animado meu pai e percebo o quanto ele crescendo e já está maior do que antes.

Rafael RafaelaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ