[04] mulher, carros e pipocas

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Havia passado alguns dias desde que cheguei a búzios e desde que Rafael me fez a tal proposta, na qual a gente estava honrando de verdade, o que me assustava um pouco já que passei cinco anos da minha vida vivendo que nem cão e gato com ele – como diz minha mãe.

No dia seguinte do jantar, ele foi tão educado e prestativo comigo que tia Ana chegou a perguntar se ele estava bem, se durante as manobras de surfe, ele não bateu a cabeça em alguma pedra e com sua resposta negativa, um sorriso apareceu no rosto da mãe dele que me fez ter a certeza do que ele tinha dito na noite anterior. Eles ficavam mal com nossas discursões.

Então era por isso que eu agora estava indo com ele em direção ao um Super Mercado comprar nosso almoço. Apenas para agradar nossos pais. Óbvio.

Ando os corredores fazendo um zig-zag entre eles o que faz Rafael reclamar no meu ouvido.

— Você não pode pegar simplesmente tudo de uma seção e depois ir para outra? Já viemos nos congelados umas quinze vezes.

— Dessa vez eu só vim pegar meu sorvete — me explico fazendo com que ele abra a boca e depois fecha novamente.

— Você não existe Rafa.

Sorrio e seguimos para o caixa para pagar nossas compras e quando estou quase passando o meu cartão – vulgo dos meus pais - Rafael se mete no meio e coloca seu na maquininha. O encaro com expressão de tédio e quando percebe sorrir para mim e dá um pequeno peteleco na ponta do meu nariz.

— Cortesia da casa.

Enquanto ele coloca a senha e espera a caixa confirmar a compra, eu passo por ele e vou para o outro lado do balcão. Pego uma parte das sacolas de plásticos e espero por ele e observo enquanto a caixa o olha toda encantada e ele nem ao menos dá a mínima. Por que homens são sempre assim?

Rafael guarda o cartão e a nota fiscal em um dos bolsos de sua bermuda e depois pega o resto das sacolas que ficaram em cima do balcão. Saímos do ar-condicionado maravilhoso do Super Mercado e caímos em cheio no solzão quente de quase meio dia, agradeço silenciosamente por ele não ter dado ouvido a minha ideia de ir a pé e não ter estacionado o carro tão longe. Já que eu tinha que concordar que as vezes eu tinha ideias absurdas.

Coloco junto com ele as sacolas no porta malas e depois volto para a frente do carro com Rafael.

— Posso levar o carro? — peço enquanto ele destrava o alarme e antes de abrir a porta para entrar.

Ele me olha por cima do carro e joga a chave para mim.

— Só não bata, ok? — Rafael diz quando se aproxima de mim me fazendo sorrir. Eu não iria bater, já que como mamãe havia me dito enquanto me ensinava, eu sou melhor do que muito homem no volante. Só faltava a idade para tirar a carteira, mas essa data estava se aproximando cada vez mais.

Já dentro do carro, levo o banco um pouco mais para frente para conseguir alcançar os pedais, já que não tinha as pernas enormes que Rafael tinha. Ligo o motor aos olhos atentos dele sobre meus movimentos e engato a ré para poder sair da vaga de estacionamento, depois já posicionada mudo para a primeira e acelero para sair de frente do super mercado. O caminho de lá até em casa não era perto, mas também não era muito longe.

Eu já gostava de dirigir, ainda mais com a vista que tínhamos em alguns pontos da estrada era maravilhoso, principalmente quando nos aproximávamos da nossa casa, já que ela se localizava em uma parte alta e tinha uma das vistas mais bonitas que eu já tinha visto. Estacionei em uma das partes gramadas já dentro dos muros de casa e abri o porta malas onde estava nossas sacolas.

Rafael RafaelaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora