Capítulo 4 - Uma visão do paraíso

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Elliot não estava tão desesperado assim para o início da nova semana. Estava vivendo a sua vida normalmente, tinha até mesmo esquecido do ocorrido...

Fora Elliot dessa vez que chegou um pouco mais cedo. Como sempre deitou sobre seus braços na mesa e começou a pensar sobre a sua vida. Aos poucos a sala foi enchendo, ele ergueu a cabeça em busca do seu amigo. Queria apenas poder falar com ele, ele nem precisava ouvir: "Desculpa, cara", apenas um: "Oi.". Mas tinha que ser dele, de mais ninguém.

Ele finalmente havia chegado, quando os olhos dos dois se encontraram, os dois até abriram um sorriso. Elliot até percebeu que Gregory estava andando mais rápido do que o normal. Ele então jogou a mochila no chão e falou:

- O...

Se não fosse por um puxão na sua camisa, o tão esperado "Oi" teria sido ouvido. Lysa o havia puxado para sentar ao lado dela. Deu para perceber o seu sorriso cínico. Ele sentiu uma raiva incontrolável, algo que nunca havia sentido por uma garota. Até aquele momento. Ele olhou para Gregory e em resposta veio uma cara de desnorteamento. Ele abriu a boca para falar algo para Elliot, nada saiu.

Não era isso que Elliot esperava depois de longos treze dias sem falar com Gregory. Ele fez uma cara de irritado e conformação e se virou e focou em uma sujeira no quadro, ele apenas queria não olhar para Gregory. Queria mostrar que estava realmente irritado, e não apenas sentindo saudades do amigo.

A aula havia começado, e para o seu prazer ninguém se sentou ao seu lado. E esperava que a qualquer momento Gregory escorregasse da mesa de Lysa e viesse para a sua. Isso realmente não aconteceu. Dez, vinte, trinta minutos se passaram. E apenas o que aconteceu foi o professor passar exercícios de pinturas com o contorno da cor que eles queriam que fossem e não com o preto, como ele normalmente fazia. Para a sua surpresa, foi muito fácil e menos trabalhoso.

Um pedaço de papel bateu na sua cabeça e caiu no chão. Ele olhou para Gregory e o mesmo fez sinal para que pegasse o papel.

"Sinto muito."

Sinto muito? Com tantas outras coisas para falar, ele escreve, "Sinto muito?" pensou ele. Amassou o papel. Deu um positivo para Gregory, sem nem olhar para o tal e continuou a desenhar o seu canário.

Gregory desenhou um lírio. Perfeito. Sem uma única falha. Lysa olhou o desenho e falou:

- Mas... que flor linda! Você desenha perfeitamente!

- Obrigado. – falou ele desapontado. Gregory queria que ela, ao menos, perguntasse o que aquilo significava para ele.

- Olha o meu desenho.

Ela havia desenhado uma praia, não era um desenho bom, mas também não era ruim. Ele apenas olhou para ela e falou:

- Bonito desenho. O que significa?

- Nada. Só queria desenhar uma praia mesmo. - ela respondeu dando de ombros.

- Ah - Gregory depois deu um falso sorriso, segurando seus olhos, que queria dar uma volta completa em suas órbitas -. Tudo bem, então. 

Ela sorriu e foi terminar.

Gregory olhou para Elliot que já havia terminado e estava desenhando algo em seu braço com uma caneta. Depois olhou para Lysa. A garota não se importava com os significados dos seus desenhos, não se importava com eles, não fazia nada como Elliot, muito menos desenhava como ele. Sentia falta dos seus pássaros e da melancolia que os dois compartilhavam da vida. Ele respirou fundo e falou:

- Me desculpa... – ela olhou em seus olhos - Mas... Eu não...

- Alunos! – chamou Daniel – Nesses últimos minutos de aula, tenho um informativo. Próxima semana, iremos acampar na floresta! – toda a sala gritou. Gregory olhou para Elliot e foi o que esperava, ele não moveu um único músculo – Todos devem ir, porque vale ponto. Vai ser legal! Será em dupla, então escolham antes de entrarem na floresta, porque cada uma terá a sua tarefa. Peguem os papéis em cima da mesa e levem para os seus responsáveis assinarem.

Pássaros EstranhosWhere stories live. Discover now