A travessia pelo Atlântico estava sendo tranquila. O fim do outono se aproximava e mesmo que o sol já aquecesse as manhãs, o frio era dominante durante as madrugadas. E era ainda mais intenso no meio do mar, onde a única coisa que você via era água, não importa para onde olhasse.
Em duas semanas Louis já tinha conseguido estabelecer uma rotina no navio. Pela manhã saía ao convés para apreciar a vista e respirar o ar puro, observando os marujos trabalhando e passageiros que passeavam por ali. Almoçava rapidamente por entre todas aquelas pessoas e evitava demonstrar muita formalidade para que não desconfiassem da sua linhagem, comia de uma maneira que não mostrasse tanta etiqueta e saía assim que lhe era permitido. E, quando o capitão resolvia fazer mesa aos convidados, Louis nem sequer subia ao convés, eram dias que se contentava somente com o café da manhã. A tarde visitava a parte sul do navio, pois pouquíssimas pessoas iam ali, além do que, ouviu falar que a cabine do capitão era na parte norte da embarcação.
Ótimo
Suas noites eram sempre no porão, escrevendo pequenas notas num diário que tinha trazido consigo ou lendo livros que roubava da pequena biblioteca que tinha no navio.
A pior parte dos dias de Louis eram as madrugadas. O frio era cortante e não pensou em trazer casacos mais grossos com medo de sua mala ficar ainda maior e mais chamativa. Mas, ele não estava reclamando, mal dormia, contudo fora decisão sua estar ali. Já tinha se conformado com aquela situação, então pensava positivo. Se tudo desse certo, em mais duas semanas e ele estaria pisando em terras firmes.
Em terras londrinas.
Ele tinha achado incrível não ter os famosos enjoos do mar, podendo, assim, passear por aquele navio, sentir a lombada de madeira sob os dedos lhe traziam uma sensação reconfortante. Sentia-se um aventureiro no meio do mar, podia até imaginar as lutas que poderiam ter acontecido e nos homens que morreram tentando orgulhar seu capitão.
E por falar no capitão, Louis bufafa toda vez que fracassava em sua tentativa de achar aquele homem. Já nutria uma curiosidade em vê-lo, intensificando ainda mais ao estar no mesmo lugar que ele, podendo ouvir seus gritos abafados quando era madrugada- e estava escondido no porão- ou quando precisava sair de algum cômodo por sentir as pessoas o encarando demais.
Ele queria ver o capitão.
Mas, o capitão não poderia vê-lo.Resumindo, ainda não fazia ideia de como ele era, só sabia da presença marcante que tinha. O almoço era a única oportunidade que tinha de poder conhecer o dono do navio, infelizmente, ele não podia jantar ou subir naquela hora. Era justamente ele quem sabia e conhecia todos os passageiros para quem dava carona quando atravessava os oceanos. E ele não reconheceria Louis, deduzindo que era um penetra.
Droga, ele não podia ser jogado ao mar
Ser chicoteado em público
Ser maltratado
Não podia
Afinal, era isso que piratas faziam, não era?!
Roubar e matar pessoas
No momento, o jovem estava sentado atrás das escadas onde dormia, sentindo sua barriga implorar por comida. Céus, quase não tomava banho. Não podia, era impossível sair aquele horário, comida só na manhã seguinte. Aquela sensação o desgastava, as olheiras sob os olhos evidenciavam as noites mal dormidas, a necessidade constante de se manter em alerta com medo de ser descoberto e o frio que sentia às vezes o deixava pensativo sobre suas escolhas. Mas, Louis sabia que era melhor passar por aquele pequeno obstáculo e viver do jeito que sempre quis do que continuar morando com Mark Tomlinson. Preferia morrer a voltar para Boston.
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Forbidden Love [hes+lwt]
Fanfiction[Concluído] Harry já tinha problemas demais comandando um navio, ser corsário ia além de pilhar embarcações ou matar pessoas e, em pleno século XVII, não ter sua vida ceifada no mar era um luxo. O Capitão só queria manter seus homens vivos, obter se...