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"Você está bem?" Louis ouviu seu tio perguntar, o tom de voz claramente preocupado. Não soube responder com sinceridade, por isso limitou-se a assentir levemente com a cabeça. Sentia que apenas seu corpo estava ali, sua mente insistia em fugir daquilo para não ter que pensar. "Tem certeza, Louis?" Mais um assentir desleixado e o jovem viu seu tio aceitar aquela resposta meio a contra gosto. Não o culpava, nem ele próprio se entendia no momento.

O enterro de seu pai tinha acontecido pela manhã do dia seguinte à notícia de sua morte. Louis e seu tio assumiram tudo, não querendo envolver Jay que parecia sensível e frágil demais pela morte do marido. O corpo de Mark estava tão irreconhecível que foi necessário manter o caixão fechado. Louis soube depois, pelo tio, que o padre achou conveniente purificar o corpo para que o homem pudesse seguir para o céu sem maiores dificuldades. Louis duvidava muito de que Deus fosse aceitar um ser humano como aquele ao seu lado, Mark era indigno daquele mérito. Passou a vida vendo todos ao redor do pai sofrerem de alguma forma, então, com certeza, seu final não seria no paraíso.

Louis olhou ao redor antes de respirar fundo e suspirar. Não conseguia entender como seu tio conseguia manter a compostura diante daquela tensão sombria que pairava na mansão. Logo após o enterro, os mais íntimos da família Tomlinson seguiram para a mansão cumprir com a ética social de estar disponível para a família em luto. Ele sabia que a maioria daquelas pessoas não tinham a mínima vontade de estar ali e era isso que tornava tudo tão estressante e desprezível aos olhos de Louis.

Próximo à porta de entrada da mansão, podia observar as pessoas. Todas usavam preto, mas o luxo ainda era visível e constante em cada peça de roupa, acessório e gestos. Nem em situações como aquela as pessoas deixavam de competir entre si. Viu seu tio amparando sua mãe e sorriu pequeno por saber que ela não estaria sozinha. Suas irmãs, por serem mais novas, não participavam daquela cerimônia, foram liberadas apenas para acompanhar o enterro de Mark. Dentre a família, Louis era o único que não expressava sentimentos. Não sabia o que sentia em relação à morte do pai, depois que o choque inicial passara, uma rápida e intensa sensação de liberdade o assombrou e a culpa o corroeu por sentir aquilo.

Deixando seu olhar passear pela sala de estar, seus olhos pousaram na família Smith e pôde ver Jane o observando silenciosa. O olhar da jovem era inquisidor e Louis entendeu que ela estava ali por ele e não pelo acontecido. Querendo fugir daquele lugar sufocante com cores escuras o rodeando o tempo todo, além da constante sensação de morte, obrigou seu corpo a obedecer a  mente e forçou-se a caminhar em direção à família Smith.

"Com licença, perdoe-me a intromissão. Eu poderia levar a Senhorita Smith para dar uma volta?" Perguntou calmo assim que se viu frente a eles. Agora que estava ali esperando a resposta vinda do pai dela, Louis percebeu que precisava conversar com alguém ou acabaria fazendo alguma bobagem.

"Tem a minha permissão." O homem assentiu e Louis lhe sorriu mínimo, deixando um leve selar no dorso da mão da mãe de Jane antes de oferecer seu braço para a garota.

Ficaram em silêncio até chegarem aos jardins do fundo da mansão. Eram apenas os dois ali e, após sentarem num banco de madeira, Louis suspirou cansado e Jane sentiu toda a tensão dele. A expressão corporal dele não a enganava.

"Eu não sei o que sentir." Ele pronunciou baixo, mas não a olhou. Seu olhar vagava pelo verde do jardim, a única coisa que entregava sua confusão era a expressão dura e o maxilar trincado. Jane o olhava encantada, nunca tinha tido a oportunidade de apreciar os traços masculinos e, com Louis, podia fazer isso sem medo de ser recriminada.

"Você não precisa sentir nada, Louis. Não é porque ele é seu pai que você tem a obrigação de estar triste por sua morte." O sorriso que Jane lhe entregava era doce, os olhos inocentes e observadores sorriram juntos quando Louis, enfim, a encarou.

Forbidden Love [hes+lwt]Onde histórias criam vida. Descubra agora