5"Rebecca"

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 Acabou que no dia que sai para provocar ciúmes no Eike, ainda cheguei mais cedo que ele em casa. E desde então, estamos brigando, mais do que de costume, tudo porque, estou cansada. E agora ele quer forçar um relacionamento fadado ao fracasso.

Acordo cedo na segunda e vou para a corrida que me salva de querer me jogar de um precipício. É foda quando nada mais na vida faz sentido. Eu só espero que esse novo recomeço, que é esse trabalho, me faça esquecer a merda de vida que tenho vivido.

Chego em casa, tomo um banho e me arrumo com com calça social um salto baixo e uma blusa de manga branca. Profissional e nada de vestidos para que não venha a ouvir gracinha dessa vez.

Tomo apenas um café e já ia pegando a chave do carro, mas Eike a pegou e sorriu.

— Vou te levar!

— Não precisa, Eike! Não quero atrapalhar seu dia.

— Faço questão! — Quase choro aqui mesmo, ele quer me enlouquecer, é isso que ele quer.

— Você sempre faz o que quer, não é? Vamos logo estou atrasada.

Acabamos indo em silêncio. Eike, quando estavamos perto do meu trabalho começou:

— Vamos marcar a data do casamento. — Não consegui conter a gargalhada.

— Nós vamos? Já está disposto a cumprir com sua promessa?

— Droga, Rebecca — Ele soca o volante — Você não entende?

— Não, eu não entendo porque não me ama e fica me mantendo presa a você, para de fazer esse jogo comigo e fala logo o por quê de eu não entender essa merda?

Eike estaciona em frente prédio, e rapidamente desço do carro, ele bate a porta atrás dele também.

Ele pegou no meu braço e o apertou, se aproximou do meu rosto.

— Você está sozinha, Rebecca, não é ninguém e praticamente não tem ninguém, porque até seu pai está do meu lado nessa. Ele quer que se case comigo, e eu quero me casar com você, mas nos meus termos, não no seu. Você vai escolher a data do casamento, e eu não aceito mais suas desculpinhas. — Engoli em seco, ele nunca havia me ameaçado desse jeito.

— Quero terminar isso que você chama de relacionamento, eu não vou ser um marionete na sua mão. — Minha voz sai baixa e esganiçada. O aperto em meu braço se intensifica e gemi.

— Ei, cara, larga ela! — Ouço uma voz grave atrás de mim e vejo o Ogro se aproximando, pela primeira vez estou feliz em ve-lo. — Sua mãe não te ensinou a nunca levantar a mão para uma mulher?

— Quem é você para se meter no que não é chamado, ela é minha mulher e nós estamos apenas conversando, Não é mesmo, Rebecca? — A raiva me dominou mais forte do que a razão e arranquei meu braço de sua mão.

— Vai pro inferno! — Rosnei e dei as costas para ele. Ele me pegou de novo, sem se importar que tivesse plateia, e me fez olhar em seus olhos.

 José Carlos tomou a frente e me pôs atrás dele, logo dois seguranças se aproximaram e o Ogro acrescentou.

— E aí, meu irmão vai engrossar, ou você só é valente com quem é mais indefeso que você?

 — Acha que tenho medo? Sou bom de porrada, mas sou melhor ainda com alguns advogados na sua cola. Vem dá aqui, oh? — Eike provoca dando a cara e José Carlos ia para cima mesmo, mas me coloquei entre os dois.

— Vai embora, não quero te ver na minha casa, quando chegar. — Eike riu.

— Veremos, Rebecca! Acho que já sei qual o seu motivo para agora querer isso! — Eike insinua olhando para José Carlos, Engulo em seco. Não o respondo, só espero que ele vá. Se achar que alguém é o motivo de eu querer ele longe e se afastar, eu não me importo.

Vejo-o dar as costas, entrar no meu carro e ir embora.

Solto uma respiração sofrida.

— Você tá legal?

— Eu vou ficar! — Sempre fico. Penso — Obrigada, vamos começar os trabalhos, temos muito que fazer. — Desconverso, não dando abertura para falar sobre o ocorrido.

Os seguranças já não eram vistos, voltaram para seus postos. Eu e José Carlos seguimos lado a lado em direção ao prédio.

— Não devia deixar ele te tratar desse jeito.

 — Acha que não sei? — digo com apenas um fio de voz, viro-me para ele com os olhos marejados. Porém, não permito que as lágrimas corram. — Desculpa, estou nervosa, eu só preciso de uma coisa agora. Trabalhar — Sorri de leve, tentando não parecer tão miserável.

— Acho que agora o que você precisa é de um copo de água com açúcar.

— Estou bem!

Tento me convencer disso, mas no fundo, sei como me pareço. Uma garotinha desesperada que quer correr desse hospício de mundo. E só agora percebi que o Ogro não parece tão ruim agora.

— Vamos parar um pouco na cozinha, tomar uma água e quando você tiver legal começamos o que trabalho

— Sim, preciso mostrar para uma certa pessoa, do que sou capaz.— Acabo sorrindo, foi com esse objetivo que vim trabalhar hoje. E já comecei com um belo show.

— Então, é melhor não parecer tão frágil.

— Minha fragilidade some no momento que você me deixar começar a trabalhar. Já estou melhor!— Minha cara não pode estar tão ruim.

— Tem certeza de que está mesmo bem? Temos coisas demais a resolver hoje.

 — Tenho absoluta certeza! — Deve estar com medo de eu não ser profissional a ponto de não dar conta, mais uma vez está duvidando da minha capacidade, respiro fundo e pergunto. — Por um acaso, você é o tipo de pessoa que deixa sua vida pessoal interferir no seu trabalho, Zequinha? — digo em tom de deboche, é assim que eu faço, não posso levar a sério as porradas que a vida me dá. Dane-se se vai achar que sou maluca.

— Olha só, gatinha! Eu só estava tentando ser legal porque você foi quase agredida, mas o que eu deveria esperar de uma mulher? Vocês são todas malucas! Já que você está bem, isso é ótimo! Esquece que eu tentei ser legal com você, porque eu não pretendo facilitar a sua vida aqui.

— Se é a sua maneira de dizer, vamos trabalhar, então, vamos! Rodrigo me informou sobre três eventos e quero dar uma olhada nos contratos, para começar a planejar. — José Carlos torceu a boca.

— Eu já entrei em contato com dois clientes e fechei a agenda, agora temos que ir em busca do terceiro!

— Gosto de pessoas eficientes ao meu lado. — disse, apesar de achar que ele não fez isso com boas intenções de ajudar, tenho que ficar de olhos abertos com ele. — Pode me falar um pouco sobre a equipe, Rodrigo disse que são os melhores, acredito que sejam mesmo, porém, eu preciso não só dos profissionais, mas também esforçados e honestos.

 — Somos todos profissionais, esforçados e honestos, Srta Medeiros!

 — Ótimo, então, não tenho com o que me preocupar! — Sorri sem mostrar os dentes. — Vamos nos reunir com a equipe para que eles irem se acostumando comigo e eu mesma falo com o próximo cliente. — Depois que entrei em modo trabalho, minha mente só pensa nisso, ainda bem, pois eu não quero dar razão, para que nenhum ogro duvide da minha capacidade. Eu choro quando chegar em casa ou melhor, na da Nick, eu não vou conversar com Eike nem tão cedo.

 Eu choro quando chegar em casa ou melhor, na da Nick, eu não vou conversar com Eike nem tão cedo

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Aos seus pés (COMPLETO)Where stories live. Discover now