49 Rebecca

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Não foi fácil os primeiros dias que passou depois da morte do meu pai, nunca pensei que fosse sentir tanto a morte dele.

E não é saudades, ou lamentos o que senti e sim aquela sensação de medo de que se o Zeca me deixar, de que se alguma coisa acontecer com ele. Não terei mais ninguém para chamar de família, medo de ficar sozinha. Acredito que foi bem desgastante para ele, já que eu o queria perto o tempo todo, se ele demorasse a chegar em casa, eu chorava desesperada achando que algo tinha acontecido com ele.

Como eu disse ao Zeca o trabalho me mantinha ocupada e não me deixava pensar nessas coisas e com o tempo, tudo foi se acalmando e voltando ao normal. Não me sentia mais tão neurótica.

Os meses voaram e minha barriga ainda é minúscula, mas a médica disse que está tudo bem, que é forte e saudável como um touro.

O danadinho, até hoje não abriu as pernas. Hoje vamos fazer mais uma tentativa para saber o sexo. Estou ansiosa e minha mão não para quieta.

— Será que você vai abrir as pernas hoje? — Eu conversava com o bebê e Zeca ria ao meu lado, tocando minha barriga que mexeu ao simples toque dele. Eu achava incrível a conexão que ele tinha com o bebê. A primeira vez que mexeu, foi com ele e nós ficamos eufóricos. Daí para frente ele não parou mais. E quando o Zeca toca é uma festa ainda maior. — Chuta o sexo? — Pedi enquanto ele seguia com a mão onde o bebê mexia. A sala de espera está um pouco fria e caço um casaquinho fino para colocar nas costas.

— Nunca fui bom com chutes! O que você acha?

— Menina! — Dei de ombro, não me importo se errar. — Consigo imaginar ela correndo e dando trabalho quando arrumar namorado! — Ri da cara do Zeca. — Não ta achando que nossa filha vai ser freira, né?

— Eu vou virar, Zeca, o estripador!

Rolei os olhos.

— Já vi que vou ter ajudar minha filha a pular a janela! — Zeca me olhou como se eu tivesse duas cabeças. Acabei rindo.

— Você não faria isso! — Ele soou desafiador.

— Claro que não, bobinho! — Estava quase soltando uma gargalhada, quando meu nome foi chamado e entramos no consultório da doutora Fernanda.

— Bom dia, como vai os pais do ano? — Ela sorriu simpática.

— Bem ansiosos! Será que hoje vai dá para saber o sexo. — Ela sorriu.

— Quem sabe? Talvez seu bebê seja tímido! — Brincou.

— Acho que ele só é pirracento como a mãe!

Ri e o olhei fugindo indignação.

— Ora, essa eu sou uma pessoa muito fácil de lidar. — Alisei a barriga.

A doutora riu.

— Bom, vamos lá!

Ela mandou que eu trocasse a roupa para um roupão verde.

Me acomodei na cama e logo estávamos ouvindo o coração do nosso filho, não tem jeito, eu sempre me emociono e choro. Zeca alisa meus cabelos enquanto a doutora passa o gel na minha barriga. Ela nos olha sorrindo.

— Já sabem o nome que vão dar para ambos os sexos? — Olhei para Zeca.

— Se for menino João Miguel. Se for menina, ainda não decidimos.

— Então não vão precisar escolher outro nome! João Miguel logo chegará para alegrar ainda mais a vida de vocês! — Sorri emocionada.

— Não vou precisar ajudar a fugir! — Eu ria e chorava. Zeca me abraçou feliz e beijou minha boca.

— Maluquinha! — Ele riu — Vou jogar muita bola com esse moleque, não é, João?

— Acho que ele vai ser mesmo jogador de futebol, ele chuta horrores. — Zeca riu. — E acho que ele já é seu fã!

— Meu filhão ama o papai, não é? — Ele ajoelhou-se e beijou a minha barriga — Mainha vai ficar louca de felicidade com esse moleque!

— Com certeza vai, mas eu tô com medo de literalmente sair rolando de lá dessa vez! Se já me fazia comer sem estar grávida, imagine estando? — O olhei arregalando os olhos. — Promete que vai correr atrás de mim?

— Prometo que não vou tirar os olhos de você!

Ri e logo nos despedimos da Doutora e estávamos voltando para casa. Paramos no mercado, pois queria comprar umas porcarias para assistirmos um filme.

Assim que chegamos, nos aconchegamos no sofá, Zeca comia uma batata rufles e eu estava com um pote de sorvete na mão e o biscoito torcida que tanto queria ao meu lado.

Fiz uma careta. Acho que não estou comendo isso direito. Olhei para o sorvete e para o pacote de biscoito. Minha boca encheu d'água. Abri o pacote e joguei tudo dentro do sorvete e misturei.

Gemi de tão gostoso que é. Zeca me olhava meio torto e confuso.

— Amor, Isso tá uma delícia, você quer? — Falei com a boca um pouco cheia.

— Definitivamente, não!

Dei de ombros.

— É bom que sobra. — Matei o pode de sorvete todo, com o Zeca me olhando horrorizado.

 — Matei o pode de sorvete todo, com o Zeca me olhando horrorizado

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Aos seus pés (COMPLETO)Where stories live. Discover now