Capítulo 19

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O sol ainda não havia surgido no horizonte, o céu estava em um azul acinzentado dando ao amanhecer calmaria, tranquilidade. Seguíamos os guias que se encontravam na mesma formação do dia anterior, enquanto Mauro seguia na frente do grupo, Maria monitorava o meio e Luiz era o último. Ninguém dizia uma palavra, provavelmente este era o reflexo do acordar cedo. Uns pareciam estar dormindo em pé enquanto outros tentavam despertar com suas músicas ecoando dos seus fones de ouvidos dos seus celulares sem sinal. - "sem sinal!" - o pensamento me levou direto para casa e para meus pais, eu não havia dado o sinal de vida, desde que cheguei ao acampamento, mesmo tendo dito que faria assim que chegasse.

A aflição correu pelo meu corpo, me fazendo estremecer, Lucas que caminhava de mãos dadas comigo, pareceu notar ao largar minhas mãos e abraçar-me.

— Tudo bem? - Ele pergunta baixinho, me aproximando dele. Respondo que sim com a cabeça, em um sorriso confiante, não havia nada que ele poderia fazer ao respeito e eu não queria preocupá-lo.

— Tem certeza? - Ele insiste, com uma expressão séria.

— Sim, está tudo bem! - Digo com a voz quase falhando, enquanto retribuo seu abraço. Lucas sorri em concordância a minha resposta.

— Vamos fugir deste lugar? - Ele pergunta sorrindo e cantando bem baixinho, olhando para o algo no horizonte, sua expressão era leve, divertida.

— O que? - Pergunto tentando entender a intensão em sua atitude.

— Vamos fugir deste lugar, baby... - Ele canta agora olhando para mim — Igual àquela música que duas pessoas cantaram em um karaokê algum dia desses em um barzinho, sabe... Não sei se você lembra? - ele diz sorrindo.

Eu rio, lembrando perfeitamente da música, do barzinho e de... Nós. — Lembro sim - Digo encarando-o, quase envergonhada.

— Então, vamos fugir deste lugar... - Ele canta baixinho ao pé do meu ouvido, o que me faz rir, e sua voz tão próxima faz meu corpo arrepiar, tento disfarçar o meu sorriso e a vibração que sinto correr por mim.

— Hum... Acho que foi você quem me chamou para vir para o acampamento e agora quer fugir dele? - Sussurro em ironia.

— Mais ou menos isso - Ele diz com os olhos sorrindo tanto quanto seus lábios — Pelo menos essa é a minha intenção, fugir desse monte de pessoas e passar mais tempo com você - Sua expressão muda de divertida para séria quando ele me encara — Esse foi o motivo pelo qual te chamei para vir, para passar mais tempo com você. - Ele diz parecendo avaliar cada palavra que acabara de sair de sua boca.

Meu rosto queima, estou sem palavras diante de sua revelação, tudo o que eu sentia era um êxtase que crescia dentro de mim diante daquilo, daqueles dias, cada sentimento por ele parecia crescer a cada segundo e eu não conseguia mensurar ou parar, eu estava perdida nos sentimentos que eu tinha por ele.

— Lucas... - Minha voz falhou — Eu...

— Não... Não diga nada - Ele fala antes que eu pudesse dizer o que quer que seja que eu fosse dizer — Melhor ficarmos - Ele me olha, ainda parecendo confuso — Mas isso só significa que não vou fugir com você, por enquanto. - Ele completa sem tirar os olhos brincalhões dos meus. Eu absorvo cada palavra como uma promessa, mesmo sem saber se algum dia vai se realizar.

— Chegamos - Escuto a voz de Mauro finalmente dizer, após uns vinte minutos de caminhada.

— Uau! - Suspiro diante do lugar incrivelmente bonito a frente dos meus olhos.

Uma cachoeira de mais ou menos uns vinte metros, era cercada por árvores, pedras e delicadamente tocada pelo nascer do sol em sua extensão. Dois pequenos arco-íris pareciam flutuar sobre suas águas em cascatas, que se encontrava com o rio, formando uma imensa lagoa. Ao se afastar da cachoeira o rio afunilava entre duas paredes enormes de terra, nesse ponto havia uma ponte de cordas e madeiras, que ligava uma margem a outra do rio.

Ele e Eu - By Nathalia FavaretoWhere stories live. Discover now