XXVI - Conserte Meu Coração

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"Não me deixe com toda essa dor. Não me deixe aqui fora na chuva, volte e traga de volta o meu sorriso. Venha e jogue essas lágrimas bem longe. Eu preciso dos seus braços para me abraçar agora!
As noites são tão cruéis... Traga de volta aquelas noites quando eu tinha você aqui ao meu lado."
Toni Braxdon

Logo que Victoriano saiu, Inês se derramou em lágrimas, se perguntando porque Alexandre fugiu e não a procurou. Mas, logo alguém bateu na porta. Duas batidas leves e ela sentiu quem seria e correu para abrir a porta. Quando seus olhos bateram nos de Alexandre, ambos estavam em pranto e diferente do que ela imaginava o garoto se jogou nos braços dela, a abraçou forte e de primeira disse:

- Mãe... Minha mãe. - ambos choravam e Inês só conseguiu abraçá-lo mais forte. - Eu senti que tinha algo errado... Eu...

- Não importa isso agora, meu filho. - Inês se separou um pouco para mirá-lo nos olhos. - O importante é que você sabe de tudo e está ao meu lado.

- Me deixe ficar aqui... - disse Alexandre sem rodeios e tomando Inês de sorpresa.

- Claro, meu amor. Sempre que você quiser. - Inês enchugou as lágrimas no rosto de Alexandre.

- Eu quero morar aqui. - Inês se calou, com essa reação ele demostrava magoa pelo pai e ela não poderia julgá-lo.

- Vem, filho, vamos tomar algo para nos acalmarmos. - disse Inês, fechando a porta e puxando Alexandre em direção a cozinha, mas ele se negou a andar.

- A senhora não respondeu.... - Inês sorriu levemente.

- Você pode ficar o tempo que quiser. - Alexandre andou para a cozinha sem dizer nada e Inês o seguiu sentindo alívio mas no fundo pena de Victoriano, pois o medo que ele sentia não era sem razão.

❇️

A noite chegou sem pressa. Inês não saiu de casa e passou todo o dia conversando com Alexandre sobre o que a conteceu com ela antes e depois do nascimento dele, e Alexandre contando com detalhes a vida que ele levava como menino "quase de rua" e quando passou a morar com o pai. Houve partes, enquanto Alexandre, deitado no colo de Inês, falava da vida de Victoriano, deixou Inês incomodada. Alexandre falava da má relação do pai com a própria esposa e da má pessoa que Debora se mostrava ser às costas de Victoriano.
Não era de se esperar o contrário.

Quando a noite estava avançada, Inês percebeu que Rosário não chegaria, talvez seu pedido de pela manhã a alertou de que Inês queria estar só. Rosário a conhece bem. Com isso, vendo que os olhos de Alexandre já estavam vermelhos, Inês decidiu que era hora de dormir.

- Vamos dormir, filho. - Alexandre se levantou do colo da mãe e a seguiu até o quarto de hospedes, mas não entrou. - Aqui será seu quarto. Amanhã veremos uma nova arrumação, pintaremos com sua cor favorita e... Mudaremos os móveis...

Inês falava de coisas fúteis para Alexandre, mas que causaram lágrimas no menino. Era a mãe dele ali. A mãe que ele sempre sonhou conhecer e ela o amava. O amava muito. Ele não foi abandonado, ele foi arrancado de uma mãe qur o amava e ela estava ali, planejando seu quarto como deveria ser ao ele nascer. Isso era mais do que ele esperava, ela era mais do que ele imaginava e as vezes em que ele desejou tê-la como mãe, de repente, se tornou real, como se, de certa forma, o gênio da lâmpada mágica o houvesse escutado.

- Alexandre? - Inês percebeu o silêncio do filho e o olhou sorrindo. Alexandre saiu do transe e sorriu.

- Oi... - ele passou a mão nos lisos cabelos de sua cabeça.

InêsOnde histórias criam vida. Descubra agora