Capítulo 1- A Ruptura

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O ano de 2020 foi agradável até. O clima já não estava tão louco como nos anos anteriores e a expectativa para as olimpíadas do Japão era grande. E foi justamente logo após a abertura olímpica que tudo começou, devagar e progressivamente.

Após a grandiosa e tecnológica abertura feita na terra do sol nascente, um apagão deixou Tokyo no escuro. O governo nipônico anunciou ser um ataque de um grupo contra o evento, que interromperam o fornecimento de energia na região. Embora outros blackouts ocorreram simultaneamente em uma parte da França, Estados Unidos, Rússia, Canadá, China e na Argentina, os governos alegaram ser uma coincidência, acobertando o real motivo culpando a falha humana, já que 'todos estavam assistindo a abertura dos jogos olímpicos'.

Semanas após o encerramento oficial das paraolimpíadas, pequenos casos de luzes misteriosas em algumas fotos começaram a aparecer na web. A princípio somente em algumas regiões até constatarem ser em toda a área onde houveram os apagões. Teorias começaram a surgir a medida que mais e mais fotos eram tiradas dessas 'energias luminosas' que apareciam até em câmeras simples como as VGA. Mas antes mesmo de qualquer governo se pronunciar, o mundo inteiro foi tomado por um blackout que durou cerca de duas horas. Aqueles que acompanhavam as teorias conspiratórias saíram de suas casas com celulares em mãos para registrar o que aconteceria.

Vários veios energéticos foram registrados por todo o mundo em fotos e vídeos. Grandiosos feixes que ascendiam em direção ao céu, deles saiam várias névoas, por assim dizer, de cores que alternavam conforme se moviam, atravessando o ar, prédios e pessoas. Três dias após o ocorrido a ONU fez um pronunciamento a nível mundial.

Um experimento que visava a transmissão de comunicação por frequências de radiação iônica, ao qual estava sendo desenvolvido em várias partes do mundo, entrou em colapso logo após a abertura olímpica danificando a estrutura elétrica dos laboratórios que resultou nos apagões naquele dia. Porém o incidente não deu fim aos testes, tendo consertado os equipamentos  foram religados e um novo teste foi realizado, dando origem a uma energia luminosa não visível a olho nu, a qual era inerente a força gravitacional ou a matéria, sendo estudada então pelos mesmos cientistas e nomeada de Pó, uma referência a obra de Philip Pullman. Embora o blackout global não tivesse ainda uma explicação, as fontes do Pó estavam sendo estudadas constantemente, embora não tivessem nenhum impacto ambiental ou traços radioativos, sendo assim indiferente a vida em nosso planeta.

Meses se passaram e grupos foram se formando, prós e contras ao estudo dessa energia. Alguns chegavam a afirmar que parentes, antes em estado terminal por causa de câncer, tiveram uma melhora significativa após o aparecimento das fontes do Pó, enquanto outros diziam que adoeceram gradativamente pelo mesmo motivo, embora nenhuma das teorias fossem comprovadas cientificamente. Mas a comoção entorno do assunto foi o suficiente para que um exame obrigatório fosse feito com a população para analisar se o Pó havia causado ou não algum efeito nas pessoas.

Quando todos já estavam acostumados e despreocupados com o assunto, um grandioso abalo tectônico ocorreu. Era 17 de outubro de 2023 quando o maior movimento do Círculo de Fogo no Pacífico foi detectado. Cidades vieram a baixo com os terremotos enquanto outras foram lavadas pelas ondas gigantescas. A preocupação do mundo se voltou mais uma vez aos desastres tectônicos, marítimos e ambientais.Diversos governos prestaram ajuda aos países afetados, embora sua atenção estivesse de fato voltada as fontes do Pó.

Ao passo em que uma grande área era devastada, as fontes se convergiam pelo céu até se unirem a fonte mais próxima criando vários arcos energéticos. A atividade do Pó se intensificou e ao invés de ser emanada, começou a ser atraída pelas fontes. A sobrecarga era eminente, mas a preocupação era em relação ao resultado de tamanha sobrecarga.

Foi então que no dia 20 de outubro ocorreu a primeira explosão. A fonte situada na Califórnia, Estados Unidos, explodiu com a sobrecarga, desaparecendo daquele lugar ou assim pensaram os cientistas. Mas quatro horas depois, um grande ruído foi ouvido por toda a região. E uma rachadura apareceu no ar. Pelas câmeras ela era luminosa e radiava Pó, a olho nu era algo praticamente imperceptível, poucos conseguiam ver um fino traço vertical que se craquelava no ar.

A Ruptura, como foi chamada, causava uma pequena radiação eletrostática em um raio de meio metro, o que foi suficiente para o governo isolar a área por precaução. Câmeras especiais foram instaladas ao redor da ruptura para acompanhar sua atividade. Até que no dia 22, ás 4:48 da manhã, a câmera filmou a ruptura se abrir horizontalmente e dela sair um ser desconhecido. Era bípede, mas não havia nenhuma criatura na face da terra que fosse semelhante a ele. O ser ao sair da ruptura, olhou a sua volta e correu saltando sobre os obstáculos que estavam a sua frente até chegar a uma das câmeras. Com um único gesto, ele concentrou o Pó em uma nuvem que atingiu todas as câmeras sequencialmente, derretendo todas elas.

Uma semana após o ocorrido, três carros pretos e sete agentes do governo estavam batendo a minha porta.

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