The Frontier Hunter

Capítulo 4 - Treinamento

O primeiro treinamento que tivemos com Godoy era para testar nossa aptidão física, lógica e estratégica. Era basicamente um jogo. Tínhamos um objetivo, conseguir chegar até Godoy; uma condição, evitar cinco tiros; um ambiente com dificuldades, as armadilhas que formavam becos e estreitas passagens pelo chão; e por último o inimigo, o agente ao qual era também nosso objetivo. Mesmo assim, confesso que não foi nada fácil.

Nesse treinamento descobri que ser atingido por aquela arma causa uma câimbra momentânea em toda a musculatura, além de uma falta de ar que juntos fadiga muito o corpo. Portanto a cada vez que era atingido, mais difícil ficava continuar correndo e esquivando dos disparos. Descobri também que a moça se chamava Kassie, e que sua aptidão física era muito melhor que a minha, o que fez com que ela fosse atingida apenas uma vez e concluísse o objetivo. Enquanto eu fui atingido três vezes e cheguei a apenas cinco metros do agente.

Assim que terminou o treinamento fomos levados aos nossos dormitórios, que eram um de frente ao outro, e instruídos sobre os banheiros. Tomei uma ducha e, de volta ao dormitório, aproveitei para ler o conteúdo da pasta. Além de normas, restrições e especificações sobre a nossa 'nova vida', continha plantas da base ao qual estávamos, explicações sobre as suas atividades bem como uma explicação mais detalhada sobre a necessidade de estarmos ali.

O documento falava que o Pó já estava sendo estudo a mais de vinte anos, embora antigamente sua presença em nosso mundo fosse mínima. As primeiras pesquisas mostraram que somente em ocorrências de grandes auroras boreais era que uma pouca quantidade dessa energia entrava em nosso mundo, o que motivou sua nomeação segundo a obra literária. O Governo só começou a se ater a essa energia depois de um grupo de cientistas na Áustria descobrirem que ela podia atravessar materiais sólidos sem sofrer nenhum tipo de alteração.

A partir de então vários testes começaram a ser feitos, mediante a quantidade existente de Pó. Já que de nenhuma forma era possível recriar essa energia, os cientistas trabalharam em uma estrutura para armazená-la. A principal pesquisa desenvolvida com essa energia foi na parte de comunicações. Se conseguissem fazer o Pó transportar uma mensagem até outro ponto de modo direcionado, não haveria como interceptar a mensagem ou modificá-la, o que seria muito útil para quesitos secretos e militares. Porém ninguém nunca soube ao certo como fazer isso acontecer.

Batidas na porta interromperam minha leitura. Kassie e uma outra mulher de cabelos negros e terninho preto estavam me esperando.

- Por favor senhor, nos acompanhe.

Fomos levados até um laboratório, onde o agente Jossef estava nos aguardando junto com um cientista. Foram feitos exames básicos, como aqueles admissionais em empresas, depois Jossef nos indicou cadeiras e se pronunciou.

- Sei que possuem muitas perguntas, mas elas só serão respondidas futuramente. Quero dizer que amanhã começarão a fazer treinos e cursos específicos conforme as habilidades e capacidades de cada um. Ao estarem aptos, farão testes para comprovar as capacidades adquiridas e, somente então serão escalados para missões externas. Seus próximos tutores ficarão encarregados de sanar suas dúvidas. Estejam prontos às sete. Dispensados.

E assim como dito, fomos treinados, separadamente. Após cinco meses de treinamentos físicos, psicológicos e visuais, tanto eu quando Kassie tínhamos mudado. Ela que treinava muito mais combate e habilidades físicas, não só tinha adquirido mais massa muscular, como também um novo visual. Usando roupas de couro e um casaco adaptado para as suas habilidades, além de raspar parte de seus cabelos, dando a ela um ar de seriedade inexistente na primeira vez que a vi.

Eu tinha deixado a barba crescer, não muito, o suficiente para mudar um pouco meu rosto. Perpetuei o uso de terno preto dos agentes, mas com alterações que me seriam necessárias. Assim como Kassie também ganhei massa muscular, embora fui treinado para habilidades visuais e mentais. Encontrar certos objetos em lugares amplos e atulhados de coisas com apenas um olhar, estratégias, novos idiomas e claro os dados técnicos sobre o que era necessário.

Só então fomos convocados, após cinco meses de treinos diários. Estávamos animados, após cinco meses longe do mundo em treinamento tático militar, sairíamos da base para averiguar uma discrepância na ruptura em Paris. Não era para ser nada além de um novo padrão do Pó ou algo similar. Não era para haver um grupo roubando a energia da ruptura com aparelhos altamente tecnológicos. Não era para Kassie e eu sermos alvejados por tiros e, principalmente, não era para roubarem uma ruptura.