CAPÍTULO 26

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Olhar para aquele rosto e vê-lo ao meu lado parecia certo. Mas pensando pelo lado de minha amiga Clara, já não parecia mais tão certeiro. Acariciei seus cabelos observando seus olhos abrirem lentamente mostrando para o mundo o quanto claro e brilhante era seu olhar.

- Acordada?

- Sim. Estava te observando.

Um sorriso extra largo de orelha a orelha abriu em seu rosto e assim levantou dando um beijo em minha bochecha.

Me levantei, preparei um café da manhã para nós e o tomamos calmamente.

Durante o café, recebi uma ligação do Mauro e é claro que eu não iria recusar.

- Beth, cheguei. Quando vem?

Olhei para Charles e ele deu de ombros, para que eu decidisse.

- Daqui a uma hora, pode ser?

- Não se atrase, estou morto de saudades.

- Eu também, maninho.

Deixei o celular sob a mesa e voltei a tomar meu café.

- Espero que sua intimidade comigo seja maior com a que tem com ele. - Fingiu seriedade mas eu sabia que ele estava apenas amenizando o clima quanto a noite passada.

- Ainda não. - Dei um riso. Fui para o banheiro e ele apenas riu e tornou a terminar o café.

Tomei um banho longo e quente e fiz minhas higienes, ansiosa para encontrá-lo e o trancá-lo naquela casa para que não vá mais embora.

Só esperava uma coisa, que o Dylan não estivesse lá. Seria decepcionante e o clima ficaria tenso. Não teríamos e não conseguiríamos produzir uma conversa agradável com sua presença.

Saí do banheiro e vesti um vestido longo florido, com uma rasteirinha e o cabelo em um rabo.

- Uau! - Me olhou dos pés a cabeça. - Se eu pudesse tomar café todos os dias vendo você, não precisaria de mais nada.

Um sorriso corado saiu do meu rosto me mostrando agradecida.

- Como nós vamos? - Perguntou enquanto passava seu perfume. Ele estava pronto.

Descemos a escada insinuando nossa saída.

- Andando. - O olhei enquanto abria a porta de casa para sairmos.

- Então você gosta de andar? - Segurou minha mão.

- Não sei dirigir. - Me olhou rindo. - E eu amo andar.

Andamos até a casa do Mauro, que mal esperou batermos na porta quando abriu e nos convidou a entrar.

A casa continuava com os mesmos móveis e do jeito que deixara quando se mudou de volta para Barking. Como a família é bastante afortunada, uma diarista fica cuidando da casa.

Ao entrar, Mauro veio em minha direção e dessa vez não me abraçou como todas suas recepções.

- Não vai me abraçar? - Perguntei.

- Seu namorado achará ruim. Eu respeito isso.

- Isso é verdade, Charles? - O olhei aguardando uma resposta, negou com a cabeça nos convencendo de que não haveria esse tipo de impasse.

- Sendo assim, vem cá Bethzinha.

Pulei em seus braços abertos que me esperavam, me apertavam e me rodavam. Era confortável estar ali, matando a saudade. Com tantos anos longe, cada encontro que tínhamos era como se não nos víamos a mais de dez anos. Sempre demos prioridade a nossa amizade.

INESPERADO AMOR [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now