Discalculia { ljp • zjm }

L is for Lauren; G is for Shawn

- Shawn...

Lauren não foi capaz de dizer mais que o nome do seu aluno. O jovem secou o rosto molhado de lágrimas antes de se virar para falar com a professora.

- Está ruim, s-senhora Jauregui?

A mulher sentiu o nó da sua garganta aumentar. O choro preso e a dor representada nos traços do menino faziam Lauren largar a postura de professora e abraçar aquele menino.

Ele ainda achava que a expressão de Lauren era devido ao talento dele? - era fofo e ainda mais doloroso para a docente de artes.

- Não! - se apressou em dizer - De forma alguma! Está... Incrível! Eu estou sem palavras. - o sinal tocou e todos os alunos pareceram se agitar - Não precisam assinar, tudo bem? Deixem onde estão e eu os guardarei. Mas, antes de irem embora, escutem: Sentir medo não é errado. É até bom. - falou rapidamente mais algumas coisas e dispensou a turma, exceto por um aluno - Shawn? Eu posso falar com você, querido?

Ele assentiu e a mulher foi até a porta, se certificando de que todos os alunos estavam bem longe dali, ela se voltou para o garoto e trancou a porta.

- Mendes, eu... - suspirou - Você pode, primeiramente, me explicar o seu quadro?

Lauren tentou acalmá-lo com uma mão em seu ombro, mas o rapaz ainda estava nervoso e cabisbaixo. Se quer a olhou ao responder.

- N-não é nada, senhora Jauregui.

Ela bufou.

- Okay. Vamos fazer um pequeno trato? Pelos próximos... - procurou seu relógio de pulso - Dez minutos eu não serei sua professora de artes. Vamos fingir que eu não entendo nada de arte e sou apenas uma amiga em quem você pode confiar, porque você PODE confiar em mim, Shawn. Você pode e deve. Eu te prometo, de coração, que o que você me falar não sairá desta sala ao menos que você tome a iniciativa de dizer a mais alguém. Então, vai me dizer?

Ele permaneceu quieto e de cabeça baixa. Seus pés não paravam quietos, batendo ritmicamente e bem rápido no chão de madeira.

Lauren soltou mais um suspiro: - Podemos tentar outra pergunta? Pode me dizer quem é essa pessoa? - apontou a figura sem rosto deitada no que parecia ser o chão - Este é você?

Ele negou apenas balançando a cabeça e Lauren percebeu que ele chorava. As lágrimas caíam grossas e pesadas sobre o chão, impossibilitando que a mulher fosse capaz de segurar as suas. Ainda sim, lutou para não deixar escorrer mais que uma lágrima.

Ela respirou fundo umas três vezes, pelo menos, antes que pudesse fazer seu comentário.

- O vermelho representante da vida, laranja para cura e amarelo cor do sol. - apontou uma a uma as cores que "derretiam" do céu na obra de seu aluno - Roxo, espírito. Verde natureza e azul para dar serenidade. - soltou uma risada baixa pela interrogação no rosto pálido que agora voltava a observá-la - Talvez nem você soubesse o que essas cores significam, você só sabe que elas existem e em que bandeira elas todas se encontram juntas. Antigamente tinha o rosa e o azul turquesa, mas...

- Foram retirados por... Porque a bandeira é mais comercial com apenas oito cores. Era difícil trabalhar com o turquesa e o rosa.

Disse com a voz embargada pelo recente choro.

- Olhe só! Você sabe disso, então. - sorriu para confortá-lo - Pode me dizer agora, querido? Quem são essas pessoas ou o que isso representa para você? Por que este é seu símbolo de medo? - apontou mais uma vez a figura no chão - Ele é alguma coisa sua? Um namorado, um amigo, ou quem você esconde ser, talvez...