Um Colírio Aos Cegos.

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Em meu canto paro e tento usar o atributo da minha psique a serviço do pensamento mergulhado nas ideias que me surgem, uma vida sem reflexão é um descaso consigo mesmo desperdiçando as oportunidades que a vida nos oferta de aperfeiçoar a qualidade de raciocínio. Junto comigo se encontra a solidão que tem sido a minha fiel psicóloga, sempre me ouve e faz companhia nas madrugadas. Hoje andei pensando sobre a cegueira que tem  arrebatado de maneira colossal a humanidade, caminhamos como cegos curvados diante das coisas que se apresentam dia após dias, talvez essa cegueira seja motivo da nossa própria ambição cotidiana em correr atrás dos nossos interesses sem se deparar de maneira crítica com tudo que ocorrer em nossa volta e que acaba nos afetando pois estamos em constante relação com o mundo.

Seria uma estupidez não penetrar de maneira mais profunda com um olhar investigativo sobre a construção das relações, das convivências que sempre cruzam nossa existência e que tem o poder benéfico ou maléfico, isso tudo vai depende do ângulo que se analisa tais coisas. Nada é absolutamente da maneira que se apresenta, alias somos o que somos quando não temos a necessidade de demostrar ser aquilo que se cobra? O primeiro olhar das coisas como se apresentam talvez não passe de uma mera ilusão surreal de algo que acreditamos ser ou algo que gostaríamos de ouvir. Em todo tempo me questiono se apenas eu enxergo tais coisas como de fato elas são e não como elas se apresenta.

A cegueira tomou conta de nós com um poder avassalador, as gerações vivem e convivem com tanto entretenimento que já não usam mais a inteligência a serviço das especulações pertinentes a sociedade e seu modelo atual, mais preferível é não pensar pois pensar requer investimento de tempo do quer fazer uma análise sobre as questões da nossa atualidade. Andamos cegos pelo sistema que aliena aprisiona e movimenta as grandes massas como bois teleguiados e marcados pelo ferro da cegueira. As múltiplas distrações dessa geração tecnológica fez com que muitos acabassem perdendo a visão real e adquiriu a visão genérica das coisas, já não se tem mais o olhar profundo que rompe com a camada superficial das coisas e busca mais intimamente suas reais evidência oculta. Os veículos de comunicações propagam suas notícias que passam pelo critério de distribuição apenas daquilo que querem que cheguem como informação acessível a nós.

Todos os dias tragédias, quebra de valores morais, atrocidades, impiedade, preconceito são disseminados a humanidade e olhamos até com certa afeição sem se pergunta qual a causa primacial de tudo isso, sem olhar atentamente com um olha de quem busca muita mais do quer as justificativas de tais acontecimentos e vamos nos tornando cegos sobre as questões da humanidade. Andamos como cegos convictos do irreal que se apresenta como real, andamos como cegos conformados com nossa cegueira, em parte essa cegueira tem se arrastado por logas gerações e herdamos involuntariamente dos nossos antepassados. Até quando caminharemos afeiçoados com essa cegueira? Talvez o preço pago parar voltarmos a enxergar seja encara as realidades e ver nossas ilusões caírem como estátuas de barros e se despedaçarem no chão.

Eu como mais um cego busco intrinsecamente enxergar meus próprios males, as minhas fragilidades com a tentativa de revolucionar minha história e minha existência, porém luto constantemente contra a cegueira imposta que se apresenta de maneira simpática em busca de fazer mais um refém. Ando buscando muito mais do que até agora tem se apresentado como certos modelos de vida, meu ceticismo é a ferramenta usual de avaliação sobre as relações sociais, sobre eu mesmo se realmente enxergo ou tenho caminhado como um cego. Possa ser que a cegueira seja algum tipo de conduta protetiva das nossas fantasias e ilusões, que asfixia nossa consciência real dos fatos e relativiza as verdades como inverdades.

Devaneios de Um SolitárioWhere stories live. Discover now