Capítulo 1: O Almoço

2.3K 96 33
                                    

- PEDRO!

Gritei furiosa da posição estava toda torta dentro de uma bancada da pia de um banheiro. Até que ouvi a voz do portuguesinho, um dos poucos da minha equipe.

- Sim, Senhora!

- Que foi que colocou esse ponto de água aqui?

- Acho que foi o Antônio, Senhora! Deixe-me chamar!

- Não, deixa pra lá, o que adianta, não tem como trocar o lugar disso, não agora, em cima da hora. Vou dar um jeito aqui. Mas que porra, puta que pariu, vou te contar. Só pode ter merda na cabeça, ou estava pensando em outra coisa para ver que isso não ia dar certo. Só era ver a distância da torneira e o tamanho do engate. Vou te contar. Depois nós mulheres que somos distraídas, não fazemos nada direito, o que será que se passa na cabeça de um puto destes?

Juntei as duas mangueiras, agora vou colocar ela no lugar do ponto de água, então estico a minha mão para fora e peço bem impaciente:

- Chave Grifo!

Estranhei a chave que senti na minha mão, quando puxei de cara com uma chave de boca, meu sangue ferveu, estique a mão devolvendo a chave.

- Mas que porra de ajudante é esse que não sabe a diferença entre uma Chave Grifo e uma Chave de Boca?

- Se estivesses a me perguntar sobre a chuteira que prefiro usar para jogar, eu saberia lhe responder muito bem. – Sai debaixo da bancada com uma expressão chocada, encontrando um Pedro todo sem graça e espantado, um jogador com um sorriso cheio de humor para o meu lado. – Mas devo confessar-lhe que não sei diferenciar essas ferramentas, ainda mais com estes nomes.

Olhava para ele sem entender o que fazia ali, era como ver um elemento que não pertencesse a paisagem, como um navio no meio de uma estrada ou alguém na praia com um casaco de pele. Ele não devia estar ali, aquele lugar era a minha a obra, não um campo de futebol. E ele estava usando um capacete amarelo de visitante. Sim, Cristiano Ronaldo mais uma vez me pegando de surpresa, estava virando uma rotina ele me deixar sem palavras.

O meu jovem ajudante sentindo o clima pesado, saiu sorrateiramente do banheiro. Aproveitei que estávamos a sós, me levantei, perguntando para ele.

- O que faz aqui? – Sei que pude ter parecido rude, mas é que aquela intromissão fazia meu radar de confusão ou problemas apertarem ao máximo. Odiava as modificações de última hora dos clientes. – Desculpa, se tem alguma alteração no projeto para fazer, após a visita de ontem, deve falar com a Paula, ela que faz esse meio de campo.

- Então você é um dos avançados? – Ele pergunta como se quisesse entender algo que não podia ver.

- Como? Não entendi? – Fiquei confusa e então percebendo o que fazia. – Não adianta usar metáforas com futebol, eu não sei muito bem sobre isso, na verdade mal assisto as partidas da Copa, sou muito pé frio.

- Você não gosta de futebol? – Ele olha surpreso sem tirar aquele sorrisinho convencido e irritante da cara. – Uma brasileira, que trabalha cercada de homens, e não gosta de futebol.

- Pra ver só como são as coisas? Que impressionante! – Uso todo meu sarcasmo, enquanto passo por ele, anuncio alto, falando para o resto da equipe. – Banheiro 201, está ok!

- Certo, Doutora! – Veio a voz do Junior de algum lugar.

Segui a andar pelo corredor, e ele me olhava curioso, como se visse uma espécie rara de animal.

- Você tem um Doutorado? Por que não está a dar aulas em uma Universidade? – Ele perguntou impressionado.

Entrei em um quarto e logo subi em uma escada enquanto falava, seguindo o ritmo de trabalho, colocando o suporte de cortina de um lado.

It's a man's world || CR7Onde histórias criam vida. Descubra agora