Capítulo 19: A Justiça

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A Justiça tarda, mas não falha. E eu tinha pessoalmente providenciado aquele pequeno julgamento particular. Pois eu ainda tinha umas contas para acertar com o Daniel. Não podia começar uma nova etapa da minha vida, ao lado da pessoa que aprendi a amar, sabendo que ainda tinha aquela pendência pesando na minha consciência.

Fiquei em pé, no canto da sala escura, com apenas um ponto de luz no centro, sobre a pequena mesa e a cadeira, utilizado para as conversas entre Advogados e clientes. Enquanto repassava tudo em minha mente, cada fato, para lembrar de todos assuntos que deviam ser resolvidos. Vi o Agente Carcerário abrir a porta da sala, entrar arrastando o homem, e obrigando a sentar-se na cadeira, sem falar nenhuma palavra, aproveitando que Daniel não podia vê-lo, ele fez um breve aceno para mim, oculto na escuridão, uma forma de dizer "é todo seu". Mas quando ia saindo, o preso protestou:

- Ei! Não vai tirar minhas algemas?

Balancei a cabeça em meio a escuridão, enquanto pensava: "Mas é um parvo mesmo". O Agente apenas saiu, ignorando os protestos. Me esgueirei silenciosamente pela escuridão, mas o idiota deve ter escutado o ruído das minhas roupas, ou sentiu o movimento, por que ele olhou assustado para a escuridão. Só que, quando ele menos esperou, a cabeça dele já tinha sido empurrada violentamente contra a mesa, enquanto eu segurava a nuca dele com força, então puxei a cabeça do animal novamente para cima e sussurrei no ouvido dele com tom perigoso:

- Quer dizer, que tu pensaste que faria tudo aquilo com a minha namorada e nada ia acontecer contigo, gajo? Agora vais ter que acertar as contas comigo!

***

2 semanas antes

Grécia

- Ronaldo, isto já está resolvido. A rapariga já acertou as contas com este homem. Ele não vale a pena. – Tentou argumentar Jorge. – Ela mesma pediu-te para que deixasse tal assunto de lado, gajo.

- Mas eu não acertei, Jorjão! Eu não acertei! Me sinto furioso, impotente, em saber tudo que ele fez, eu li os relatórios. Se não fosse o porteiro, o senhor José, ter chamado a polícia, ela poderia estar até morta, estuprada, me dar pânico só de pensar. – Eu estava completamente irritado, como ele poderia ser tão insensível assim?

- Eu disse que não deveria ter mostrado isso para ele? – Falou Ricky cauteloso.

- Tu leste o relatório? – Perguntei furioso para o meu amigo, algo me dizia que ele ainda não tinha lido aquele show de horrores.

- Não, o Mendes apenas falou-me por alto, não entrou em tantos detalhes, agora diante desta conversa, eu entendo o porquê.

Fui até a mesa do escritório, abri uma gaveta, peguei a pasta que tem tirado meu sono as vezes e entreguei para o Ricardo, ele começou a ler e ver as fotos, os olhos alargaram-se.

- Jorge! Ele está certo! Temos que fazer alguma coisa! Sabes que não sou machista, mas esta rapariga não tem mais família, tem a amiga, mas não tem nenhum homem próximo a ela para fazer o que o Cris se propõe. Não podemos deixar isso passar em branco. – Ricky falou indignado, jogando a pasta na mesa de centro, finalmente alguém entendeu meu ponto de vista!

- Mas temos que pensar na carreira do Cristiano, se alguém falar alguma coisa, ele vai estar arruinado, até hoje temos aquela mancha da fraude fiscal. Se somar mais essa. – Fala Jorge cauteloso.

- Foda-se isso Jorjão! Isso é um ato de humanidade! – Estava impaciente, como ele poderia pensar em carreira, diante de uma situação como aquela. Era uma mulher, no caso a mulher que eu amo, que foi vitima desse louco.

- Eu tomei as medidas, ele vai ficar aqui em Portugal por enquanto, por que se for para o Brasil sabes como é?...Logo darão um jeito de solta-lo. – Argumenta o empresário.

It's a man's world || CR7Onde histórias criam vida. Descubra agora