três

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– Onde estão todos? – Harry pergunta se sentando ao meu lado num sofá na área da piscina do hotel.

– Foram curtir a cidade.

– E o que você está fazendo aqui?

Harry passa o braço pelo meu pescoço e fica mais próximo de mim. Sinto ele repousar a cabeça no meu ombro.

– Trabalhando.

Tiro o notebook do colo e coloco ao meu lado.

– Ah, não... – ele leva a mão ao rosto e bufa. – É algo sobre ontem?

– Não! – encaro a expressão de alívio que se forma em seu rosto. – Apenas mantendo contato com a Gucci.

– E como vão as coisas, Liv?

Harry me chama de Liv quando estamos sozinhos e geralmente não "canta" meu nome. Não me leve a mal, eu amo ouvir ele cantar mas toda vez que ele brinca com isso algo em mim grita "apenas amigos" e eu odeio ter essa sensação.

Liv é tão íntimo? Não é?

– Ótimas! O comercial sai em poucos dias e o resultado final está incrível!

Coloco o notebook novamente no colo e assistimos juntos a campanha da Gucci estrelada por ele.

– Essa galinha foi ótima! – ele aponta para a galinha no vídeo e ri.

– Acho que ela atuou melhor que você – dou risada. – Talvez eu deva começar a trabalhar para ela.

– Estou levemente ofendido. – Harry leva a mão ao peito e finge estar sofrendo. – Você não me abandonaria, não é?

Nego com a cabeça enquanto rio e Harry se aproxima e deixa um beijo na minha bochecha.

– Sobre ontem à noite... – Harry começa a falar mas é interrompido.

– Olívia?

James está parado na nossa frente e um sorriso enorme está estampado em seu rosto. Harry retira o braço do meu ombro e se ajeita no sofá.

– Oi, James! – saudo. – Harry este é o James e James este é o Harry.

– O cara de ontem à noite?! – Harry diz e não sei se ele está afirmando ou perguntando.

Os dois trocam um aperto de mão sem jeito e eu me levanto. James e eu nos aproximamos da borda da piscina, Harry desvia o olhar e começa a acompanhar o movimento do lugar.

– Vamos treinar hoje? – James pergunta animado.

– Sim! – digo. – Eu meio que estou trabalhando agora mas quando eu tiver tempo te mando uma mensagem, pode ser?

– Claro – ele assente com a cabeça. – Vamos ganhar! Já vou avisando, eu sou muito bom no Ping-Pong...

– Tênis de mesa. – Harry resmunga.

James e eu viramos e encaramos Harry, até então eu não havia percebido que ele prestava atenção na conversa. Harry sorri, gesticula para que continuemos a conversa e volta a desviar o olhar.

– Okay, então até mais tarde? – volto a atenção para o James.

– Até lá, Liv.

Ele se despede com um beijo na minha bochecha e segue em direção ao saguão do hotel.

– Então esse é seu parceiro? – Harry pergunta enquanto me sento novamente ao seu lado.

– Meio que é...

Coço a nuca e me preparo para contar a ele toda a história de ontem à noite, aposto que ele vai achar engraçada toda a situação... Mas ele me interrompe.

– Vocês irão perder! – ele coloca os óculos de sol e cruza os braços. – Ele chamou de Ping-Pong. Principiante.

– Dá na mesma, Harry – reviro os olhos.

– Não dá, "Li-v"! – ele enfatiza meu apelido e me pergunto porque ele fez isso.

Harry vira para a direção oposta à minha e praticamente se deita no sofá.

Respondo alguns e-mails e não demora muito para o Harry se sentar virado em minha direção.

Ele abaixa o óculos e estreita os olhos.

– Tem algo de estranho com você.

– Não tem não! – respondo rapidamente e volto minha atenção para os e-mails.

– Tem sim! – ele rebate. – Está gostando de alguém?

Merda merda merda... Sarah está certa, eu não consigo disfarçar e ele já percebeu.

Há um silêncio.

Estou trêmula.

– O que há de errado? – seus olhos verdes me encaram cheios de suspeitas. – Você está saindo com esse loirinho?

– Não, não estou... – digo completamente aliviada.

Aliviada. Pois é. É melhor que ele pense que estou apaixonada pelo James do que por ele. Esse sentimento não tem chance de ser recíproco e com que cara levaríamos nosso relacionamento profissional com o clima que ficaria entre nós dois depois do fora que ele me desse? Eu não conseguiria agir normalmente.

– Tenho te achado estranha – diz.

Não vejo necessidade de contar que conheci James poucas horas antes de ele nos encontrar no corredor do hotel. E sinto menos necessidade ainda de contar a ele que já não consigo mais aguentar olhar para ele e disfarçar o que sinto.

– Me sinto normal.

– Sei – ele arruma os óculos e volta a se deitar na mesma posição de antes.

Mas por que, raios, ele meteu isso na cabeça justo agora?

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