II.

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As vezes

eu gostaria de esquecer o passado, focar no presente, e não temer o futuro. Mas tudo isso se torna bem difícil quando se é um Kim Taehyung da vida.

É de minha natureza se lamentar das escolhas que fiz, dos caminhos que tomei, das amizades que fiz e desfiz. É claramente de minha natureza me culpar por cada ato que foi feito contra mim, e é simplesmente de minha natureza me vitimizar de coisas que hoje, já não fazem tanta diferença assim no meu dia-a-dia, embora eu ainda pense que seja errado de minha parte ver o mal como algo comum na vida das pessoas.

Sou ingênuo o suficiente para achar que tudo é unicamente minha culpa. Que por eu ser um peso, tenha que pagar por isso e àquilo. Sou ingênuo porque acredito piamente que apenas me tornei desse jeito com a intenção de chamar a atenção das pessoas que tanto ressalto não me importar.

Sou ingênuo por viver meu presente pensando constantemente no meu passado. Ingênuo por tentar encontrar desesperadamente o início de tudo.

O início da minha queda. 

Talvez tenha começado naquela tarde em que o conheci. Ou naquele pedido que fiz a minha mãe quando quis, pela primeira vez, dormir fora de casa. Pode ter sido no momento em que comecei aquela briga idiota, como também pode ter sido a parti daquela decisão estúpida que tomei em uma hora de raiva. Pode ter sido alguns anos depois, quando meus pais se separaram sem motivo aparentes para mim, ou na semana seguinte, que descobri por boca de terceiros que meu pai tinha uma outra mulher, essa que por sinal, já tinha um filho seu. E que na verdade minha mãe sempre fora a amante, a segunda, sem sequer saber. Que eu nunca fui seu primogênito, e que nossa família nunca sequer existiu de fato. Como deve ter se iniciado no dia em que surpreendentemente preferi ficar sobre a guarda do meu pai, e me vi encorajado a morar em sua casa com sua mais nova família. Já que a primeira e nem a segunda, por partes, não o perdoou. Ou melhor, pulando alguns bons anos depois, creio que tenha começado no dia em que me vi obrigado a contar para minha o que me aconteceu naquele beco escuro, quando deixei a casa do meu ex namorado por causa de uma briguinha boba, depois que, nos primeiros dias que tive que voltar para sua casa, seu novo namorado me tocou de uma forma estranha, que me fez relembrar de tudo o que passei naquelas poucas horas que para mim, pareceram infinitas.

Eu posso ter me tornado isso que sou hoje em cada um desses acontecimentos, como pode ter sido em outros igualmentes marcantes para mim. Afinal, tenho vinte e dois anos e não tenho muitas coisas boas da qual consigo me lembrar. É como se minha vida fosse uma maré de espinhos chocando-se continuamente contra meu corpo ferido e a deriva a cada cinco minutos.

Certamente, a única rosa que existe em meu mundo incapaz de me machucar é Jimin. Apesar de não acreditar que com ele seja a mesma coisa. Ultimamente, creio que eu tenha sido a única onda que o vêm afogando sem piedade nos últimos dias.

— Taehyung... — Será que se eu pensar muito na morte, ela vem bater na minha porta também? — Desculpe incomodar, eu... Você... — Ouvi seu suspiro pesado falhar, e em seguida pancadas brutas contra a minha porta repetidas vezes.

Eu saltei da cama onde passei o dia em estado de fotossíntese e corri em direção a saída do quarto. O que diabos estava acontecendo?! Agarrei a maçaneta e abri o umbral com certo desespero. Pronto para defender meu amigo de qualquer coisa que seja, porque Jimin, nem que estivesse louco, bateria na minha porta dessa forma.

— Se quer levar alguém, leve a mim dona... Morte? — Olhei para o Park que tinha os olhos arregalados me encarando como quem encara um assassino, e em seguida meu irmão, que tinha aquela feição forçada de quem não deveria rir, mas que vai rir, ele querendo ou não.

Paper Heart Where stories live. Discover now