Capítulo 1 - Caráter

39 2 0
                                    

Comumente temos o instinto de olharmos a aparência, esquecendo-nos de que nem sempre o que vemos é o suficiente, pois o que vale mais é o que há interiormente.
Ao contemplarmos a beleza exterior, nossos olhos fixam nisso e facilmente somos induzidos a algo que não tem muita coisa a oferecer. Sendo assim, não devemos olhar para a aparência e sim o caráter.

O caráter de uma pessoa é uma parte essencial de todo o ser humano. Alguns possuem bom caráter, e outros são providos de um mau caráter; isso não é contemplado pela beleza exterior, porquanto é algo mais profundo e envolve as atitudes, os comportamentos do indivíduo seja ele do sexo masculino ou feminino. Esse traço distintivo não é encontrado simplesmente numa esquina, ainda mais numa sociedade em que muitos valores morais estão corrompidos. E é exatamente ele que distingue quem é bom ou mau, quem possui honestidade ou não. Portanto, a própria bíblia nos revela o caráter cristão, considerado como o fruto do Espírito na vida de uma pessoa devota a fé cristã, como também nos revela aquilo que não faz parte do caráter cristão, da moral cristã, comumente chamados de obras da carne; e tanto um quanto outro são descritas no livro de Gálatas 5.16-26. E, para entender onde está a pessoa certa, devemos analisar o caráter...

— Aihara! O almoço está na mesa! — bradou a senhora Blanca, sua mãe, desde a cozinha, a fim de que sua filha descesse a se alimentar, porquanto tinha permanecido a manhã inteira estudando e nem sequer havia feito um lanche.

— Já estou indo! — respondeu, conseguinte, descendo a escada, apressada, e seguindo para o cômodo.

Assim que contemplou a fartura posta à mesa, questionou:

— Por que tanta comida? — Franziu o cenho e a sua mãe apenas sorriu.

— Temos um visitante hoje. Ele deve chegar junto a seu pai.

— Painho trazendo visitas? Quem é? — indagou, curiosa.

— O filho do doutor Salustiano.

— Não faço ideia de quem seja. — Deu de ombros. — Preciso esperá-los ou já posso comer? Estou morrendo de fome. — Esboçou uma faceta para a mãe, e dona Blanca encarou com os olhos semicerrados.

— Vamos esperá-los. Não seja tão mal educada, querida.

— Meu estômago está roncando... — murmurou.

Assim que Aihara terminou de proferir, escutou a porta da casa se abrir e duas vozes masculinas a ressoarem pelo ambiente. Logo, abriu um sorriso e foi em direção a eles, mas parou no lugar ao ver o rapaz que o acompanhava e o quão formoso à vista ele era, porém logo se recompôs, suspirando fundo, aproximando-se.

— Com licença! — E os dois a encararam. — Que bom que chegaram! Estávamos esperando vocês dois para já almoçarmos — disse, sorridente. — O almoço já está posto à mesa — acrescentou, fitando o senhor Alberto e ele riu.

— Lucas, esta é minha filha Aihara — apresentou-a ao rapaz.

— Prazer em conhecê-la, Aihara. — Sorriu.

— Igualmente. — Sorriu de volta, com um pouco de rubor. — É... Pai, podemos... — Apontou para a cozinha.

No mesmo instante, a senhora Blanca se aproximou.

— Não seja tão indiscreta, querida. — Repreendeu-a. —  Seja bem-vindo, Lucas! — Saudou o rapaz e ele sorriu, apertando a sua mão.

— Obrigado pela recepção.

— Se me derem licença... — disse, Aihara, e saiu de fininho para a cozinha. Seu estômago mais uma vez roncou, assim que chegou ao cômodo, e ela suspirou fundo.
Não demorou a começar a pôr sua comida no prato, pois estava faminta.

À medida que ainda conversavam, Aihara já estava terminando sua pequena oração. No momento em que ela começou a abocanhar a comida, saboreando-a, de olhos fechados, escutou a voz de seu pai a chamá-la:

— Aihara! — E ela somente abriu um dos olhos, mirando de soslaio para eles.

— Sim, meu pai.

— Que indelicadeza! Não podia esperar para comermos todos juntos? — Seu pai a olhou, indignado.

— Ah, meu pai! Estava morrendo de fome. Seria terrível se vocês escutassem meu estômago roncar, e ele o fez mais de uma vez — murmurou. — Desculpa, Lucas. Não foi intencional — acrescentou e continuou a comer. — O rapaz riu, com o olhar ainda espantado pela sua atitude. Lucas achou-a indiferente, como alguém que não se preocupa muito com o que os outros vão pensar. Em certo ponto, isso lhe agradou; em outro viu como um defeito. Porém, ainda sim, sua fala não agradou a seu pai. Já sua mãe segurava o riso, afinal via que sua filha era como ela quando mais jovem.

— Ainda teremos uma conversa. — Seu pai a encarou seriamente, porém ela não se sentiu intimidada, pois para ela era só uma visita e nada mais.

Após todos se assentarem à mesa, deram as mãos para fazerem uma breve oração e, assim que estenderam para Aihara, ela os encarou enquanto mastigava o bolo alimentar; e, assim que engoliu, deu as mãos e sua mãe fez o agradecimento pelo alimento. Em seguida, Aihara continuou a comer enquanto Lucas a olhava de vez em quando, tentando desvendá-la, até que Alberto chama a sua atenção:

— Então, Lucas. Pretende seguir a carreira de seu pai como médico? — Quando Aihara ouviu tal questionamento, levantou o seu olhar antes de dar a última garfada, surpresa pela posição de seu pai e dele.

— Estou decidido a isso, a não ser que Deus tenha reservado algo maior para mim.

— Como um missionário talvez? — Aihara lançou e todos a fitaram — falei algo que não devia? — Retraiu-se, e ele apenas deu um meio sorriso.

— Pode ser. Se Deus quiser que eu seja um missionário... — Deu de ombros e pôs-se a comer.

— Eu pretendo ser médica e quero ajudar muitas pessoas com isso no futuro. — Soltou e Lucas a encarou, surpreso, mas nada disse, então Aihara continuou: — Voluntariamente também, pois me imagino fazendo algo do tipo, mesmo que ninguém dê nada por mim por conta do meu jeito de ser — disse e ele se surpreendeu mais uma vez. Em seu psiquê, achava-a diferente de outras moças da sua idade. Havia algo de especial nela, mesmo que com alguns pequenos defeitos visíveis; assim julgou.

— Então busque isso independente do que pensem a seu respeito.

— Eu tenho tentado fazer isso e não é fácil. As vezes soo muito rude e outras vezes com mansidão.

— Bom, ninguém é perfeito. Todos temos defeitos, mas a questão é o que se sobressai: os defeitos ou as qualidades — respondeu, Lucas, levando-a sorrir.

— Às vezes meus defeitos se sobressaem mais — proferiu num sussurro, mas ainda sim ele escutou-a.

— Nada que o Espírito Santo não possa mudar. Isso se você quiser é claro. — E deu-lhe uma piscadela, mas que fora o suficiente para que a face de Aihara ruborizasse.

Logo, eles entraram num imenso diálogo enquanto os pais de Aihara apenas escutaram tudo, calados, lançando olhares um para o outro, ponderando que algo acontecia sem que eles se dessem conta. Além disso, Aihara tinha esquecido de abocanhar o pouco de comida que restara no prato por se distrair ao fazer tantas indagações.

— Vejo que aparentas ser um moço de mui boa índole e que busca verdadeiramente a Deus. Que bom que não és apenas um rostinho bonito. — Aihara proferiu e todo o clima imediatamente mudou, porquanto Alberto a fitou, boquiaberto, assim como a sua mãe, enquanto Lucas baixou o olhar, encabulado com suas palavras. — O quê? — perguntou ao receber olhares irritados.

___________________________

Primeiro capítulo!
O que vocês acharam?

Cada capítulo deixa um ar para várias questões. E tentei deixar esse conto bem descontraído. Espero que tenham gostado. Rsrs

Não se esqueçam de deixar seu voto e/ou comentário.

Deus abençoe. Um abraço a todos!

Tenham foco, força e fé! Espero que a cada cap vcs estejam refletindo.

Onde está a pessoa certa?Where stories live. Discover now