Impiedosamente quebrados

Capítulo dez - Precisando de ajuda

    Eu vou de táxi até ao apartamento do Scott e peço o celular do motorista para ligar para ele. Não tenho um tostão, então só posso contar com Scott para pagar o táxi e me deixar dormir no seu apartamento.

    Porquê ele? Bom, Quentin me traiu, Kathleen não vai aceitar, e não conheço mais ninguém. E isso é muito triste.

    — Alô! — Scott atende completamente irritado. — Quem está ligando?

    — Chloe. — Digo um pouco envergonhada.

    — Que Chloe? — Ele pergunta.

    — Chloe Rogers, imbecil! — Respondo com raiva.

    — Chloe Rogers? Nunca ouvi falar. — Ele está brincando comigo. Não é hora para brincadeiras.

    — Ouve bem, seu maldito idiota, é melhor você descer agora com dinheiro para pagar o táxi antes que eu entre no seu apartamento à força e bata em você até perder a consciência. — Digo e olho para a janela do seu apartamento. Ele está me vendo enquanto fala comigo.

     — Você é um exemplo de educação, sabia? — Ele desliga e sai da janela.

    Fico esperando Scott descer. O motorista está perdendo a paciência. E eu estou descalça, com frio, com fome e com vontade de chorar. Estou me sentindo como se fosse um lixo.

    Scott desce vestindo moletom preto e uma calça preta e paga o meu táxi. Depois olha para mim da cabeça aos pés até seus olhos pararem nos meus.

    — Que porra aconteceu com você? Foi assaltada? — Ele pergunta.

    — Podemos entrar? Eu não quero falar disso aqui. — Olho para meus pés.

     — Está bem.

     Eu sigo ele até ao elevador em silêncio. Agora eu estou com muita vergonha. Sinceramente, depois de tudo, eu não esperava pedir ajuda nele. Ele fez coisas ruins comigo.

    Quando saímos do elevador, entramos no apartamento de Scott e eu vejo uma garota calçando seus saltos altos e endireitando o vestido curto. Claro que ele não estava sozinho.

     — Eu já estou indo. — Ela diz pegando sua bolsa. — Você é incrível, Scott! — Ela se aproxima e beija ele. — Se quiser repetir, me liga.

     Ela olha para mim como se eu fosse vómito e sai fechando a porta. Não quero me importar, mas meu peito está queimando por algum motivo.

     — Então, você recuperou suas peguetes? — Pergunto um pouco incomodada.

    — Não todas. Estou ficando com garotas que não estudam conosco, então não podem saber da falsa doença que você inventou.

     — Adiante! — Eu sento no sofá. — Eu fui expulsa e não tenho onde ficar. — Digo mais envergonhada do que antes.

    — Sério? — Ele ri. — O que você fez?

     — Incendiei a casa da minha mãe de propósito. — Olho para as minhas mãos.

     — Não acredito que você fez isso. Uau! — Ele senta no outro sofá. — Uau! Chloe Rogers!

     — Pára! — Eu tento não chorar. — Ela tirou tudo de mim. Não sei o que fazer.

     — E você veio pedir ajuda num estranho? É isso? — Ele parece estar se divertindo.

     — Não sei mais para onde ir. — Eu choro. — Eu não pensei direito. Não conheço ninguém além dos meus amigos que já não querem saber de mim e pensei que você podia me ajudar. — Digo limpando as lágrimas.